sexta-feira, 22 de maio de 2020

O NOVO CANGAÇO

Começando com uma contextualização histórica, o cangaço foi uma onda de banditismo e violência que se espalhou principalmente no Nordeste do Brasil, se arrastando até 1940, tendo suas principais ações nas décadas de 20 e 30, pelo famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião. Grupos armados, cercavam as pequenas cidades do nordeste, armados de revólveres, espingardas e rifles como o Winchester .44″, além das típicas “Peixeiras”, facas pontiagudas comuns no Nordeste, para cometerem roubos.

Atualmente o Novo Cangaço serve como denominação para ações de grupos fortemente armados que assolam as pequenas cidades, mas desta vez o fenômeno não se restringe ao Nordeste, de Sul ao Norte do país, qualquer pequena cidade com uma força policial reduzida, está à mercê das ações violentas destes grupos.

A partir de 2010 às manchetes mostram que os “atentados” dobram de frequência anualmente, as ações rápidas envolvendo dezenas de homens equipados com fuzis, pistolas automáticas, coletes a prova de bala, explosivos e mais recentemente as metralhadoras .30” e .50”, com capacidade para atravessar com facilidade os veículos blindados usados no transporte de valores. Ao invés dos cavalos ou jumentos usados pelos antigos cangaceiros, os atuais se deslocam em veículos roubados de grande porte, tipicamente SUVs, como Pajero ou Hilux, não raro esses veículos sofrem adaptações (assim como os antigos cangaceiros personalizavam suas roupas e celas) recebendo chapas de aço que resistem a disparos das armas das forças de segurança, ou mesmo veículos blindados com furos no vidro traseiro, para posicionar as armas de grosso calibre para o ataque aos carros-forte.

Os novos cangaceiros se organizam como se fossem uma força para-militar, com ações coordenadas, os grupos escolhem cidades com poucos policiais, atacam as delegacias ou postos das PM e queimam veículo para bloquear vias de acesso, evitando a resposta das forças de segurança. Posteriormente, partem para bancos que concentram quase que todo o dinheiro das pequenas cidades, fazem dezenas de reféns e os usam como escudo humano, os “cangaceiros” com conhecimentos em explosivos atuam nos cofres, enquanto outros encarregados pela “contenção”, disparam para todos os lados intimidado a população, ação típica de grupos terroristas, onde usam do medo para controlar as pessoas, mesmo que momentaneamente.

Com a relativa impunidade com que têm agido nos últimos anos, os cangaceiros modernos têm expandido suas ações para roubos a veículos de transporte de valores, conhecidos popularmente como “carros-forte”, caminhões com cargas de produtos eletrônicos, e até às próprias empresas de transporte de valores. Suas ações têm sido um enorme desafio para as forças de segurança, que têm dificuldade de rastrear esses criminosos, já que seus ataques são dispersos e praticamente aleatórios, frequentemente atravessando vários estados, se favorecendo da limitação da troca de informações entre as polícias estaduais.

As polícias das pequenas cidades, assim como vigilantes dos bancos e empresas de transporte de valores, também são mal equipadas para enfrentar esses grupos, já que a maioria está armada apenas com pistolas e carabinas em calibre de pistola, que não têm capacidade de perfurar os carros blindados nível IIIA ou coletes balísticos usados por esses criminosos, enquanto o poder de fogo dos cangaceiros é capaz de perfurar os coletes balísticos dos agentes, geralmente nível II ou IIIA, e até mesmo os carros-forte.

Muitos governos estaduais têm investido para lidar com a ameaça do novo cangaço, comprando viaturas blindadas, coletes balísticos nível III(resistente até fuzil 7.62), fuzis e helicópteros, para agilizar o deslocamento de tropas especiais até áreas atacadas pelos cangaceiros, como reforço para as forças locais menos preparadas para “caçar” esses criminosos. Enquanto nas regiões atacadas mais frequentemente pelos cangaceiros, a própria população e comerciantes têm se organizado para arrecadar verbas e adquirir armas e viaturas blindadas para as polícias locais.

Fonte: Blitz Digital

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