terça-feira, 31 de março de 2020

A PESTE NEGRA

A peste negra foi uma pandemia, isto é, a proliferação generalizada de uma doença causada pelo bacilo Yersinia pestis, que se deu na segunda metade do século XIV, na Europa. Essa peste integrou a série de acontecimentos que contribuíram para a Crise da Baixa Idade Média, como as revoltas camponesas, a Guerra dos Cem Anos e o declínio da cavalaria medieval.

A Peste Negra tem sua origem no continente asiático, precisamente na China. Sua chegada à Europa está relacionada às caravanas de comércio que vinham da Ásia através do Mar Mediterrâneo e aportavam nas cidades costeiras europeias, como Veneza e Gênova. Calcula-se que cerca de um terço da população europeia tenha sido dizimada por conta da peste.

A propagação da doença, inicialmente, deu-se por meio de ratos e, principalmente, pulgas infectadas com o bacilo, que acabava sendo transmitido às pessoas quando essas eram picadas pelas pulgas – em cujo sistema digestivo a bactéria da peste se multiplicava. Num estágio mais avançado, a doença começou a se propagar por via aérea, através de espirros e gotículas. Contribuíam com a propagação da doença as precárias condições de higiene e habitação que as cidades e vilas medievais possuíam – o que oferecia condições para as infestações de ratazanas e pulgas.

Como ainda não havia um desenvolvimento satisfatório da ciência médica nesta época, não se sabia as causas da peste e tampouco os meios de tratá-la ou de sanear as cidades e vilas. A peste foi denominada “negra” por conta das afecções na pele da pessoa acometida por ela. Isto é, a doença provocava grandes manchas negras na pele, seguidas de inchaços em regiões de grande concentração de gânglios do sistema linfático, como a virilha e as axilas. Esses inchaços também eram conhecidos como “bubões”, por isso a Peste Negra também é conhecida como Peste Bubônica. A morte pela peste era dolorosa e terrível, além de rápida, pois variava de dois a cinco dias após a infecção.

Uma das tentativas de compreensão do fenômeno mortífero da Peste Negra pode ser vista nas representações pictóricas da chamada “A dança macabra”, ou “A Dança da Morte”. As pinturas que retratavam a “dança macabra” apresentavam uma concepção nítida da inexorabilidade da morte e da putrefação do corpo. Nestas pinturas, aparecem sempre esqueletos humanos “dançando” em meio a todo tipo de pessoa, desde senhores e clérigos até artesãos e camponeses – evidenciando assim o caráter universal da morte.

Outro fenômeno da época em que se desencadeou a peste foi a atribuição da causa da moléstia aos povos estrangeiros, notadamente aos judeus. Os judeus, por não serem da Europa e por, desde a Idade Antiga, viverem em constante migração, passando por várias regiões do mundo até se instalarem nos domínios do continente europeu, acabaram por se tornarem o “bode expiatório” das multidões enfurecidas. Milhares de judeus foram mortos durante a eclosão da Peste.

Hoje em dia os surtos pandêmicos são raros, mas várias doenças, como a causada pelo vírus Ebola que se desenvolveu na região da África Subsaariana, ainda oferecem risco de pandemia para o mundo. Por isso é monitorado por centros de investigação epidemiológica internacionais.

Fonte: História do mundo

A GRIPE ESPANHOLA

A Gripe Espanhola se espalhou por várias regiões do mundo como um surto pneumônico muito grave, classificado como pandemia. A doença teria matado milhões de pessoas entre os anos de 1918 e 1919 no mundo inteiro. Trata-se da mais forte pandemia que atingiu os seres humanos até hoje, causada por uma gripe H1N1, do vírus influenza A, porém com um potencial destruidor incomum.

O nome Gripe Espanhola se deve ao fato de vários órgãos de imprensa espanhóis terem divulgado informações sobre a doença. Na época da Primeira Guerra Mundial, a Espanha era classificada como um país neutro e sem envolvimento e, por isso, mantinha uma imprensa livre, sem censura, e podia noticiar com liberdade as informações sobre a pandemia. Conforme a gripe foi se espalhando, ela ficou conhecida como gripe espanhola.

O surto da doença começou, curiosamente, no Texas, nos Estados Unidos, em 1918. Chegou a Nova York em menos de uma semana e, em abril do mesmo ano, já estava na Europa, pegando em cheio o exército da França, dos EUA e da Inglaterra, todos envolvidos no conflito da Primeira Guerra Mundial.

Na sequência, outros países europeus foram tomados pela doença, como Espanha, Grécia, Noruega, Portugal, Dinamarca, Suécia e Holanda, finalizando a primeira onda da gripe, com um pequeno índice de mortes.

Porém, em agosto do mesmo ano, uma nova onda da Gripe Espanhola começou atingindo o ápice entre setembro e novembro, época de temperaturas mais amenas nos países do hemisfério norte, o que teria ajudado a piorar ainda mais os sintomas da gripe provocada nesta ocasião por um vírus bem mais forte do que o que se espalhou na primeira onda.

A segunda fase da Gripe Espanhola atingiu lugares do mundo inteiro, entre eles Estados Unidos, Europa, Japão, América Central, América do Sul, África, China e grande parte da Ásia. O número de mortos foi extremamente elevado.

Outra onda da Gripe Espanhola atingiu diversos países em 1919, sendo a terceira e última ocorrência. A virulência da gripe foi tão grande que se acredita que aproximadamente 50% da população da Terra tenha sofrido de alguma forma com a doença.

Como os dados da época são muito imprecisos, sabe-se que morreram por causa da doença até 40 milhões de pessoas. Foi, sem dúvida, uma das piores ocorrências da história da humanidade até os dias de hoje. 

Fonte: Grupo Escolar

segunda-feira, 30 de março de 2020

O GOLPE MILITAR DE 31 DE MARÇO DE 1964

O golpe de 1964 caracteriza o conjunto de acontecimentos que ocorreram em 31 de março de 1964 no Brasil, que acarretaram, no dia 1º de abril do mesmo ano, a um golpe militar que colocou fim ao governo do presidente eleito João Goulart, também chamado de Jango.

Os militares brasileiros que concordaram com o golpe e, de forma geral, os protetores do regime instalado em 1964 costumam chamá-lo de “Contrarrevolução de 1964” ou “Revolução de 1964”. Todos os demais presidentes militares que vieram depois se declaravam sucessores e continuadores da Revolução.

Por outro lado, a história recente do Brasil preserva a ideia de que o golpe, da mesma forma que a ditadura que o seguiu, não pode ser considerada somente militar, sendo, de fato, civil-militar. De acordo com vários pesquisadores, existiu apoio ao golpe por parcelas significativas da sociedade: a burguesia industrial, proprietários rurais, um grande número das classes médias urbanas e o domínio anticomunista e conservador da Igreja Católica que favoreceu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, feita dias antes do golpe, em 19 de março de 1964.

João Goulart foi democraticamente eleito como vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro, na mesma eleição que levou Jânio Quadro à presidência, pelo Partido Trabalhista Nacional com apoio da União Democrática Nacional. O golpe instituiu um regime nacionalista e autoritário, politicamente filiado aos Estados Unidos, e indicou o começou de um período de grandes mudanças no sistema político do país, bem como na vida social e econômica. O regime militar permaneceu até 1985, quando o primeiro presidente civil do país, Tancredo Neves, foi eleito indiretamente.

Características e objetivos
O golpe de 64 teve como consequência a implantação do sistema militar no Brasil. De acordo com alguns estudos da época, a instauração desse regime aconteceu através de uma mudança essencial na função exercida, até o momento, pelo grupo militar da política do país.

Costumeiramente, as Forças Armadas Brasileiras sempre tiveram a função de um poder mediador. Suas interferências, até o ano de 1964, sempre foram caracterizadas por uma natureza transitória, “monitorando ou destituindo o Poder Executivo, ou até impedindo o rompimento da própria organização”, principalmente diante do progresso de novas classes, outrora excluídos da participação política.

Contudo, em 1964, os exércitos não somente agiram na conquista do poder como também começaram a executa-lo diretamente, implantando um regime centralizador, burocrático e autoritário, de cunho modernizador. Os gastos de um intenso controle de salários e de uma forte acumulação de renda utilizam-se um tipo de desenvolvimento onde o Estado aumenta sua influencia na economia, quer por meio do controle e do planejamento, quer como gerador de investimentos quer como responsável direto na ação produtiva, especialmente em setores considerados estratégicos. Esse tipo de desenvolvimento será apoiado no tripé composto pelo capital privado brasileiro, capital estrangeiro e capital estatal, perante o apoio desse último, originando o chamado “setor atual” da economia.

A ação política-militar de 1964 foi antecedida de importante aliança dos grupos principais e de áreas mais tradicionais das classes médias. Reconhece-se como politicamente tradicionalista, o inverso às mudanças de base nacional-populistas apresentadas por João Goulart e à atuação política de áreas populares, normalmente excluídas do acordo de poder. Porém, na sequência, o novo governo consegue refazer politicamente a classe dos empresários brasileiros, principalmente a parcela ligada ao ramo desenvolvido da burguesia industrial e ligado ao recurso internacional, simultaneamente mantendo seus acordos com as oligarquias clássicas, em um processo chamado de modernização conservadora. Em conjunto a isso, o sistema também analisava o programa reformista de João Goulart, nos setores como educação, reforma agrária e mudança universitária, além de favorecer a nacionalização de empresas como telecomunicações, energia elétrica, petróleo e siderurgia.

Nos anos seguintes houve um importante restabelecimento da economia e tarifas de crescimento, que atingiram 10% no ano, estabelecendo o famoso “milagre econômico”, com ingresso importante de recursos externos, atraídos pela segurança política. O crescimento da dívida externa era uma questão a ser solucionada depois.

Esse desenvolvimento econômico foi, contudo, seguido de restrição aos veículos de comunicação e de forte repressão política, perante a proteção da Lei de Segurança Nacional e do Ato Institucional nº5, estabelecido em 1960, fundamentado pela necessidade de preservar a segurança interna e a estabilidade política no momento em que o mundo estava separado pela Guerra Fria.

Fora a restrição de liberdade de expressão e opinião, de organização e imprensa, desde 1969 ficaram comuns os interrogatórios, as prisões e a crueldade com pessoas consideradas suspeitas de conflito com o governo, simpatizantes ou comunistas, principalmente jornalistas, estudantes e professores. Fora os milhares de prisões, calcula-se que aproximadamente 300 dissidentes morreram. De acordo com a interpretação sustentada pelos militares, a grande parte das mortes teria acontecido em conflito com as Forças Armadas.

Correntes de pensamento do período
João Goulart praticava o uso do nacionalismo trabalhista de Getúlio Vargas, que foi de seu partido, cujos detratores acusavam de ter essência populista, além de possuir intervenção de centro-esquerda. Os militares, alguns da Escola das Américas, seguiam o pensamento reacionário anticomunista da segurança nacional criada no núcleo estratégico das Forças Armadas Brasileiras no Rio de Janeiro, a chamada Escola Superior de Guerra, cuja tendência filosófica adotava a política do National War College a partir do término da Segunda Guerra Mundial e começo da Guerra Fria.

Fonte: Resumo escolar