quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

HÁ 418 ANOS, O BRILHANTE GIORDANO BRUNO ARDIA NA FOGUEIRA DA INQUISIÇÃO

Em 1600, o ex-frei dominicano Giordano Bruno foi queimado vivo em Roma. Defendia que, como Copérnico havia escrito antes dele nascer, e continuava a ser tabu defender, a Terra era um planeta e gira em torno do Sol. Não só isso, como uma ideia sua e incrivelmente ousada: o Sol era apenas uma estrela, e, como ele, todas as estrelas tinham sistemas planetários. Como a Terra, esses planetas deviam abrigar vida inteligente. Afirmou que a matéria é composta de átomos - uma ideia da Grécia Antiga, mas então muito contestada. E disse que o número de estrelas e o tamanho do Universo são infinitos - esta, uma ideia errada, de acordo com a amplamente aceita teoria do Big Bang. 
Então começam as ideias que o levaram à fogueira, mais do que a astronomia. Para Bruno, Deus não poderia ter encarnado em Jesus porque está em todo lugar. Portanto, Jesus não havia sido um messias, mas um mero "mago", e sua mãe não era virgem. O teólogo também achava ridículo dizer que uma hóstia se transforma na substância de Jesus, portanto Deus, ao ser ingerida - o dogma da transubstanciação. Afinal, tudo já é Deus. E que o Deus que habita na matéria é mais benevolente que o da Igreja: não havia inferno e o próprio Diabo seria perdoado.
Bruno seria acusado de defender os infinitos mundos, mas também de todas essas heresias. Ele tentou ceder em dogmas da igreja, mas não em sua visão cosmológica. Bravo até o fim, ele respondeu à sua condenação com um desafio: "Talvez vocês pronunciem essa sentença com mais medo que eu a recebo". E foi para a fogueira amordaçado, para nada mais dizer.
A visão de mundo do teólogo era irreconciliável com o cristianismo, não só católico. Ainda é. Em 1992, o papa João Paulo II afirmou que o julgamento de Galileu foi um erro. Mas Bruno não tem a menor chance de receber o mesmo tratamento. Foi um verdadeiro herege que nunca foi perdoado e provavelmente nunca será. 
Fonte: Revista Aventuras na História

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