sexta-feira, 8 de maio de 2020

TERROR NO CAMPO: O MASSACRE DE ELDORADO DOS CARAJÁS

Em 1995, o acampamento no município Eldorado dos Carajás, localizado no sul do Pará e às margens da Fazenda Macaxeira, foi ocupado por mais de dois mil manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) após o governo afirmar que as terras eram produtivas.

Em pouco tempo, o grupo percebeu que aquelas terras eram, na verdade, improdutivas, o que gerou uma revolta por parte dos trabalhadores. Dessa maneira, decidiram ocupar a fazenda.

Devido ao movimento dos sem-terra, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Inca), anunciou um laudo provando que as terras dos acampamentos eram próprias para o plantio. Entretanto, de acordo com os trabalhadores, o laudo era forjado.

Não obstante, o Instituto de Terras do Estado do Pará prometeu que aceleraria o processo do Inca, mas isso não aconteceu. Em consequência, ocorreu uma manifestação devido à demora da desapropriação do local, que era responsabilidade do governo e das instituições. 

Ao caminhar cerca de 900 quilômetros, os homens marcharam até Belém para lutar por seu propósito. Entretanto, durante o protesto, foram abordados pela polícia local, o que resultou na interrupção da caminhada após a ação violenta das autoridades. Dessa maneira, 19 sem-terra morreram no confronto do dia 17 de abril de 1996 que ficou conhecido como o massacre de Eldorado dos Carajás.

À vista disso, o ato dos policiais resultou em 69 pessoas que foram feridas e apresentaram sequelas dos tiros em diversas partes do corpo. Mais tarde, outras duas pessoas faleceram devido ao confronto, totalizando 21 mortes.

somente dois comandantes que estavam na operação foram condenados. O Coronel Mario Colares Pantoja e o Major Oliveira foram sentenciados a 258 e 158 anos de prisão, respectivamente. Todavia, nenhum policial ou político foi responsabilizado pelo crime.

O massacre de Eldorado dos Carajás não foi um evento isolado e serviu como símbolo das futuras violações dos direitos humanos de camponeses, trabalhadores rurais e povos indígenas.De acordo com um levantamento realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), o ano de 2015 foi o que mais registrou mortes em decorrência desses conflitos, resultando no assassinato de 50 trabalhadores rurais.

Outro estudo aponta que, no Pará, foram registrados cerca de mil assassinatos de trabalhadores, líderes rurais e religiosos durante os anos de 1964 a 2014.


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