domingo, 31 de maio de 2020

MOVIMENTO PENTECOSTAL E NEOPENTECOSTAL: DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

O movimento Pentecostal é amplamente conhecido ao redor do mundo e, talvez, um dos movimentos cristãos que mais teve crescimento nos últimos 50 anos. A menção ao Pentecostes, relatado em Atos, em que os discípulos foram cheios do Espírito e falavam em línguas diferentes de maneira que era entendidos/as por todos/as que passavam por Jerusalém naquele tempo é bem clara e, constantemente, o Pentecostalismo faz questão de lembrar essa experiência que se coloca como fundadora desse movimento.

Nos Estados Unidos, é bem conhecido o avivamento da Rua Azuza, que ocorreu em 1906, na cidade de Los Angeles. Esse avivamento teve como característica principal a glossolalia e a liberdade na forma de adoração e foi grandemente responsável pelo envio de diversos/as missionários/as para os países da África e da América Latina.

No Brasil, o Pentecostalismo se dividiu em 3 períodos, também conhecido como ondas. A primeira onda compreende o período a partir de 1910, com a chegada da Congregação Cristã e, posteriormente, com a chegada da Assembleia de Deus, em 1911. A segunda onda começa na década de 50 e início da década de 60, com o surgimento da Igreja do Evangelho Quadrangular, em 1951, Brasil para Cristo, em 1955 e Deus é Amor, em 1962. A terceira onda surge a partir do final da década de 70, com a Igreja Universal do Reino de Deus e, com ela, surge aquilo que é denominado hoje movimento Neopentecostal brasileiro, com seus expoentes tais como a Universal do Reino de Deus, Mundial da Graça e Internacional da Graça de Deus.

Uma das grandes vantagens do movimento Pentecostal foi a de ter sua mensagem evangélica facilmente assimilada e querida pelas classes mais populares, uma vez que, em sua maioria, usam uma linguagem mais simples e trazem uma mensagem mais direta para os problemas reais pelas quais essas comunidades passam. Assim, ao invés de prezarem por estudos teológicos profundos, a maioria das igrejas pentecostais fazem seus cultos com louvores e pregações motivacionais, bem como cultos de cura e libertação, visando trazer algum refrigério para as pessoas que estão em diversas crises financeiras, psicológicas e espirituais.

No caso do movimento Neopentecostal que, como vimos, é fruto do próprio Pentecostalismo, ele também traz em si alguma de suas características, que é o forte apelo popular e capacidade de conseguir a simpatia por parte desse público. No entanto, uma grande diferença dos movimentos Neopentecostais em relação ao Pentecostalismo, de primeira e segunda ondas, é que esses têm como carro-chefe a teologia da prosperidade, que afirma que ser abençoado por Deus é o mesmo que ter bênçãos materiais e prosperidade, estabelecendo uma relação direta entre o beneplácito divino e as ofertas e dízimos que são depositadas no gazofilácio.

Outra característica marcante são os cultos voltados para processos de cura e libertação, em uma luta constante contra, principalmente, as religiões de matrizes africanas, que são consideradas como religiões comandadas por demônios. Em sua maioria, as igrejas neopentecostais não possuem nenhum escopo teológico bem definido, sendo, infelizmente, berço de charlatões/ãs que usam da fé de pessoas simples para tirar delas tudo o que possuem.

Dentre as várias características do movimento Pentecostal e Neopentecostal, duas merecem destaque: a primeira, mais presente nas igrejas pentecostais pertencentes à primeira e segunda ondas é a grande ênfase que esses movimentos dão à literalidade do texto bíblico para assegurar a fidelidade àquilo que entendem ser a vontade de Deus. Ainda que alguns pastores e ministros tragam o texto em suas pregações e tentem trazer à comunidade possíveis aplicações desses textos, a literalidade do texto bíblico e do testemunho ali relatado é visto como fato e não como interpretação. Assim, textos como os relatos da criação do Gênesis, o relato da arca de Noé no dilúvio, torre de Babel, dentre outros são trazidos como fatos escritos sob a revelação divina de como as coisas ocorreram, pois sabem que o autor do texto não estava lá quando esses relatos aconteceram.

A segunda, mais presente no movimento Neopentecostal, é uma visão meio mística a respeito da ação do Espírito. Essa ação é muitas vezes cercada de um misticismo e sincretismo religioso sem tamanho, de maneira que na mesma reunião é possível identificar elementos tirados de diversos lugares, tais como o judaísmo e as religiões pagãs. Esse misticismo e sincretismo são facilmente percebidos nas diversas vassouras ungidas, fitinhas distribuídas, óleos e águas consagradas em Jerusalém que servem como amuletos e proteção contra as forças do mal, e assim por diante. Tudo isso gera uma visão não bíblica e distorcida a respeito do que vem a ser o ensinamento cristão a respeito da ação do Espírito na vida daquele que crê.

Diante disso, saber separar o movimento Neopentecostal do movimento Pentecostal também se torna uma tarefa importante. Ainda que o segundo seja fruto do primeiro, é possível perceber certo distanciamento de um em relação ao outro.

Apesar de suas ambiguidades e distorções, o movimento Pentecostal tem muito a ensinar ao Protestantismo atual ao propor questões que surgem a partir de baixo, no chão da comunidade simples, longe dos gabinetes e escritórios teológicos, que, muitas vezes, produzem uma teologia que mata e tira a liberdade de ação do Espírito. Ao mesmo tempo, esse movimento relativamente jovem, também pode se enriquecer com os aprofundamentos teológicos que surgem por parte das igrejas reformadas, a fim de crescer com consistência e alcançar meios nos quais ainda é visto com certa discriminação.

Fonte: Dom Total.com


sexta-feira, 29 de maio de 2020

BALAIADA: REVOLTA POPULAR NO MARANHÃO

Nas obras que tratam dos primeiros anos da independência política do Brasil, muitos historiadores dão especial destaque ao fato de que os privilégios e desmandos que marcavam o passado colonial não foram superados com o estabelecimento da independência do país. Um dos casos em que tal perspectiva é ainda mais evidente encontra-se na revolta da Balaiada, ocorrida em 1838, no Maranhão.

No século XIX, a economia maranhense atravessou uma forte crise, em grande parte decorrente da concorrência do algodão norte-americano no mercado internacional. Além disso, o estabelecimento da Lei dos Prefeitos – que concedia ao governador o privilégio de nomear os prefeitos municipais – causou outro tipo de atrito onde o mandonismo político acirrou as relações do povo com as instituições governamentais.

Dessa forma, podemos ver que a presença de três líderes nessa revolta, que muito bem representou a situação política ali vivida, impulsionou diversos focos de tensão. Raimundo Gomes, um dos primeiros líderes da revolta, mobilizou um grupo de escravos, vaqueiros e artesãos logo depois de libertar um grupo de vaqueiros aprisionados em Vila da Manga, a mando de um opositor político do patrão daqueles mesmos trabalhadores.

O artesão Manoel dos Anjos Ferreira, conhecido como Balaio, começou a lutar contras as autoridades provinciais depois de acusar o oficial Antônio Raymundo Guimarães de ter abusado sexualmente de suas filhas. Após conquistar vários adeptos, os revoltosos conseguiram controlar a cidade de Caxias, um dos maiores centro comerciais da época. A natureza popular desse movimento em muito ameaçou a estabilidade dos privilégios econômicos daqueles que detinham o poder na época.

Naquele mesmo ano, o negro Cosme Bento de Chagas, contou com o apoio de, aproximadamente, 3 mil escravos fugidos. O grande número de negros envolvidos na revolta deu traços raciais à questão da desigualdade ali colocada. Em resposta aos levantes, o coronel Luis Alves de Lima e Silva foi nomeado para controlar a tensa situação da província.

Em 1841, com farto armamento e um grupo de 8 mil homens, Luis Alves obteve sucesso na contenção dos revoltosos e, por isso, recebeu o título de Conde de Caxias. A desarticulação entre os vários braços revoltosos da Balaiada e a desunião em torno de objetivos comuns, facilitou bastante a ação repressora estabelecida pelas forças governamentais.

Todos os negros fugidos acusados de envolvimento na revolta foram reescravizados. Manoel Francisco Gomes foi abatido durante o movimento de retaliação da revolta. Já o vaqueiro Raimundo Gomes foi expulso do Maranhão e, durante sua deportação para São Paulo, faleceu em uma embarcação. O líder dos escravos, Cosme Bento, foi preso e condenado à forca em 1842.

Fonte: Brasil Escola

quinta-feira, 28 de maio de 2020

A REVOLUÇÃO CUBANA

Desde o seu processo de independência, a ilha de Cuba viveu sérios problemas políticos decorrentes da instalação de governos ditatoriais e a intervenção norte-americana no país. No ano de 1901, quando os cubanos estabeleciam sua primeira carta constitucional, os Estados Unidos promoveram uma ação interventora com a criação da chamada Emenda Platt. Segundo o acordado, esse dispositivo jurídico garantiria aos norte-americanos o direito de interceder nas questões políticas cubanas.

De fato, em várias ocasiões os Estados Unidos realizaram invasões militares que pretendiam garantir a hegemonia do “Tio Sam” na região. Na década de 1950, a penosa situação social e econômica do país foi agravada com a instalação do regime golpista imposto pelo general Fulgêncio Batista (1901 – 1973). Em meio aos desmandos e a subserviência desse governo, um movimento de oposição armada ganhava força dentro de Cuba.

Organizando diversos focos de guerrilha, os combatentes liderados por Ernesto Che Guevara, Fidel Castro e Camilo Cienfuegos conseguiu bater as forças ditatoriais. Acuado pelo movimento revolucionário, Fulgêncio se refugiou na República Dominicana enquanto seus aliados eram fuzilados pelos guerrilheiros. Em janeiro de 1959, Fidel Castro foi aclamado como primeiro-ministro de Cuba e adotou medidas que contrariavam os interesses norte-americanos.

Entre outras ações, o governo revolucionário realizou a nacionalização das refinarias de açúcar, promoveu a reforma agrária e estatizou todo restante do setor industrial controlado pelos Estados Unidos. Inicialmente, os revolucionários tendiam a seguir uma linha política independente da ordem bipolar instalada após a Segunda Guerra Mundial. Contudo, as pressões políticas exercidas pelo governo de John Kennedy acabaram favorecendo a aproximação com o bloco soviético.

Temendo que a experiência cubana inspirasse outras revoluções, o governo norte-americano resolveu criar um programa de cooperação econômica às demais nações americanas conhecido como “Aliança Para o Progresso”. Além disso, os EUA impuseram um embargo econômico que pretendia enfraquecer o novo governo liderado por Fidel Castro. Antes disso, em 1961, os norte-americanos tentaram invadir Cuba no frustrado ataque à baia dos Porcos.

No final de 1962, a aproximação ao bloco socialista estabeleceu a instalação de mísseis soviéticos em Cuba. Tal ação causou uma enorme tensão diplomática com os EUA, que se sentiram ameaçados com a deflagração da chamada “crise dos mísseis”. Após a resolução do conflito, que acabou com a retirada do armamento soviético, o governo cubano tentou apoiar os movimentos guerrilheiros na América Latina. Essa política resultou na morte e execução de “Che” Guevara, em 1967, na Bolívia.

Na década de 1970, o alinhamento junto à URSS promoveu uma grande dependência da economia cubana junto aos socialistas. Duas décadas mais tarde, a crise do bloco socialista exigiu que o governo cubano – durante todo esse tempo controlado por Fidel Castro – remodelasse a economia cubana com a adoção de medidas que viabilizassem a sua recuperação. Apesar desses problemas, esse governo teve grandes avanços nos campos da saúde e na educação.

Nos últimos anos, a situação cubana se mostra indefinida com as pressões políticas favoráveis ao fim do embargo econômico ao país latino-americano. Em 2008, após a saída de Fidel Castro do governo, criou-se uma grande expectativa sobre a remodelação das relações entre Cuba e Estados Unidos da América. Enquanto isso, a experiência revolucionária cubana perde seu valor simbólico mediante as ações que promovem sua gradual abertura política e econômica.

Fonte: Mundo Educação

quarta-feira, 27 de maio de 2020

CORONELISMO

O coronelismo foi uma experiência típica dos primeiros anos da república brasileira. De fato, essa experiência faz parte de um processo de longa duração que envolve aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais do Brasil. A construção de uma sociedade vinculada com bases na produção agrícola latifundiária, desde os tempos da colônia, poderia contar como um dos fatos históricos responsáveis pelo aparecimento do chamado “coronel”.

No período regencial, a incidência de levantes e revoltas contra a nova ordem política instituída concedeu uma ampliação de poderes nas mãos dos proprietários de terra. A criação da Guarda Nacional buscou reformular os quadros militares do país através da exclusão de soldados e oficiais que não fossem fiéis ao império. Os grandes proprietários recebiam a patente de coronel para assim recrutarem pessoas que fossem alinhadas ao interesse do governo e das elites.

Com o fim da República da Espada, as oligarquias agro-exportadoras do Brasil ganharam mais espaço nas instituições políticas da nação. Dessa maneira, o jogo de interesses envolvendo os grandes proprietários e a manutenção da ordem social ganhava maior relevância. Os pilares da exclusão política e o controle dos grandes espaços de representação política sustentavam-se na ação dos coronéis.

Na esfera local, os coronéis utilizavam das forças policias para a manutenção da ordem. Além disso, essas mesmas milícias atendiam aos seus interesses particulares. Em uma sociedade em que o espaço rural era o grande palco das decisões políticas, o controle das polícias fazia do coronel uma autoridade quase inquestionável. Durantes as eleições, os favores e ameaças tornavam-se instrumentos de retaliação da democracia no país.

Qualquer pessoa que se negasse a votar no candidato indicado pelo coronel era vítima de violência física ou perseguição pessoal. Essa medida garantia que os mesmos grupos políticos se consolidassem no poder. Com isso, os processos eleitorais no início da era republicana eram sinônimos de corrupção e conflito. O controle do processo eleitoral por meio de tais práticas ficou conhecido como “voto de cabresto”.

Essa falta de autonomia política integrava uns processos onde deputados, governadores e presidentes se perpetuavam em seus cargos. Os hábitos políticos dessa época como a chamada “política dos governadores” e a política do “café-com-leite” só poderiam ser possíveis por meio da ação coronelista. Mesmo agindo de forma hegemônica na República Oligárquica, o coronelismo tornou-se um traço da cultura política que perdeu espaço com a modernização dos espaços urbanos e a ascensão de novos grupos sociais, na década de 1920 e 1930.

Apesar do desaparecimento dos coronéis, podemos constatar que algumas de suas práticas se fazem presentes na cultura política do nosso país. A troca de favores entre chefes de partido e a compra de votos são dois claros exemplos de como o poder econômico e político ainda impedem a consolidação de princípios morais definidos nos processos eleitorais e na ação dos nossos representantes políticos.

Fonte: Brasil Escola

terça-feira, 26 de maio de 2020

RAINHA DO CANGAÇO: QUEM FOI MARIA BONITA?

Caso você trombasse com Maria Bonita entre os anos 1930 e 1940, enquanto ela perambulava pelo sertão nordestino ao lado de Lampião, você teria uma imagem diferente da que imagina hoje. Dezenas de retratos da cangaceira foram pintados através do tempo, mas qual é o real?

Maria de Déa, como era conhecida ainda em vida, recebeu muitos vocativos, entre eles transgressora e empoderada. Realmente, ela fugiu ao padrão da sua época e quebrou diversas barreiras ao acompanhar Lampião e seu bando.

Para começar, ela era casada quando conheceu o cangaceiro. Esposou-se com 15 anos, com um primo sapateiro. Em pouco tempo, ficou frustrada com sua relação e, um dia, quando Lampião visitou a casa de sua mãe, viu a chance de ficar com o homem internacionalmente famoso.

Até começar a namorar com ele, em 1929, Maria de Déa era uma dona de casa. Cozinhava, bordava, lavava. Deixou essa vida para trás e, em 1930, se tornou a primeira mulher da história do Brasil a viver como cangaceira. 

Maria de Déa vivia com diversas joias, as mais caras do sertão, todas roubadas por Lampião. Em uma mão, carregava anéis em todos os dedos, na outra, empunhava um Colt calibre 38. Seu punhal de estimação tinha 32 cm e era feito de prata, marfim e ônix.

Ao mesmo tempo em que usava uma loção francesa para se perfumar — a mesma que Lampião —, exibia um binóculo alemão e espionava as cidades para seu bando. De vez em quando, trazia pessoas para o cangaço.

Diferentemente das outras mulheres do bando, de forma empoderada, Maria Bonita decidiu, por vontade própria, entrar para o cangaço e acompanhar o cotidiano de Lampião. No entanto, assim como as outras figuras femininas, teve de entregar sua única filha, Expedita, para um fazendeiro, em 1931.

Mas não pense que, por ter sido empoderada no começo, Maria tinha um espírito feminista. Longe disso. Além de ajudar a torturar as vítimas de seu companheiro — por vezes, ela arrancava os brincos das mulheres até rasgar seus lóbulos — ela apoiava fortemente o assassinato mulheres adúlteras. 

Maria, de fato, impediu que Lampião matasse muita gente. Mas também teve seu saldo quando as contas chegaram. Dona de uma risada alta, odiada por Dadá, sua eterna rival, a cangaceira vivia sob as regras do sertão nordestino. Em um dia, usava seda e joias delicadas, no outro, para andar pelas terras, usava botas de peles de animais.

O grupo funcionava com uma lógica de divisão de tarefas — ao contrário de sua vida de dona de casa. No cangaço, costurar, lavar e cozinhar eram obrigações de todos, fossem homens ou mulheres. Mesmo assim, via a diferença entre os sexos quando o assunto era brilhar no cangaço.

Por mais que possuísse suas armas e sua habilidades, Maria de Déa via o resto das mulheres mal encostando em armas. Naquela narrativa, as cangaceiras eram coadjuvantes, mal sabiam atitar. Quem fazia sucesso e aparecia em capas de jornais eram os homens.

A diferença entre os gêneros, entretanto, não impediu que Maria de Déa fosse morta de forma fria e impiedosa, assim como todos os outros cangaceiros. Viu de perto, com 28 anos, o dia em que o bando de Lampião foi dizimado em uma emboscada policial. 

No dia 28 de julho de 1938, o dia estava começando. Os cangaceiros acordavam, o cheiro de café pairava no ar. De repente, enquanto segurava uma bacia em suas mãos, Maria foi atingida por uma bala no abdômen.

Caída no chão, agonizando, assistiu de camarote quando um soldado degolou seu marido para, em seguida, ter o mesmo fim. Seu corpo, no entanto, teve outro destino. Enquanto as cabeças dos onze cangaceiros — incluindo a dela — foram depois expostas ao público, em Maceió, o corpo de Maria Bonita foi abandonado com as pernas abertas e um pedaço de madeira enfiado na vagina.

Foi aí, depois de sua morte, que Maria de Déa recebeu outro apelido. Seu nome, que antes era em referência à sua mãe, chamada Déa, passou a ser outro. Nasceu, então, Maria Bonita.

Fonte: Aventuras na História

segunda-feira, 25 de maio de 2020

GUERRA DAS MALVINAS: A DISPUTA ENTRE ARGENTINA E REINO UNIDO

O aniversário de 30 anos da Guerra das Malvinas reacendeu a memória de um conflito que divide até hoje argentinos e britânicos. Em fevereiro, o governo argentino pediu a reabertura de negociações sobre a soberania das ilhas e acusou o Reino Unido de militarizar a área após o envio de um navio britânico.

A campanha pela retomada das negociações ganhou o apoio do argentino Adolfo Pérez Esquivel, que lidera um documento assinado por um grupo de seis prêmios Nobel da Paz. Já o Reino Unido, onde o arquipélago é conhecido como Falklands, prepara uma comemoração discreta para lembrar as três décadas em que venceu o conflito.

A guerra começou em 2 de abril de 1982 após a Argentina invadir o arquipélago que considera sua extensão territorial histórica. O país entende que, ao se tornar independente em 1822, passou também a controlar as ilhas, que pertenciam aos espanhóis. Já os britânicos afirmam que dominam a região desde 1833, quando ocuparam e colonizaram o arquipélago.

Para os historiadores, o início da guerra foi a arma do ditador argentino, general Leopoldo Galtiere, para dar fôlego ao governo militar, já agonizante no país. A então primeira-ministra britânica Margareth Thatcher, que enfrentava uma crise de popularidade, reagiu com força.

No final de abril, 28 mil soldados em 100 navios chegaram ao arquipélago para defender seus 1.800 habitantes, considerados por Thatcher parte da “tradição e reserva britânica”. A Argentina contava com uma tropa com 12 mil soldados nas ilhas e cerca de 40 navios.

No dia 2 de maio, os britânicos afundaram o navio argentino General Belgrano, matando todos os 326 tripulantes. Dois dias depois, a embarcação britânica HMS Sheffield foi atingida por um míssil Exocet e afundou deixando 20 mortos.

A guerra, que durou 75 dias, só acabou em 14 de junho, com a rendição dos argentinos. Ao todo, 258 britânicos e 649 argentinos morreram no conflito.

As relações diplomáticas entre o Reino Unido e a Argentina só foram retomadas em 1990, mas ainda há rusgas. Desde então, o governo argentino mantém uma reivindicação pacífica das ilhas, mas o Reino Unido diz que a soberania do território não está em negociação.

Cerca de mil soldados britânicos patrulham as Malvinas e estão envolvidos em ações como construção de estradas e monitoramento de campos minados.

Exceto pela defesa, os cerca de 2,9 mil moradores da ilha atualmente são autossustentáveis. A venda de licenças para pescar garante boa parte da arrecadação, mas a agricultura também é importante. O Reino Unido explora a área ainda em busca de petróleo.

O turismo também vem crescendo ao longo dos anos no arquipélago, que recebe cerca de 5 mil cruzeiros por ano de turistas interessados na rica diversidade marinha e nas colônias de pinguins.

Fonte: G1.com

domingo, 24 de maio de 2020

NAVIO QUE NAUFRAGOU EM 1533, CHEIO DE OURO, FOI DESCOBERTO NO DESERTO DA NAMÍBIA

Uma empresa da indústria mineira descobriu um navio português do século XVI, no deserto da Namíbia, com um tesouro de moedas de ouro de valor incalculável. Tesouro de cuja propriedade o governo português “generosamente” abdicou em nome da Namíbia.

Os arqueólogos que têm estudado os destroços do navio português, que se terá afundado em 1533, falam da mais importante descoberta dos últimos anos, em termos de naufrágios. Isto não apenas por causa da antiguidade dos vestígios, mas também pelo seu excelente estado de preservação.

O navio foi identificado como sendo “O Bom Jesus” que partiu de Lisboa, em 1533, rumo a Goa, na Índia, transportando a bordo um verdadeiro tesouro de moedas de ouro, mas também estanho, cobre e marfim, além de cerca de 300 pessoas, entre marinheiros, soldados, padres, nobres e escravos.

Entre as moedas de ouro portuguesas e espanholas, foram encontrados canhões de bronze, lingotes de cobre, instrumentos de navegação, talheres, utensílios de cozinha em cobre, espadas e mosquetes e cinco âncoras, além de outros artefactos de valor cultural e científico.

Capitaneado por D. Francisco de Noronha, o navio terá naufragado ao largo da costa da Namíbia, depois de ter possivelmente tentado atravessar o temido Cabo da Boa Esperança.

Os primeiros destroços do navio foram encontrados, em 2008, por geólogos de uma companhia mineira, mas o achado só foi revelado por completo depois de se ter procedido à drenagem de uma lagoa feita pelo homem para tornar a extracção de minerais possível numa zona marcada pela elevada força das ondas.

O navio demorou séculos a ser descoberto por se encontrar enterrado por baixo do leito do mar, conforme explica o arqueólogo Dieter Noli em declarações à Fox News.

Este elemento do Instituto de Pesquisa Arqueológica Marítima da África do Sul constata que os destroços estão num estado de “preservação excelente”, considerando que é “uma situação extremamente invulgar”.

O arqueólogo também relata à cadeia de televisão norte-americana que o tesouro de valor incalculável – só as moedas de ouro valerão 13 milhões de dólares, segundo a Fox News – fica para o governo da Namíbia.

Noli explica que quando se encontra “um navio de estado” em território de outro país, os vestígios ficam para “o país sob cuja bandeira o navio navegava”.

“Neste caso, o navio pertencia ao Rei de Portugal, transformando-o num navio de estado – com o navio e todo o seu conteúdo pertencendo a Portugal.

Contudo, o Governo português, muito generosamente, renunciou a esse direito, permitindo à Namíbia ficar com o lote”, destaca o arqueólogo.

As autoridades locais, juntamente com a equipa de arqueólogos que continua a trabalhar no terreno, estarão agora a equacionar erguer um museu para mostrar ao público a extraordinária descoberta.

Quanto ao naufrágio ocorrido em 1533, as causas devem ter sido uma tempestade numa zona considerada muito perigosa pelos navegadores portugueses. Noli ainda adianta que o excesso de carga pode também ter ajudado para o desfecho trágico.

Fonte:Zap aeiou

sábado, 23 de maio de 2020

O CONFLITO NA IRLANDA DO NORTE E A ATUAÇÃO DO IRA

As rivalidades entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte remontam ao século 17. É uma história de confrontos que opõe, de um lado, a maioria dos irlandeses - protestantes, unionistas, identificados com os interesses do domínio britânico - e, de outro, a minoria - católicos, nacionalistas, que atrelam sua identidade nacional à resistência religiosa, lutando pelo fim da dominação inglesa sobre o Ulster e a posterior unificação com a vizinha República da Irlanda.

No século 19, a Irlanda foi integrada ao Reino Unido da Grã-Bretanha por meio da assinatura do Union Act. No início do século 20, surge o movimento nacionalista que luta pelo fim do domínio britânico sobre a ilha. Esse movimento de resistência levará ao surgimento do Estado Livre da Irlanda ou Eire, em 1922. Mas a Irlanda do Norte ou Ulster continuará fazendo parte do Reino Unido.

Foi a partir do final dos anos 60 que as hostilidades se agravaram. Em 1969, o governo britânico ocupou militarmente o Ulster e, em seguida, dissolveu o Parlamento de Belfast, assumindo as funções políticas e administrativas. Em 1972, mais de uma dezena de jovens irlandeses católicos foram mortos no Domingo Sangrento. Em 30 anos de conflito, cerca de 3.600 pessoas morreram na Irlanda.

A seguir, uma sucessão de atentados terroristas praticados pelo IRA indicava a radicalização do conflito. Protestantes da Força Voluntária do Ulster, grupo paramilitar unionista, responderam com a mesma violência ao radicalismo católico.

Só em 1991, por iniciativa de ingleses e norte-americanos, iniciou-se uma rodada de negociações com a participação dos partidos do Ulster e do governo de Londres. Como o Sinn Fein - braço político do IRA - foi excluído das conversações, o diálogo fracassou.

Finalmente, em 1998, Tony Blair (premiê inglês), Gerry Adams (Sinn Fein) e David Trimble (unionista), com a participação do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, assinaram o Acordo do Ulster, que concedia mais autonomia ao país.

Fonte: Folha On Line

sexta-feira, 22 de maio de 2020

O NOVO CANGAÇO

Começando com uma contextualização histórica, o cangaço foi uma onda de banditismo e violência que se espalhou principalmente no Nordeste do Brasil, se arrastando até 1940, tendo suas principais ações nas décadas de 20 e 30, pelo famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião. Grupos armados, cercavam as pequenas cidades do nordeste, armados de revólveres, espingardas e rifles como o Winchester .44″, além das típicas “Peixeiras”, facas pontiagudas comuns no Nordeste, para cometerem roubos.

Atualmente o Novo Cangaço serve como denominação para ações de grupos fortemente armados que assolam as pequenas cidades, mas desta vez o fenômeno não se restringe ao Nordeste, de Sul ao Norte do país, qualquer pequena cidade com uma força policial reduzida, está à mercê das ações violentas destes grupos.

A partir de 2010 às manchetes mostram que os “atentados” dobram de frequência anualmente, as ações rápidas envolvendo dezenas de homens equipados com fuzis, pistolas automáticas, coletes a prova de bala, explosivos e mais recentemente as metralhadoras .30” e .50”, com capacidade para atravessar com facilidade os veículos blindados usados no transporte de valores. Ao invés dos cavalos ou jumentos usados pelos antigos cangaceiros, os atuais se deslocam em veículos roubados de grande porte, tipicamente SUVs, como Pajero ou Hilux, não raro esses veículos sofrem adaptações (assim como os antigos cangaceiros personalizavam suas roupas e celas) recebendo chapas de aço que resistem a disparos das armas das forças de segurança, ou mesmo veículos blindados com furos no vidro traseiro, para posicionar as armas de grosso calibre para o ataque aos carros-forte.

Os novos cangaceiros se organizam como se fossem uma força para-militar, com ações coordenadas, os grupos escolhem cidades com poucos policiais, atacam as delegacias ou postos das PM e queimam veículo para bloquear vias de acesso, evitando a resposta das forças de segurança. Posteriormente, partem para bancos que concentram quase que todo o dinheiro das pequenas cidades, fazem dezenas de reféns e os usam como escudo humano, os “cangaceiros” com conhecimentos em explosivos atuam nos cofres, enquanto outros encarregados pela “contenção”, disparam para todos os lados intimidado a população, ação típica de grupos terroristas, onde usam do medo para controlar as pessoas, mesmo que momentaneamente.

Com a relativa impunidade com que têm agido nos últimos anos, os cangaceiros modernos têm expandido suas ações para roubos a veículos de transporte de valores, conhecidos popularmente como “carros-forte”, caminhões com cargas de produtos eletrônicos, e até às próprias empresas de transporte de valores. Suas ações têm sido um enorme desafio para as forças de segurança, que têm dificuldade de rastrear esses criminosos, já que seus ataques são dispersos e praticamente aleatórios, frequentemente atravessando vários estados, se favorecendo da limitação da troca de informações entre as polícias estaduais.

As polícias das pequenas cidades, assim como vigilantes dos bancos e empresas de transporte de valores, também são mal equipadas para enfrentar esses grupos, já que a maioria está armada apenas com pistolas e carabinas em calibre de pistola, que não têm capacidade de perfurar os carros blindados nível IIIA ou coletes balísticos usados por esses criminosos, enquanto o poder de fogo dos cangaceiros é capaz de perfurar os coletes balísticos dos agentes, geralmente nível II ou IIIA, e até mesmo os carros-forte.

Muitos governos estaduais têm investido para lidar com a ameaça do novo cangaço, comprando viaturas blindadas, coletes balísticos nível III(resistente até fuzil 7.62), fuzis e helicópteros, para agilizar o deslocamento de tropas especiais até áreas atacadas pelos cangaceiros, como reforço para as forças locais menos preparadas para “caçar” esses criminosos. Enquanto nas regiões atacadas mais frequentemente pelos cangaceiros, a própria população e comerciantes têm se organizado para arrecadar verbas e adquirir armas e viaturas blindadas para as polícias locais.

Fonte: Blitz Digital

quinta-feira, 21 de maio de 2020

UM DOS DITADORES GENOCIDAS MAIS CRUÉIS DA HISTÓRIA MODERNA – POL POT (1925 – 1998)

O líder do Khmer Vermelho e ditador do Camboja de 1975 a 1979 foi diretamente responsável por um dos mais graves genocídios da história moderna.

O genocídio cambojano foi realizado pelo regime do Khmer Vermelho liderado por Pol Pot entre 1975 e 1979, no qual morreram entre um e meio a três milhões de pessoas. A guerra civil do Camboja resultou no estabelecimento da Kampuchea Democrática pelo Khmer Vermelho vitorioso, que planejava criar uma forma de socialismo agrário baseada nos ideais do estalinismo e do maoísmo. Políticas subsequentes resultaram no deslocamento forçado da população urbana, tortura, execuções em massa, trabalho forçado, desnutrição e doenças que mataram aproximadamente 25% da população total (mais de 2 milhões de pessoas). O genocídio terminou em 1979 após a invasão vietnamita do Camboja. Até 2009, foram descobertas 23.745 valas comuns.

Ao contrário de outros genocídios ou conflitos, ninguém estava livre de ser declarado um inimigo do Estado. Mesmo se alguém fosse considerado do lado correto, isso podia mudar no dia seguinte – muitos membros do Khmer Vermelho também foram mortos durante os expurgos.

Crianças e bebês não estavam livres de sua crueldade; muitas vezes observou-se que “para eliminar as ervas daninhas também temos que erradicar as raízes”. Qualquer pessoa afiliada ao regime de Lon Nol ou ao exército também foi morta imediatamente.

Nenhuma evidência era necessária para enviar uma pessoa à prisão e as pessoas muitas vezes fabricavam suas confissões de vários crimes, acreditando que isso acabaria com seu tormento. Na verdade, na maioria das vezes elas eram executadas assim que forneciam uma lista nova com o nome das pessoas que deviam ser presas.

Inicialmente, as execuções não eram necessárias: a fome servia como uma ferramenta eficaz para eliminar populações indesejáveis, mas como mais e mais pessoas eram enviadas à prisão, o Khmer Vermelho implementou um sistema de “campos de extermínio”, estabelecendo centenas deles por todo o Camboja.

À medida que o genocídio avançava, a sobrevivência era determinada pela capacidade de trabalhar em fazendas coletivas. Isso significou que muitos dos idosos, deficientes, doentes e crianças do Camboja tornaram-se alvo devido à sua incapacidade de fazer trabalho manual duro.

Foram abolidos o dinheiro, os mercados livres, as escolas, a propriedade privada, os estilos estrangeiros de roupas, as práticas religiosas e a cultura tradicional, e os edifícios como escolas, templos e propriedades governamentais foram convertidos em prisões, estábulos, campos e celeiros.

As relações familiares foram fortemente criticadas e os seguidores do Khmer Vermelho insistiram em que todos considerassem “Angkar” (traduzida para A Organização, referindo-se ao nível mais alto do regime) como sua mãe e seu pai. As crianças-soldados eram uma grande ferramenta do Khmer Vermelho, pois eram fáceis de controlar e seguiam as ordens sem hesitação, ao ponto de que muitos foram forçados a atirar em seus próprios pais.


Fonte: epochtimes.com.br

quarta-feira, 20 de maio de 2020

OS ASSASSINATOS MACABROS DE CHARLES MANSON E SUA “FAMÍLIA”

Charles Manson e seu clã, conhecido como "A Família", foram responsáveis ​​pelo episódio mais cruel e sanguinário da história de Hollywood, que continua a ser chocante. Manson era um músico excêntrico, um aficionado por LSD, carismático, emocionalmente desequilibrado e ansioso pela fama e grandeza. Este combo explosivo permitiu que ele formasse ao seu redor uma espécie de harém de mulheres entregues ao seu controle, além de inúmeros seguidores dispostos a realizar seus planos macabros.

Seu desequilíbrio mental levou-o a pensar que os Beatles transmitiam mensagens sobre o fim do mundo através do "The White Album" (1968) e a música "Helter Skelter" foi associada ao crime cometido por "A Família" que matou, entre outras vítimas, Sharon Tate. 

Foi assim que, em 9 de agosto de 1969, no luxuoso bairro de Beverly Hills, Los Angeles, quatro membros da "Família" entraram em uma mansão para executar a ordem de seu líder. Ali encontravam-se a atriz Sharon Tate, símbolo de seu tempo e esposa do diretor de cinema Roman Polanski, que estava grávida de oito meses e meio, ao lado de seu cabeleireiro e outros três amigos. Os membros do clã (Susan Atkins, conhecida como Sexie Sadie, Patricia Krenwinkel, Leslie van Houten e Tex Watson) não tiveram piedade: atiraram e esfaquearam os cinco. Quando a polícia de Los Angeles chegou à cena, eles encontraram, juntamente com os corpos, os muros da mansão escritos com o sangue das vítimas.

Apenas dois dias depois, um casal que vivia ao lado da mansão de Tate e Polanski também foram mortos. Entre as causas alegadas do assassinato, alguns pesquisadores mencionam que a mansão onde os eventos aconteceram tinha pertencido antes a Ferry Melcher, um produtor musical que havia rejeitado uma gravação de Manson, que, por sua vez, teria planejado isso como uma bizarra vingança. Outro fator teria sido a obsessão de Manson com Sharon Tate, de quem ele disse, 45 anos após o assassinato, "vou me manter fiel a ela enquanto viver".

Manson, que na época foi condenado à morte por esses crimes e outros dois assassinatos, mas cuja sentença foi mudada para prisão perpétua em 1972, vivia na prisão de Corcoran, na Califórnia.

Fonte: br.historyplay.tv

terça-feira, 19 de maio de 2020

O QUE FAZ DE JERUSALÉM UMA CIDADE TÃO SAGRADA E DISPUTADA

Árabes e judeus travam uma intensa disputa desde o começo do século 20 para transformar Jerusalém em capital da Palestina e de Israel, respectivamente. Mas esse conflito, que faz do Oriente Médio um centro permanente de tensão, é apenas mais um capítulo de uma história que mescla confrontos por território e heranças sagradas há milênios.

Jerusalém já foi ocupada, destruída, sitiada, atacada e capturada muitas vezes por diferentes povos, entre eles egípcios, babilônios, romanos, árabes e judeus em cerca de três mil anos de história. Também foi santificada por cristãos, judeus e muçulmanos, que veem na cidade o berço dessas religiões.

A aparente convivência harmônica entre os bairros judaico, mulçumano, cristão e armênio na Cidade Velha, cercada por muros em Jerusalém Oriental, contudo, não é um indicativo de que o atual confronto está perto do fim.

Mas como essa cidade de 150 quilômetros quadrados, área pouco menor que a de Natal, capital do Rio Grande do Norte, tornou-se a mais sagrada e disputada do mundo por tantos milênios?

Heranças religiosas

Jerusalém foi erguida no alto do Monte Moriah. Para os cristãos, esse foi o palco da paixão de Cristo, onde Jesus foi crucificado, morto e sepultado. Para os muçulmanos, é o lugar onde o profeta Maomé ascendeu aos céus. Já segundo a tradição judaica, a cidade fundada pelo rei Davi é o local onde foi construído um templo guardar a Arca da Aliança, onde estariam as tábuas dos Dez Mandamentos.

Por isso, até hoje Jerusalém atrai peregrinos de diferentes religiões em busca de lugares sagrados. Na Cidade Velha, é possível percorrer, por exemplo, as 14 estações pelas quais se acredita que Jesus passou carregando a cruz até Igreja do Santo Sepulcro; visitar a mesquita de Al-Aqsa e se deslumbrar com a Cúpula da Rocha; e, ainda, depositar votos de fé no Muro das Lamentações, um pedacinho do Templo de Jerusalém erguido por Herodes e cercado por sinagogas.

Disputas por território

Parte das disputas na região está relacionada à crença de fiéis de que seus antepassados chegaram primeiro à região onde hoje fica Jerusalém ou mesmo de que a ligação com a cidade é mais legítima. Apesar de haver indícios de que o local já era habitado em 3200 a.C., ninguém sabe ao certo quem foram os primeiros a ocupá-lo.

A história de conflitos na região envolveu, no fim do século 7a.C. egípcios e assírios e, em séculos seguintes, babilônios e persas, gregos, romanos, turcos e otomanos.

Os confrontos forçaram a diáspora judaica e Jerusalém foi controlada por muçulmanos por séculos a fio até o final da 1ª Guerra Mundial e o fim do Império Otomano. A partir daí, franceses e britânicos ocuparam a região, redefinindo fronteiras.

O confronto entre judeus e palestinos

No começo dos anos 1920, a região da Palestina passou a ficar formalmente sob o comando do Reino Unido e, com apoio dos britânicos, judeus de todas as partes do mundo começaram a voltar à Terra Santa, migrando para o território do atual Estado de Israel.

Jerusalém foi capital do Mandato Britânico da Palestina até 1948. Um ano antes, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) decidiu pelo plano de partilha da Palestina entre um Estado árabe e outro judeu, Jerusalém foi designada como "corpus separatum" (corpo separado), sob controle internacional. O plano, porém, não chegou a ser implementado.

Em 1948, foi declarada a Independência do Estado de Israel e, logo em seguida, a guerra árabe-israelense. Ao final daquele conflito, Jerusalém foi dividida, com a parte ocidental sob controle de Israel e a parte oriental controlada pela Jordânia.

Depois da Guerra de Seis dias de 1967, Israel capturou a parte oriental da cidade e, desde então, vem construindo assentamentos em Jerusalém Oriental. Esses assentamentos são considerados ilegais pela comunidade internacional, posição que é contestada pelo governo israelense.

Os palestinos, por sua vez, reivindicam que Jerusalém oriental é a capital palestina. Esse pleito faz parte das tratativas de acordo de paz para tentar criar um Estado palestino ao lado de Israel.

Estima-se que um terço da população de Jerusalém seja composto por palestinos e muitos são de famílias que estão na região há séculos.

Enquanto árabes e judeus enfrentam dificuldades de executar o plano de partilha da Palestina conforme determinado pela ONU, as ações militares na região nunca cessaram.

Fonte: G1.Globo

segunda-feira, 18 de maio de 2020

A RELIGIÃO DO POVO MAIA

Os maias, ao serem influenciados pela tradição cultural dos povos olmecas, difundiram uma concepção de mundo onde a contagem cíclica do tempo era fundamental. A observância do movimento dos astros e dos fenômenos climáticos trazia ao pensamento religioso maia uma noção de que os fenômenos eram marcados por uma repetição. A circularidade temporal influenciava, até mesmo, a origem do homem na terra.

Segundo o Popol Vuh, livro sagrado dos maias, os deuses criaram primeiro os seres que não possuíam consciência de si e, por isso, não poderiam adorá-los. O homem surgiu após dois grandes dilúvios, que varreram as primeiras versões humanas feitas a partir de barro e madeira. Na terceira e última tentativa, os deuses resolveram criar o homem a partir do milho, ofereceram a ele a consciência de si e seu sangue foi obtido dos próprios deuses. Para merecerem a dádiva de sua própria existência, os homens deveriam reverenciar os deuses.

O mundo terreno seria a base de outros 13 extratos celestiais que representariam uma escada que conduziria os indivíduos à morada dos deuses. Os templos maias, inspirados nesta escada para o céu, possuíam degraus que alcançavam um determinado topo. Durante os rituais religiosos, a subida do sacerdote ao topo do templo representava a aproximação destes homens com os deuses. Segundo a cosmogonia maia, o mundo era plano e dividia-se entre quatro regiões de diferentes cores.

Além da realizada terrena e celestial, os maias também acreditavam na existência de um submundo habitado pelos mortos. Ah Puch, O Descarnado, era a divindade que controlava esse local. O principal deus dos maias era Itzmana, considerado o rei dos céus. Ixchel, esposa de Itzmana, era uma deusa responsável pelas chuvas e também pelas inundações. Os maias ainda faziam reverências a outros deuses e elementos da natureza.

Os rituais religiosos eram de suma importância para os maias. Sem essas manifestações, os deuses e o universo poderiam vir a desaparecer. Além de preservar a existência do mundo espiritual, os rituais também deveriam apaziguar as divindades com o oferecimento de flores e alimentos. Outro importante aspecto dos rituais religiosos dos maias envolvia o oferecimento de sacrifício humano e animal. A principal importância do sacrifício era a oferenda do sangue, que saciaria a fome dos deuses.

Em geral, um escravo, um inimigo de guerra ou uma virgem eram utilizados durante os sacrifícios humanos. Os sacrificados poderiam ter seu coração extraído, ser executado à flechadas ou afogado em um rio. Durante alguns rituais, a cabeça de um sacrificado era utilizada para a prática de um jogo que representava o movimento e a importância dos astros na manutenção do equilíbrio universal.

Nas cidades maias eram erguidos templos de adoração. Neles ocorriam grandes celebrações públicas que marcavam diferentes épocas do calendário maia. O ano novo, por exemplo, era celebrado por uma diversidade de ritos que faziam referência ao nascimento e à fertilidade.

É importante também citar os rituais funerários, que indicavam a crença maia na vida após a morte. Os mortos eram preparados para uma espécie de viagem para uma outra existência. Nas sepulturas eram colocados alimentos e utensílios pessoais que, segundo a religião maia, poderiam ser utilizados pelo morto durante a sua viagem. Em alguns casos, escravos e mulheres eram juntamente sacrificados para acompanhar o morto durante sua jornada.

Fonte: Brasil Escola

domingo, 17 de maio de 2020

BRASIL TEVE PENA DE MORTE POR MAIS DE 300 ANOS

Até subir ao patíbulo, no dia 28 de abril de 1876, nem o próprio Francisco acreditava que seria enforcado. Segundo descreveu, na época, o jornal Diário de Alagoas, “o réu condenado à pena de morte portava-se na cadeia com alguma intrepidez; dizia que não morreria enforcado”.

Escravo, dois anos antes Francisco havia assassinado o capitão João Evangelista de Lima e sua mulher, Josefina. Ao cometer o crime, fora auxiliado por dois escravos do morto, Prudêncio e Vicente. O primeiro morreu quando foi preso. O segundo, ao que parece, foi condenado à forca, mas acabou indo para a prisão perpétua.

O confiante Francisco não teve a mesma sorte. Escoltado por 32 soldados, percorreu as principais ruas da cidade de Pilar de Alagoas até chegar à forca. Lá, exatamente às 13 horas, cumpriu sua pena.

Aquela foi a última vez em que uma sentença de morte foi cumprida no Brasil. A pena capital já vinha sendo pouco usada no país desde meados de 1850 e, depois da sentença de Francisco, ela desapareceu. Embora tenha continuado a existir na legislação até o começo da República, Pedro II garantiu que ela não fosse mais aplicada. Era o fim de mais de três séculos de enforcamentos, fuzilamentos e degolas, que começaram quando o Brasil ainda era uma colônia de Portugal e estava sujeito às normas daquele país.

Embora as leis da colônia sejam conhecidas, não há muita documentação sobre o modo como a pena de morte era aplicada naquela época, nem números precisos sobre a quantidade de pessoas executadas. O que ficou, na maioria das vezes, foram relatos de casos famosos, como os ligados a lutas contra a Coroa Portuguesa. “Já no Império, além da documentação estar mais completa, havia os jornais dando as notícias de execuções, uma fonte imprescindível”, diz o historiador João Luiz Ribeiro, especialista no assunto.

Segundo ele, entre 1833 e 1876, só em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, ao menos 230 pessoas receberam a pena de morte – há dúvida sobre outras 180 que podem ter sido mortas da mesma forma. Nessas três províncias, 643 condenados à morte viram sua pena se transformar em prisão perpétua – a partir de 1876, isso se tornaria regra. As penas de morte no Império costumavam ser transformadas em “galés perpétuas” (trabalhos forçados até a morte).

Crueldade colonial

A pena capital chegou ao Brasil pouco depois de Cabral. Naquela época não existiam julgamentos: as execuções, geralmente, eram sumárias. Em 1530, ano da chegada da primeira expedição de ocupação vinda de Portugal, liderada por Martim Afonso de Souza, começaram os assassinatos feitos em nome do Estado. Um dos primeiros ocorreu por causa do fidalgo português Pero Lopes Souza.

Irmão de Martim Afonso, ele estava alojado numa fortaleza em Pernambuco que foi atingida por duas flechas. Ele não se feriu, mas, desconfiado dos franceses que habitavam a região, mandou que todos eles fossem presos e enforcados. A execução coletiva só parou quando dois dos estrangeiros assumiram a culpa.

No início do século 16, quem recebia sentenças de morte eram principalmente índios, piratas, traficantes, hereges e invasores franceses – naquela época, a maioria da população podia ser encaixada em (pelo menos) uma dessas categorias. Ainda no ano de sua fundação, em 1549, Salvador foi palco de uma execução exemplar, ordenada pelo seu governador e fundador, Tomé de Souza.

Ter o pescoço cortado era o principal método usado para executar nobres e membros da elite. Morrer na forca era algo vergonhoso, destinado à ralé. Mas a violência das leis nem sempre era aplicada na prática. Os condenados podiam apelar ao rei – que, com seu “direito de graça”, muitas vezes os perdoava. “Essa estratégia mantinha toda a força da autoridade, mas, ao mesmo tempo, permitia ao soberano ser magnânimo”, diz Arno Wehling, presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

De 1876 até a Proclamação da República, o imperador impediu todas as execuções, fazendo do Brasil um dos primeiros países a abolir a pena capital, ainda que não oficialmente. O fim formal veio com a primeira Constituição republicana, de 1891.

A partir daí, as forcas, guilhotinas, fogueiras, cadeiras elétricas, injeções letais, fuzilamentos e outras formas de execução não teriam mais vez no Brasil. Ao menos amparadas por lei. Por aqui, a pena de morte está prevista no Código Penal Militar e na Constituição, em caso de guerra.

Fonte: Aventuras na História

sábado, 16 de maio de 2020

A DIFERENÇA ENTRE ESQUERDA, DIREITA, LIBERAL E CONSERVADOR

As principais diferenças entre as ideologias de esquerda e de direita se centram em torno dos direitos dos indivíduos e o papel do governo. Já os termos liberal e conservador são utilizados na definição das pautas apoiadas.

A esquerda acredita que a sociedade fica melhor quando um governo tem um maior papel, garantindo direitos e promovendo a igualdade entre todos. Por sua vez, as pessoas de direita acreditam que a sociedade progride quando os direitos individuais e as liberdades civis têm prioridade, e o poder do governo é minimizado.

Enquanto os liberais possuem uma visão mais progressista e a favor de mudanças, os conservadores possuem uma visão mais tradicional da ordem social existente. É necessário ressaltar que os conceitos direita, esquerda, liberal e conservador mudaram bastante desde sua criação e que hoje a linha entre eles é muito tênue.

O que é a Esquerda?

A ideologia de esquerda defende que o governo deve garantir o bem dos cidadãos. Para isso, ele deve ser grande e forte, controlando todos os setores da sociedade, regulando as empresas e cobrando impostos. Suas ideias são inspiradas no socialismo e no comunismo.

O que é a Direita?

A ideologia defende uma menor participação do governo na sociedade, deixando que o próprio mercado dite suas regras. A direita defende uma maior responsabilidade individual das pessoas e autonomia das empresas, com menos impostos e regulamentação. Seu embasamento teórico vem do liberalismo.

Principais diferenças

A esquerda acredita que deve haver um sistema de pagamento de impostos adequado, onde todos devem pagar uma quantia específica de tudo o que ganham. Por outro lado, a direita acredita que deve haver menor pagamento de impostos para as pessoas que produzem mais, pois assim poderiam contribuir para o bem-estar da sociedade.

No caso da saúde e educação, a esquerda acredita que o governo deve ter um maior papel, fornecendo instalações de cuidados e um sistema educacional gratuito e acessível para todos. Por outro lado, a direita pensa que esses devem ser fornecidos por entidades privadas.

Como surgiram os termos esquerda e direita?

Os termos políticos esquerda e direita se originaram no século XVIII durante a Revolução Francesa e são baseados nos arranjos de assentos na Assembleia Nacional Francesa.

Aqueles que se sentaram à esquerda do presidente parlamentar apoiaram a revolução, se opondo à monarquia. Elas eram favoráveis à uma mudança radical, que iria levar ao fim da monarquia e dar mais poder ao povo. Por isso, essa ideologia é relacionada com a luta dos trabalhadores.

Aqueles que se sentaram à direita apoiaram o antigo regime monarquista. Quanto mais forte a sua oposição à mudança e seu desejo de preservar a sociedade tradicional, mais à direita eles estariam. A tradição, a religião institucional e a privatização da economia foram considerados os valores fundamentais da direita.

Esquerda e Direita na política atual

Com o passar dos anos, essa divisão entre direita e esquerda foi ficando mais complexa, pois novas demandas e interesses foram surgindo. Assim, os conceitos de direita e esquerda já não eram suficientes para definir os ideais políticos dos partidos.

Então foi necessária a criação de outras divisões para explicar os diferentes partidos e suas reivindicações. As mais utilizadas são: extrema esquerda, esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita e extrema direita.

Os grupos com ideias mais radicais e extremistas ficam nas pontas, enquanto no centro ficam os partidos que atuam de forma mais moderada e que possuem um maior apelo eleitoral.
Além dessa divisão, alguns grupos que costumam ser considerados de esquerda são: progressistas, ambientalistas, social-democratas, sociais-liberais, libertários-socialistas, comunistas e anarquistas.
Por sua vez, na direita nós podemos encontrar os capitalistas, neoliberais, conservadores, econômico-libertários, anarcocapitalistas, neoconservadores e nacionalistas.

Liberal e Conservador

Antigamente, os conceitos de liberal e conservador estavam ligados à permanência ou não do sistema político vigente. Enquanto os conservadores desejavam um governo central forte, os liberais queriam sua descentralização.

Porém, com a instauração da democracia, os termos liberal e conservador passaram a ser mais utilizados para definir outras pautas dos grupos, sejam elas no contexto social ou econômico.

Quando se trata do contexto social, os conservadores têm uma visão mais tradicional, se opondo a pautas como o casamento homossexual, legalização das drogas, aborto e migração. Enquanto isso, os liberais costumam apoiar essas pautas.

Em questões como a pena de morte e legalização das armas, geralmente são apoiadas pelos conservadores e refutadas pelos liberais.

Fonte: Diferença.com