quinta-feira, 29 de outubro de 2020

VALA DE PERUS: O OSSUÁRIO CLANDESTINO DA DITADURA MILITAR

 

Era manhã de 4 de setembro de 1990, quando funcionários do Cemitério Dom Bosco, na Zona Oeste de São Paulo, foram convocados para remover a terra de uma área de gramado dos fundos do local. Até então, era só mais um dia comum no serviço funerário, mas o trabalho dos operários acabou virando um dos episódios mais macabros da história brasileira.

Mal imaginavam eles que estavam prestes a resgatar a memória de mais de mil mortos pela ditadura militar. Tudo parecia um grande pesadelo; durante as escavações, os homens encontraram sacos plásticos que continham vários ossos humanos.

Sob gestão de Paulo Maluf, ainda na década de 70, o cemitério virou exclusivo para enterrar corpos de indigentes. Pelo menos, essa foi a justificativa dada na época. Mas, com a descoberta dessas novas ossadas, um novo mistério se iniciou. 

Naquele dia, o lugar se encheu de jornalistas e especialistas, além da visita de Luiza Erundina, prefeita na época. Alguns corpos foram levados ao Ministério Público Federal para uma análise, que contou com pesquisadores da Unifesp. Os estudos indicaram 1.047 ossadas na vala, todos de pessoas que foram enterradas sem registro. Além disso, os restos mortais continham detalhes específicos, como dentes de ouro e marcas de tortura evidentes, que não eram compatíveis com as características de corpos indigentes. As análises comprovaram que aquela parte do cemitério havia sido usada clandestinamente por agentes do Estado durante a ditadura militar.

Nos anos de chumbo, as perseguições contra militantes de esquerda, estudantes, entre outros, se acentuou devido o estabelecimento do AI-5, que institucionalizou as torturas e assassinatos praticados pelos agentes do regime. Era comum, portanto, casos de pessoas que desapareciam repentinamente — e estão desaparecidas até hoje — após serem presas pelas forças militares, ou sequestradas por grupos paramilitares.

Mortos e desaparecidos não podiam ser revelados, e muito menos enterrados em cerimônia aberta. O governo, por sua vez, deu seu jeito: criou valas clandestinas para ocultar os corpos.

O lugar no cemitério em que essas ossadas foram achadas ganhou reconhecimento oficial após a descoberta, recebendo o nome de Vala de Perus. Lá estavam jogados os restos mortais de vítimas da repressão política da ditadura, e até mesmo da epidemia de meningite em São Paulo, caso que as autoridades da época tentaram abafar.

"A descoberta da Vala de Perus foi uma vitória sobre o esquecimento. O local é a prova de como os crimes contra os perseguidos políticos se unem a assassinatos cometidos pelos policiais dos esquadrões da morte durante o regime e mesmo depois", analisa o filósofo Lucas Paolo Vilalta, coordenador da área de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog.

"Num momento em que enfrentamos o negacionismo, com um governo que faz apologia à ditadura, é importante trazer a verdade, a História. A ditadura cometeu uma série de violações aos direitos humanos. Muitas famílias

Uma investigação foi aberta por ordem da prefeita Erundina para identificar os corpos. Uma estimativa apurou que entre os enterrados, vinte eram de presos políticos, e o resto eram de vítimas de violência da época.

Em uma ação promovida pelas organizações dos direitos humanos e familiares dos mortos e desaparecidos, um monumento em homenagem e memória àqueles acometidos ali foi levantado no local da Vala de Perus, hoje é considerado um memorial.

Fonte: AH


terça-feira, 27 de outubro de 2020

COMO A DESCOBERTA DE ÁGUA NA LUA PODE ACELERAR PLANOS DA NASA PARA MONTAR UMA BASE NO SATÉLITE

Dias atrás, a Nasa, agência espacial dos EUA, deu dicas de que teria uma "empolgante nova descoberta sobre a Lua". Na segunda-feira (26/10), a agência revelou evidências conclusivas da existência de água em nosso único satélite natural.

Esta "detecção inequívoca de água molecular" aumenta as esperanças da Nasa de estabelecer uma base lunar. A ideia é sustentar essa base aproveitando os recursos naturais da lua. Os resultados foram publicados como dois artigos na revista científica Nature Astronomy.

Embora já tenha havido sinais de água na superfície lunar, essas novas descobertas sugerem que ela é mais abundante do que se pensava anteriormente. "Isso nos dá mais opções para fontes potenciais de água na Lua", diz Hannah Sargeant, cientista espacial da Open University, na Inglaterra, à BBC News.

Ao contrário das detecções anteriores de água em partes que ficam em sombra permanente nas crateras lunares, os cientistas agora detectaram água em regiões iluminadas pelo sol. "A quantidade de água é aproximadamente equivalente a uma garrafa de 350 ml de água em um metro cúbico de solo lunar", disse um dos autores do estudo, o pesquisador Casey Honniball, do Centro Goddard de Voo Espacial, da Nasa, durante uma teleconferência virtual.

Jacob Bleacher, da diretoria de exploração espacial pelos humanos da Nasa, disse que os pesquisadores ainda precisam entender a natureza dos depósitos de água. Isso os ajudaria a determinar o quão acessíveis eles são para os futuros exploradores lunares usarem.

O local para colocar uma base lunar será escolhido tendo em mente onde a água está, explica Hannah Sargeant. Segundo a pesquisadora, o objetivo é desenvolver "uma maneira mais sustentável de fazer a exploração espacial". E para isso é necessário o uso de recursos locais, especialmente a água, explica ela à BBC News.

A agência espacial dos EUA disse que enviará a primeira mulher e o próximo homem à superfície lunar em 2024 para se preparar para o "próximo salto gigante" — a exploração humana de Marte em 2030.

 

Fonte: BBC News - Brasil

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

45 ANOS SEM HERZOG: A MORTE QUE ESCANCAROU AS MENTIRAS DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA

 

"O Vlado não tinha ideia do que poderia acontecer com ele, porque tinha uma militância amena, era de um grupo de jornalistas que jamais imaginava que poderia ser preso", conta Fernando Pacheco Jordão, melhor amigo do jornalista Vladimir Herzog e seu colega na redação de O Estado de S. Paulo e na BBC de Londres.

"Não que nós achássemos que isso justificasse, mas as pessoas presas eram de militância pesada, gente ligada à luta armada", diz Jordão. "Quem só militava intelectualmente jamais poderia imaginar que seria submetido a tortura e até morreria por causa disso."

Aconteceu. E justamente em 1975, ano que começa sepultando a censura prévia dos jornais e termina com a tortura e morte de um jornalista sem nenhuma conexão com movimentos armados. 

Na manhã do sábado, 25 de outubro, há 45 anos, a ditadura militar fazia mais um prisioneiro. Procurado na noite anterior, Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, conseguira adiar para o dia seguinte sua apresentação o DOI-Codi de São Paulo. Ele compareceu às 8 da manhã.

No meio da tarde já estava morto, vítima de tortura que os agentes do DOI tentaram acobertar com a usual farsa do suicídio — era o 38º suicida produzido pelos porões da ditadura. Fotos mostrando o cadáver de Herzog enforcado com um cinto preso a uma grade a 1,63 metro do chão mostradas aos demais presos.

De acordo com o Laudo de Encontro de Cadáver expedido pela Polícia Técnica de São Paulo, Vlado havia se enforcado com a cinta que era usada em seu macacão. Entretanto, o que contraria essa afirmação é o simples fato de que os prisioneiros do DOI-Codi não dispunham de cintos e, tampouco, sapatos com cordões, o que faria ser impossível ele ter se suicidado. Além do mais, no laudo foi anexado fotos que mostram os joelhos de Herzog dobrados com seus pés tocando o chão, o que torna o enforcamento impossível nessas condições. 

Outro ponto fundamental revelado anos depois, foi que seu pescoço tinha a existência de duas marcas, que são típicas em casos de estrangulamento. Mais uma vez derrubando a falácia dos militares.  

Com todas essas evidências, a família de Herzog recebeu, em 2013, um novo atestado de óbito, no qual o motivo de óbito foi trocado “asfixia mecânica por

Além das pretensas provas de suicídio, a tese da infiltração comunista nas instituições era alardeada até no cárcere.

"Os agentes nos diziam que no comando do Partido Comunista, acima dos tais dirigentes que já estavam presos, viriam pessoas insuspeitas, como um cardeal, um governador e um general", afirma o jornalista Paulo Markun, colega de Herzog na TV Cultura e também detido naquela época. "Era uma referência clara a dom Paulo Evaristo Arns, ao governador de São Paulo, Paulo Egydio Martins, e ao general Golbery."

Clarice, mulher de Herzog, conta que ele passara a frequentar as reuniões de discussão do PCB havia dois anos, por não ver outra forma de contestar a ditadura. “Ele identificava duas forças organizadas: a Igreja Católica e o Partido

Na sexta-feira, 31 de outubro de 1975, barreiras bloqueavam os acessos à praça central de São Paulo. Estava marcado para a Catedral da Sé um culto ecumênico em memória de Vladimir Herzog. A força policial era ostensiva e o clima tenso. 

"Antes de começar, chegaram três homens para dizer que eu deveria desistir e que havia 500 agentes na praça para atirar em que quer que dissesse abaixo a ditadura", relata dom Paulo Evaristo Arns que iria realizar o culto ao lado do rabino Henri Sobel. "Eu disse: Vocês usam a arma, nós usamos o coração."

Dias antes, no enterro de Herzog, o rabino Sobel contestara a versão oficial para a morte, negando-se a enterrar Herzog na área do Cemitério Israelita destinada aos suicidas. O Sindicato dos Jornalistas havia redigido uma nota à imprensa tão diplomática quanto desafiadora.

"O Sindicato dos Jornalistas deseja notar que, perante a lei, a autoridade é sempre responsável pela integridade física das pessoas que coloca sob sua guarda e reclama um fim a essa situação, em que jornalistas profissionais, cidadãos com trabalho regular e residência conhecida, permanecem sujeitos ao arbítrio de órgãos de segurança." 

"Todos os cuidados eram necessários para que a gente denunciasse o crime, sem dar pretexto para fecharem o sindicato", diz Audálio Dantas, presidente da entidade à época. O sindicato já denunciara as prisões que se sucederam ao Discurso de Pá de Cal. A imprensa noticiou a morte de Herzog com destaque, indo muito além das notas oficiais secas que costumavam registrar suicídios e mortes em confronto de vítimas da repressão.

Era a primeira vez que isso acontecia desde que foi instalada a censura prévia nos jornais. Apesar das barreiras policiais, 8 mil pessoas comparecem à Catedral da Sé. "Foi uma cerimônia comovente, todo mundo que estava na catedral chorou", relembra dom Paulo, que já atuava ostensivamente na defesa de presos políticos desde novembro de 1970.

No final, o que poderia ter se transformado em um tumulto sangrento entrou para a História como a primeira grande manifestação popular desde AI-5 e uma peça importante no quebra-cabeças da abertura brasileira.  

Fonte: AH


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

JARROS E OBJETOS INTEIROS DE ARGILA MAIS ANTIGOS QUE JESUS CRISTO SÃO ACHADOS EM ISRAEL

 

Escavações arqueológicas em Beit El, na Cisjordânia, feitas pela Administração Civil, encontraram dezenas de jarros e objetos de argila que são pertencentes ao período do Segundo Templo, 535 a.C. a 516 a.C. Os objetos foram encontrados dentro de um poço no sítio de Khirbet Kafr Mer. As informações são do periódico local Jerusalem Post.

A emocionante descoberta foi feita como parte de uma escavação em grande escala em andamento que vem sido conduzida no local há mais de uma década. Em agosto deste ano, por exemplo, uma mesa de pedra ricamente decorada, que datava da era do Segundo Templo, também foi descoberta no mesmo local. 

O poço foi pensado para ser parte de um bairro residencial, em uma comunidade judaica que vivia na área. Os potes e outros artefatos foram encontrados armazenados em grandes nichos de gesso esculpidos nas laterais do poço. Por centenas de anos, os itens foram “colocados ali de forma ordenada um no outro e ... assim permaneceram até a sua descoberta”, observou um comunicado da Administração Civil. 

A colocação dos itens no fundo do poço indica, segundo a Administração Civil, que em algum momento da história o poço foi reaproveitado e transformado em um porão de armazenamento de embarcações. Todos os potes e itens de argila descobertos serão restaurados antes de serem exibidos ao público. 

Hanania Hizmi, chefe da unidade arqueológica da Administração Civil, parabenizou os arqueólogos por suas impressionantes descobertas, afirmando que “os grandes esforços que a unidade arqueológica investiu na escavação de Beit El produziram resultados, mais uma vez”. 

“Os achados arqueológicos que foram desenterrados testemunham a rica história judaica da área e contribuem enormemente para a pesquisa histórica”, disse Hizmi. “Continuaremos a trabalhar noite e dia para preservar os sítios arqueológicos em toda a Judéia e Samaria, incluindo os ativos de nossa tradição e cultura nacional entre eles.” 

Fonte: AH


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

CANTORA POP REVELA TER SIDO PERSEGUIDA POR OVNI

 

Aos 27 anos, Miley Cyrus acumula inúmeras polêmicas em sua carreira. Agora, a artista afirmou em entrevista que teve contato com um OVNI. Segundo ela, em conversa com a revista Interview, foi uma experiência insólita, pois, teria sido perseguida.

Cyrus, que admitiu que ela e sua amiga estavam sob efeitos de drogas na ocasião, explicou o que presenciou: "Eu tive uma experiência, na verdade. Eu estava dirigindo por San Bernardino com uma amiga e fui perseguida por algum tipo de OVNI. Tenho certeza do que vi, mas também havia comprado drogas de um cara em uma van na frente de uma loja de tacos, então pode ter sido uma 'viagem' do momento".

A artista também afirmou que tem certeza que se tratava de um disco voador brilhante.  "Tinha um grande círculo na frente, brilhava e era amarelo. Eu o vi voando, e minha amiga também. Havia alguns outros carros na estrada e eles também pararam para olhar, então acho que o que vi foi real".

Ela afirmou ter ficado abalada diante do episódio, sendo incapaz, em suas próprias palavras, de olhar para o céu durante dias. Todavia, a cantora também revelou que não ficou assustada diante do que presenciou.

“Na verdade, não me senti nem um pouco ameaçada, mas vi um ser sentado na frente do objeto voador. Ele olhou para mim e fizemos contato visual, e acho que foi isso que realmente me abalou, olhar nos olhos de algo que eu não conseguia entender”.

Fonte: AH


terça-feira, 20 de outubro de 2020

MUITO ALÉM DE JESUS CRISTO: 9 PROFETAS RECONHECIDOS NA ANTIGUIDADE

 

A certa altura de A Vida de Brian (1979), dirigido por Terry Jones, cujo protagonista nasceu na manjedoura ao lado da de Jesus, uma multidão acorre a uma praça. É uma espécie de feirão de profetas, que esperam em fila para anunciar suas qualidades. O cenário religioso da época na Galileia era algo parecido, tirando, claro, o humor britânico do filme.

A região era um cadinho de seitas e crenças. Os judeus estavam lá, mas também havia a influência do mitraísmo persa e de cultos anímicos (sem contar os egípcios e seus deuses, ali pertinho). A invasão romana catalisou pregadores que anunciavam o apocalipse, que se misturavam a exorcistas e todo tipo de curandeiro. Conheça alguns dos mais influentes.

1. Apolônio de tiana

Os relatos sobre Apolônio, que datam do século 3, o apresentam como um grande filósofo e um dos profetas mais populares do século 1 - muito mais do que Jesus. Nascido por volta de 2 a.C., foi educado segundo os princípios de Pitágoras. Aos 20 anos de idade, fez um juramento de silêncio por 5 anos.

Depois, teria viajado até a Índia. Na volta, passou por Roma e Grécia, onde foi recebido como mágico e curandeiro, capaz de ressuscitar mortos. Construiu uma escola em Éfeso (Turquia), onde repassou seus ensinamentos, incluindo uma dieta vegetariana, até morrer, em 98. Seus discípulos continuaram ativos por pelo menos 150 anos.

2. Simão, o Mago

No livro bíblico dos Atos dos Apóstolos, Simão tenta comprar dos discípulos de Jesus o poder de fazer milagres. Nos Atos de Pedro, ele levita, até que Pedro reza para que ele caia no chão" sua perna quebra em três lugares e ele morre em consequência dos ferimentos.

Tanta atenção em textos bíblicos indica que o profeta era concorrente dos cristãos. Nascido na Samaria, pregou seus ensinamentos desde o Egito até Roma, incluindo a Palestina, e deixou seguidores, os simonianos, que só desapareceram no século 4. Para Simão, existiam duas encarnações de Deus na Terra. Ele era uma delas e a outra era Helena, uma prostituta com quem se casou.

3. Honi

Chamado traçador de círculos, por ter o hábito de meditar desenhando na areia, Honi Ha-M'agel era considerado por alguns rabinos o filho de Jeová enviado à Terra. Vivia isolado e comia o menos possível. Em uma de

Na ocasião, teria discutido com Deus, dizendo que só sairia do lugar se chovesse — e ainda reclamou da qualidade da chuva. O Talmude, o livro sagrado judeu, diz que ele caiu em um longo sono de 70 anos e depois despertou. Também era conhecido como grande estudioso. Como Jesus, atribuía seus milagres à fé de quem os pedia.

4. João Batista

Primo de Jesus, de acordo com o Evangelho de Lucas, foi quem o batizou, no rio Jordão. Como líder religioso, João preparava seus discípulos para o fim do mundo. De acordo com o Novo Testamento, vestia peles, comia mel e gafanhotos e era tratado como uma reencarnação do profeta Elias.

Era muito mais popular do que Jesus. Nascido em 2 a.C., em uma aldeia nos arredores de Jerusalém, morreu no ano 27 a mando de Herodes Antipas 1º (10 a.C. 44), governador da Judeia. Seus discípulos eram numerosos e mantiveram uma religião por 3 séculos. A forma como João praticava o batismo foi incorporada pelos discípulos de Jesus.

5. Jesus de Ananias

Jesus era um nome muito comum na Palestina da época, tanto que, no ano 63, o sumo-sacerdote Jesus, filho de Damneu, foi substituído por Jesus, filho de Gamaliel. O Jesus filho de Ananias veio da zona rural e, em 62, circulou pelas ruas de Jerusalém profetizando a destruição do templo (a profecia se cumpriria 8 anos depois).

De acordo com o historiador Flávio Josefo, ele repetia, aos gritos: "Uma voz do oriente, uma voz do ocidente, uma voz dos 4 ventos; uma voz contra Jerusalém e o santuário, uma voz contra o noivo e a noiva, uma voz contra o povo!" Foi levado a julgamento, mas acabou inocentado por ser considerado louco.

6. Banus

Eremita, viveu no deserto da Judeia em meados do século I. Dormia ao ar livre, sem se proteger do frio ou dos animais, a quem tratava com reverência. Vestia folhas e cascas de árvores e se banhava com água gelada o tempo todo, cada banho era cheio de rituais complicados, que tinham o objetivo de purificar corpo e alma na preparação para o fim do mundo.

Tinha um pequeno grupo de seguidores, a quem anunciava que o apocalipse estava próximo e era preciso abandonar qualquer apego por prazeres mundanos. Seus discípulos não eram bem organizados e acabaram se dispersando depois que ele morreu.

7. Eleazar

O exorcista mais famoso da Palestina na 2ª metade do século 1, chegou a retirar demônios de um grupo inteiro de pessoas na frente do imperador Vespasiano (9-79). O ritual consistia em colocar, debaixo do nariz do possuído, um anel recheado de raízes que teriam sido prescritas pelo rei Salomão.

O cheiro forte levava a pessoa a espirrar várias vezes e o espírito saía pelo nariz. Para dar impacto à cena, Eleazar colocava uma bacia de metal cheia de água - ao ser expulsa, a entidade derrubava o líquido e a bacia com grande estrondo. Seu diálogo com os demônios lembra as frases de Jesus Cristo, um exorcista reconhecido.

8. Hanina ben dosa

Nasceu e viveu em Arava, a 19 km de Nazaré. Devoto da fé judaica, rezava com tanta intensidade que, conta-se, certa vez não percebeu que uma cobra venenosa havia mordido seu pé. Mas ele ficou bem e a cobra morreu. Curiosamente, no Evangelho de Lucas, Jesus diz: "Dei-lhes o poder de pisar em serpentes, e nada poderá lhes causar danos".

Como o texto foi escrito entre o fim do século 1 e o começo do 2, é possível que o autor tenha feito referência ao famoso profeta. Hanina tinha fama de fazer chover, de curar pessoas a distância e de fazer renascer árvores e animais. Viveu e morreu na miséria.

9. Enahem, o Essênio

Respeitado pela capacidade de fazer profecias, encontrou Herodes e o saudou como o futuro rei dos judeus. Quando, de fato, alcançou o cargo, Herodes (73 4 a.C.) transformou Menahem em consultor. Viveu cercado por um pequeno grupo de seguidores, a quem ensinava a arte de realizar profecias. Depois que Herodes morreu, tentou conspirar contra os romanos.

Foi perseguido, julgado e crucificado. Seu corpo foi jogado na rua. Para o historiador Israel Knohl, autor de The Messiah Before Jesus (O Messias Antes de Jesus), Jesus conhecia bem a história de Menahem e queria para si um destino parecido.

Fonte: AH


domingo, 18 de outubro de 2020

QUEM ERA SAMUEL PATY, O PROFESSOR DECAPITADO NA FRANÇA AO ENSINAR A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

 

O professor Samuel Paty, um pai de família de 47 anos, pagou com a vida a iniciativa de mostrar caricaturas do profeta Maomé em uma aula sobre a liberdade de expressão. Pouco depois de deixar a escola onde trabalhava na pequena cidade de Conflans-Saint-Honorine, por volta das 17h da sexta-feira 16, o educador foi decapitado por um terrorista, um jovem de 18 anos de origem chechena que ficou indignado com a atitude da vítima em sala de aula.

Neste sábado 17, alunos, pais, colegas e amigos de Paty o descrevem como um homem gentil, apaixonado pela profissão. O crime chocou o país – o Palácio do Eliseu anunciou a realização de uma homenagem nacional ao professor, nos próximos dias. Centenas de pessoas se dirigiram em frente à escola e depositaram flores no local.

“Quando li ‘professor, [escola] Bois d’Aulne e decapitação’, pensei na hora: ‘é o senhor Paty!’”, disse o ex-aluno Martial, 16 anos, à AFP.

A escola fica em um bairro industrial da cidade, de 35 mil habitantes e a cerca de 50 quilômetros de Paris.

“Ele se envolvia nas aulas, queria realmente nos ensinar as coisas. De tempos em tempos, ele promovia debates, a gente conversava”, relata o garoto.

“Estou destruído. Samuel Paty foi meu colega de formatura. Era um estudante brilhante, um superprofessor, um homem de diálogo”, disse, no Twitter, um ex-colega da vítima. “Citarei o teu nome e o teu exemplo, camarada, a todos que quererão ainda exercer essa linda profissão”, complementou. 

De porte pequeno, óculos e discreto, o professor era casado e tinha filhos. Na semana passada, como já havia feito em outras ocasiões nos últimos anos, ele levou à sala de aula uma caricatura de Maomé, publicada no jornal Charlie Hebdo, para explicar aos alunos sobre aquela que é um dos pilares da República francesa, a liberdade de expressão. A classe tinha em média 13 anos e cursava o equivalente ao oitavo ano do Ensino Fundamental brasileiro. 

Desta vez, porém, a iniciativa não foi bem recebida por todos. Os alunos relatam que o professor perguntou quem era muçulmano na sala e ofereceu a eles a possibilidade de se retirar ou não olhar, se preferissem não visualizar o desenho. Alguns saíram; outros, não.

Nas horas e dias que se seguiram, o que ocorreu naquela aula foi o assunto na hora do recreio. Alguns pais foram além e levaram uma reclamação à associação de pais e alunos. Um deles publicou um vídeo indignado nas redes sociais, no qual chama Paty de “bandido”, incita outros pais a se mobilizarem contra a atitude do educador e divulga o nome da escola. Ele chegou a ir à polícia acompanhado da filha para denunciar o que considerou como um ato de islamofobia por parte do professor – que reagiu prestando queixa por difamação.

Desde então, Paty “andava desconfortável”, observa Myriam, aluna de 13 anos da escola. “Tinha alunos dizendo ‘ele é racista’. Outros qualificativos circularam, como ‘islamofóbico’”.

Paty “não fez isso para criar polêmica ou desrespeitar os pequenos, nem por discriminação”, alega Nordine Chaouadi, pai de outro adolescente de 13 anos que descreve professor como “um senhor supergentil”.

A polícia investiga qual o papel do vídeo no crime, já que o autor do ataque tinha 18 anos e não estudava no local. O autor, nascido em Moscou e com um visto de refugiado na França, obtido em março deste ano, foi morto pela polícia instantes depois do assassinato.

 

Fonte: AFP

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

OBRAS SUBVERSIVAS: PARA ACABAR COM UMA SUPOSTA AMEAÇA COMUNISTA, VARGAS MANDOU QUEIMAR MILHARES DE LIVROS

 

Em 19 de novembro de 1937, uma coluna de fumaça preta subiu aos céus de Salvador, intrigando os moradores locais. Não era incêndio, apenas uma fogueira. O combustível? Livros, milhares deles. 

Apenas nove dias antes, Getúlio Vargas havia dado um golpe de Estado. Inaugurou a ditadura do Estado Novo, um regime populista com características protofascistas.

Dos 1.827 livros queimados naquele dia, quase todos eram de autoria de Jorge Amado. Comunista convicto, o escritor costumava inserir elementos considerados subversivos em suas obras, como a luta de classes, ao mesmo tempo que misturava com uma prosa leve e fluida que exaltava, principalmente, o povo baiano.

Já Getúlio Vargas buscava eliminar a ameaça vermelha de qualquer maneira. O famoso Plano Cohen, uma das mais famosas fake news da história do Brasil, dizia que os comunistas estavam se preparando para tomar o poder e, por isso, o sistema precisava ser recrudescido, sendo a desculpa perfeita pro golpe que gerou o Estado Novo. Foi essa, também, a justificativa dada pelo regime para a queima dos livros, alegando que eles propagavam o comunismo.

Intentona Comunista, um levante militar organizado pelo Partido Comunista Brasileiro dois anos antes no Rio de Janeiro, também dificultou a vida de diversos pensadores e intelectuais opostos ao regime, não importando se eram ou não filiados ao partido.

Jorge Amado foi processado, chegou a ser preso mais de uma vez e exilado. Inclusive, estava preso no momento em que seus livros, principalmente o recém-lançado Capitães da Areia, viravam cinzas.



Fonte: AH


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O QUE PODERIA ACONTECER SE A TERRA PARASSE DE GIRAR?

 

Os pesquisadores não sabem ao certo quais seriam as consequências que os seres vivos enfrentariam caso a Terra parasse de girar — ou seja, deixasse de realizar o movimento de rotação. Mas, certamente, muita coisa mudaria por aqui, e o mais provável é que a vida no planeta fosse extinta.

Se a Terra parasse de girar abruptamente, a atmosfera do nosso planeta continuaria girando, o que causaria ventos extremamente fortes. As placas tectônicas também continuariam em rotação, e colidiriam umas com as outras, produzindo terremotos violentos.

A água dos mares voltaria para os polos, e alguns mares e oceanos se tornariam enormes desertos. Já os planetas localizados acima dos trópicos seriam engolidos pelas águas.

Se o planeta parasse de girar em torno de si mesmo e continuasse o movimento ao redor do Sol, um dia duraria seis meses e uma noite também. Assim, duas situações extremas aconteceriam: durante metade do ano, o planeta enfrentaria um calor escaldante, e, na outra metade, um inverno rigoroso e escuro.

Fonte: AH


sexta-feira, 9 de outubro de 2020

CERVEJA MILENAR: PRODUÇÃO TEVE INÍCIO AINDA NO PERÍODO NEOLÍTICO

 

Mais um mistério solucionado. Segundo arqueólogos e cientistas da Academia Austríaca de Ciências, a produção de cerveja na Europa teve início há mais de 6 mil anos, ainda no período neolítico, ao mesmo tempo em que o produto se desenvolvia na Suméria e no Egito. A constatação foi feita com base na análise de grãos de cereais encontrados em artefatos antigos de dois países: Suíça e Alemanha. Nos testes, o grupo de especialistas pulverizou os grãos em recipientes de cerâmica – material já utilizado no neolítico – e descobriu camadas de tecido profundas, como a proteína aleurona. Com base na evidência, os estudiosos constataram que bebidas à base de malte eram produzidas na antiguidade, o que era especulado por profissionais do ramo.

“A produção de cerveja está relacionada ao desenvolvimento da agricultura. Os povos antigos descobriram que dava para usar grãos, cereais e frutas para muitas coisas além da comida”, afirma Kathia Zanatta, sommelière e cofundadora do Instituto da Cerveja. Segundo ela, coletar grãos era uma tarefa de mulheres e, sendo assim, elas podem ser consideradas as ‘criadoras’ da cerveja. “O descobrimento provavelmente foi acidental, mas depois os povos começaram a aperfeiçoar o processo”, diz. “Assim como fizeram com a uva, os povos aprenderam a extrair sabores dos grãos de cereais e testaram de tudo, como frutas, arroz, milho, trigo e por aí vai”.

Segundo Andreas Heiss, especialista e líder da pesquisa, a bebida provavelmente era utilizada em rituais da época por conta da alteração hormonal causada pelo álcool. Na Suméria, região próxima da Mesopotâmia, onde hoje é o Iraque, houve um amplo desenvolvimento da agricultura e um dos processos era a coleta de grãos para a alimentação local. Os mesmos grãos, depois de fermentados, serviam para a produção da bebida.

Não se sabe como, mas eles tiveram contato com água e posteriormente entraram em processo de malteação e fermentação, que é basicamente quando o cereal germina e libera componentes naturais por conta de reações químicas. O calor da região ajudou na fermentação e depois que, provavelmente, por curiosidade, o líquido foi consumido, tornou-se popular entre as comunidades da época. Gravuras egípcias, por exemplo, relatam o contato do povo com uma bebida desconhecida e de sabor diferente de tudo que existia. Posteriormente, a cerveja foi utilizada para diversas finalidades. Uma delas foi o pagamento de salário para os trabalhadores que construíram as pirâmides no Egito, há 5 mil anos. Pagava-se de quatro a cinco litros por dia de trabalho. E a dureza da rotina era compensada pelo entorpecimento com o álcool.

“Eles não tinham ideia do processo de produção de cerveja, foi tudo muito espontâneo. O clima quente e a agricultura ajudaram” Kathia Zanatta.

Fonte: Isto É


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

SETEMBRO DE 2020 FOI O MÊS MAIS QUENTE JÁ REGISTRADO, AFIRMAM ESPECIALISTAS

 

Um estudo liderado pelo Serviço de Mudança Climática Copernicus da União Europeia revelou que o último mês foi o setembro mais quente da história, os especialistas afirmaram que temperaturas extremamente altas foram registradas na Sibéria, Oriente Médio e em algumas partes da América do Sul e Austrália.

De acordo com a publicação, no mundo todo, setembro de 2020 foi 0,05ºC mais quente do que o mesmo mês no ano de 2019. Além disso, segundo os dados da Copernicus, os últimos cinco anos tiveram as temperaturas mais altas já registradas em um contexto global.

Segundo os especialistas, as altas temperaturas que ocorreram durante este ano tiveram um papel crucial nos desastres naturais que estão acontecendo no mundo, desde incêndios na Califórnia até inundações na Ásia estão relacionadas ao clima excepcionalmente quente.

“A Terra aqueceu muito e continuará aquecendo se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no ritmo que estão no momento", pontuou o cientista sênior da Copernicus, Freja Vamborg, em entrevista para a Reuters.

Ainda segundo os pesquisadores, nesses três últimos meses do ano, alguns eventos climáticos como o fenômeno La Niña e os baixos níveis de gelo marinho do Ártico, serão fatores que podem determinar se 2020 será ao todo o ano mais quente já registrado no mundo. 

Fonte: AH


domingo, 4 de outubro de 2020

MAR DE SANGUE: HÁ 28 ANOS, ACONTECIA O BRUTAL MASSACRE DO CARANDIRU

 

No dia 2 de outubro de 1992, o Massacre do Carandiru entrava para a história como um dos episódios mais chocantes do Brasil. Uma ação da Polícia Militar após uma rebelião que acontecia na Casa de Detenção foi a responsável por tal tragédia. Acredita-se que pelo menos 111 detentos foram assassinados por policiais naquele dia.

Sob os cuidados de Ramos de Azevedo, o Carandiru foi projetado inicialmente para abrigar 2 mil presos. No entanto, na década de 90, a criminalidade na cidade teve um aumento repentino, o que levou à superlotação do local. No mesmo período, foi considerado o maior presídio da América Latina, abrigando mais de 8 mil detentos. 

As condições desumanas em que os eles vivam dentro da prisão culminaram no terrível massacre — rebeliões, estupros, extorsões, mortes, agressões e fugas de sucesso marcaram a história do Carandiru. Estima-se ainda que este episódio tenha feito mais vítimas do que as autoridades divulgaram.

"Foi uma carnificina aquele dia, eu comparo o que aconteceu com Auschwitz, Camboja e outras tragédias que eu via só em filme ou livro”, afirmou o ex-detento Sidney Sales, que tinha 24 anos quando a chacina aconteceu, em entrevista ao El País.

“Da forma como fomos surpreendidos pela tropa, qualquer um entrava em pânico. Um helicóptero da polícia deu um rasante atirando sem dó, aí desistimos e voltamos pra dentro. Não tenho mais pesadelos, mas traz uma revolta lembrar disso tudo né? Quem sobreviveu fica revoltado”, confessou o sobrevivente. “Eu sou desacreditado do Estado até hoje”, conclui.

Muitos dos presos foram mortos de maneira instantânea, com tiros certeiros. Mas outros tiveram que lidar com agressões por com cassetetes e coronhadas vindas dos policiais que adentraram a prisão com a intenção de matar.

O único elevador do Carandiru, localizado no pavilhão, também se tornou instrumento de assassinato para os agentes do Estado. De acordo com Sales, “os policiais abriram as portas, e de cada 10 presos que passavam eles empurravam dois ou três no fosso. Imagina, uma queda de cinco andares”.

Alguns dos detentos, depois da chacina, ainda tiveram que ajudar os policiais a coletarem os corpos dos mortos. Eles tiveram de carregar pessoas mortas, algumas ainda sofrendo devido aos ferimentos e outras claramente vivas para o pátio, onde seriam levados por carros do Instituto Médico Legal.

O depoimento do sobrevivente Sidney Sales também ajuda a entender mais sobre isso. “Um preso pegava os braços e outro as pernas. Carreguei uns 25 corpos. Descíamos eles dos andares e amontoávamos no pátio. A gente tentava ignorar esses gritos dos que ainda viviam. Colocávamos presos mortos em cima deles pra ver se paravam de gemer”, lembra.

O massacre, além de causar a o assassinato de ao menos 111 detentos, também foi responsável por proliferar doenças que já eram causa de muitas mortes dentro do local. O derramamento de sangue intensificou essa disseminação.

Com as execuções, muito sangue foi espalhado pelo chão do Carandiru. O vírus da aids, o HIV, era muito comum entre os presos, e, com o líquido vermelho sendo derramado pelo local, muitos o adquiriram com facilidade.

Estima-se que este episódio tenha feito ainda mais vítimas do que as autoridades divulgaram. Em 2002, durante o governo de Geraldo Alckmin, iniciou-se o processo de desativação do Carandiru. Atualmente, o local abriga instituições educacionais e de cultura, como o Parque da Juventude e a Biblioteca de São Paulo.

Fonte: AH