Este será um ano importante para a última etapa da Educação Básica, ao
menos se espera. Enquanto a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a
Educação Infantil e Ensino Fundamental já se encontra em processo de
implementação pelas redes de ensino – públicas e privadas, a versão da BNCC
relativa ao Ensino Médio ainda está no Ministério da Educação (MEC), mas em
vias de ser enviada ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Portanto, até aqui
não temos um currículo para o Ensino Médio.
Os números desta etapa são desafiadores, como podemos verificar no Censo
Escolar, recentemente divulgado pelo MEC. O Brasil tem hoje 7.930.384 alunos
matriculados em 28.558 escolas de Ensino Médio, sendo que 71% delas são
públicas. De 2013 para 2017, houve aumento de 3,9% no número de escolas, mas
uma redução no número de matrículas em 4,6%. Isso representa mais de 1.000
novas escolas e uma queda de 400 mil alunos neste período.
A larga maioria das escolas de Ensino Médio está localizada na zona
urbana – 89,7%. Cerca de 80% das escolas de Ensino Médio possuem laboratórios
de informática, e 91% delas têm acesso à internet, enquanto que apenas 45%
possuem laboratórios de ciências. Apesar de estarem localizadas
predominantemente em áreas urbanas, apenas 67% possuem rede de esgoto e 32%
dispõem apenas de fossa.
Hoje, temos cerca de 510 mil professores atuando na última etapa da
Educação Básica, e 93,5% têm nível superior completo. Um dos grandes desafios
está relacionado ao número de professores com formação superior em licenciatura
(ou bacharelado com complementação pedagógica) na mesma área da disciplina que
leciona. Na disciplina de física, por exemplo, apenas 42,6% fazem parte deste
grupo. Em química são 61,3%. Mas, a pior situação encontra-se na disciplina de
sociologia – com apenas 27,1%! Não foi por acaso que o Plano Nacional de
Educação (PNE) dedicou uma das suas vinte metas, a de número 15, para resolver
essa questão até 2024.
O maior desafio, entretanto, é o baixíssimo percentual de alunos que
concluem o Ensino Médio sem o aprendizado adequado em língua portuguesa e em
matemática. Nesta última disciplina, apenas sete de cada 100 alunos
encontram-se nessa situação, incluindo escolas públicas e privadas; em língua
portuguesa, a situação é um pouco melhor, apenas 28.
Também nesta etapa, o abandono escolar a cada ano é de 575 mil alunos –
praticamente, a cada minuto, um aluno abandona a escola de Ensino Médio no
Brasil! O custo direto, sem falar no social, é de aproximadamente R$ 3,3
bilhões, considerando que o custo médio do aluno de Ensino Médio por ano é de
R$ 6 mil.
Por tudo isso, o Ensino Médio representa o maior desafio da Educação
brasileira, sem esquecer que o problema da aprendizagem escolar começa mesmo
nos anos finais do Ensino Fundamental. Assim, urge trabalhar fortemente para
que o país, ainda em 2018, tenha a BNCC aprovada para esta última etapa da
educação básica.
Fonte: Isto é - independente