A morte anda a espreita da vida.
As desculpas para a chegada do último suspiro são variadas, dando a entender
que ações determinam o fim, que poderia ser evitado. Muito se discute sobre as astúcias utilizadas
pela inimiga da vida, mas podemos fugir da nossa sina?
Lembro-me de uma estória, contada
há muito tempo, do sujeito cabeludo, que raspou a cabeça. Careca, o homem foi
para uma festa, local de grande concentração de pessoas para evitar ser
encontrado. Ao ver a entrada da morte – vestida de preto com uma foice-
escondeu-se debaixo de uma mesa. A perseguidora andou pelo local, procurou em
vários cômodos, até que encontrou um careca escondido e disse: “já que não
encontrei o cabeludo que procurava vou levar esse carequinha”. A estória pode
até parecer engraçada, mas não é. É uma ilustração que demonstra ser impossível
evitar a morte.
A História de Mariana e Mateus
foi uma das mais emocionantes que já presenciei. Desde o início, laureada pelo
amor verdadeiro, suplantaram muito sofrimento, perdas, foram incompreendidos,
mas apesar da tenra idade deram uma lição de que o mais belo sentimento pode
superar todos os tormentos, menos a morte.
Amaram-se, foram felizes, não se
desgrudaram. Até ontem, quando a morte, de forma sorrateira, cheia de desculpas
pôs fim a uma das mais belas histórias de amor.
Mariana foi ao encontro dos
filhos, que foram perdidos após uma gestação complicada. Certamente, esse
encontro será intermediado pelos anjos de luz, que acolhem as pessoas que amam
e fazem da vida um habitat de amor.
Mateus vai seguir vivendo, mas
com a eterna lembrança da mulher amada. Muito jovem tem todas as condições de
lutar, de tentar ser feliz, novamente, apesar da perda dolorosa que o
angustiará pelos anos vindouros.
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