QUANDO
ELA CHEGAR
Carlos
Machado
Ela
vem
Quando
chega
Expõe-nos
de forma caricata.
Corpo
na sala, duro, inerte
Sem
poder de reação
Passam,
olham, comentam
Choram,
riem, lastimam, rezam
Depois
vem a inquirição
No
guarda-roupa, pastas, fotos, cartas, bilhetes,
Rabiscos,
celular, computador, intimidades e adeus segredos.
Quando
ela vier
Não
fite, demoradamente, meu corpo frio e pálido
Passe,
vá embora, pois já fui
Solidão
de cemitério, terra fria
Tempo
cromático, enfisematoso
Coliquativo,
miase cadavérica
Esqueletização,
não, não e não
Nada
de larvas no cadáver putrefato
Toquem
fogo, queimem tudo o que restou
E se ficar uma lembrança, (boa), conserve-a
Se
não, fogo
Chovam
as cinzas num regato
E
deixem que as águas me levem
Sem
medo
Gracejarei
Feliz
renascerei
Longe
dela, sem ela