UMA VEZ...
Carlos Machado
Uma vez amei tão intensamente
Que deixei de existir.
O meu mundo deixou de ser meu
e a vida não me
pertencia mais.
O que suponha haver era de outrem
não sabia ser eu e, gostava de não ser, era feliz assim.
Até que um dia
a infantil alegria que me sorria
se desfez como partículas ao vento.
O meu ar deixou de respirar
o meu viver perdeu a inspiração
o terror tocou meu medo
gritos de dor silenciaram a emoção
E o peito expôs os antros do coração.
Confuso num emaranhado de alucinações
psicologicamente atinado por vãs divagações
busquei restaurar a autoestima.
Digladiando com a solidão
tentei reconquistar a sanidade
anulando de dentro da alma a saudade.
Tentativas frustradas dilaceram a realidade
tempo passado engole o presente
e a utopia alegra a
nostalgia permanente.
E assim, vivendo meu mundo de fantasia
quem sabe um dia o destino apronta
e na existência do faz de conta
a fugaz felicidade me assuma de vez
E eu volte a ser meu, outra vez.
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