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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O PÉSSIMO EXEMPLO DOS PÉSSIMOS POLÍTICOS DO MARANHÃO

 

Se você fizer uma pesquisa rápida sobre a História Política do Maranhão descobrirá que sempre tivemos governantes ruins. Não digo médios, digo ruins, mesmo. Flávio Dino, atual Ministro da Justiça e futuro Ministro do STF, foge à regra. Ele foi péssimo. O pior dos piores que já passou por esse Estado sofrido, que ele prometeu tirar da pobreza e que continua o mais pobre do Brasil em todos os índices socioeconômicos.

Apesar de ter sido o pior de todos, o eleitorado do Maranhão fez uma façanha inacreditável: transformou o comunista no senador mais votado da história. Parece surreal, mas é verdade. Agora, prestes a deixar o Ministério da Justiça vai assumir por alguns dias a cadeira de senador. E nesse curto espaço de tempo sabe qual projeto pretende apresentar para apreciação de seus pares? Um projeto que pretende evitar a prisão do ladrão que comete furtos, do bandido que invade uma casa, entre outros crimes tidos por ele como pequenos delitos.

Veja o que Ele disse ao site Metrópoles: “mas uma pessoa que eventualmente praticou um delito de trânsito, um furto, mesmo situações de crimes relativos ao patrimônio de um modo geral...então imagino que seja por aí. Se der tempo, eu vou apresentar um projeto de lei no Senado sobre o assunto.” É inacreditável que não se tenha vergonha de votar num sujeito desse.

Outro péssimo político do nosso estado, que é deputado federal, Rubens Pereira Júnior, fez algo também inacreditável: apresentou um projeto que prevê prisão para quem causar constrangimento a autoridade pública. Ou seja, se uma pessoa constranger, por exemplo, um deputado nas redes sociais pode pegar até 12 de anos de cadeia. Não que eu defenda desrespeito a quem quer que seja, mas vai que cola uma porcaria dessa?

Os dois políticos maranhenses se superaram: um, quer que ladrão não seja preso; o outro, quer prender o sujeito de bem que criticar político. Pode um negócio desse? Sinceramente, nós maranhenses estamos bem servidos de políticos ordinários. É nisso que dá votar por paixão ideológica ou vender o voto.

 

Imagem: Agência Brasil


quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

A CONQUISTA DAS TERRAS DO CURRALINHO: ÍNDIOS, VAQUEIROS E SESMEIROS

 

Concluímos um importante estudo que trata da conquista, posse e povoação das terras de Coelho Neto na primeira metade do século XVIII. “A conquista das terras do Curralinho: Índios, vaqueiros e Sesmeiros” é a coroação de um ano de intensa produção. Começamos colaborando na criação da Academia Coelhonetense de Letras e Artes; publicamos os estudos: “Uma breve História da Câmara Municipal de Coelho Neto”; e, também, “Uma síntese de como era o Curralinho em 1924: aspectos políticos e econômicos de uma sociedade crescente”. Participamos com 5 (cinco) trabalhos da Antologia: Vozes e Versos- poesias, contos e ensaios de escritores e escritoras de Coelho Neto. Foi um ano e tanto! Que venha 2024 com as bençãos de Nosso Senhor Jesus Cristo!




quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

ACADEMIA COELHONETENSE DE LETRAS E ARTES SE PREPARA PARA ELEGER DIRETORIA

 

Os acadêmicos da ACLA- Academia Coelhonetense de Letras e Artes- estiveram reunidos na noite de ontem, 5, para analisar o Regimento Interno da Instituição, que foi aprovado. Com o Estatuto Social e o Regimento já concluídos, os acadêmicos se preparam para eleger a Diretoria e o Conselho Fiscal, ações que antecedem a cerimônia de posse dos imortais. A escolha do primeiro presidente já movimenta os bastidores da Academia.

A Academia Coelhonetense de Letras e Artes tem por objetivo a pesquisa, o estudo e a divulgação das letras, das artes e da cultura, em seus variados aspectos, dando ênfase especial às produções referentes ao Município e região, bem como pesquisar a História e cultuar o idioma pátrio. E, também, colaborará para a preservação do patrimônio histórico, artístico, arqueológico e paisagístico do município de Coelho Neto e da região.

Na imagem acima, os acadêmicos que participaram da reunião: Francisco José, Nelson Gaspar, Toinho Araújo, Felipe Neres, Carlos Machado e as irmãs Eliran e Elian Bantim Sousa.


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

UMA SÍNTESE DE COMO ERA O CURRALINHO EM 1924: ASPECTOS POLÍTICOS E ECONÔMICOS DE UMA SOCIEDADE CRESCENTE

 

A busca pelas fontes sobre a História do Município de Coelho Neto, antigo Curralinho, é obstaculizada pelo resumido aproveitamento da memória histórica, ainda viva, pela escassez de registros escritos e pelo descaso com o pouco que resta da iconografia. Os interessados (que não são muitos) na reconstituição da escrita do passado secular tentam juntar os fragmentos dos fatos na tentativa de gravar nos anais da História, diluídos conhecimentos, para as gerações futuras.

As informações contidas no presente estudo são fruto de pesquisas encontradas no Almanak Laemmer: Administrativo, Mercantil e Industrial (RJ) – 1891 a 1940. Ano 1924/Edição C00080, Estado do Maranhão – Municípios, Volume III, páginas 3.530 e 3.531. A partir dele, conseguimos levantar dados sobre a localização, população, nomes de trabalhadores de diversas profissões, aspectos da economia, da política e da estrutura religiosa em Curralinho no ano de 1924.

Sabendo que a História não é estática e que, portanto, os eventos não começam e terminam numa data fixa, usamos para facilitar a compreensão do espaço temporal político-econômico de Coelho Neto os seguintes períodos, representados pelas famílias detentoras do poder.

Vaz Freire – 1738 a 1820

Cunha Martins – 1820 a 1893

Nunes – 1893 a 1930

Bacelar – 1930 até idos dos anos dois mil. É compreendido que após a morte de Raimundo de Melo Bacelar – Duque Bacelar-, em 1954, o poderio dos Bacelar persistiu através dos filhos.

De forma que o presente estudo, que compreende o ano de 1924, traz resquícios de poder dos Cunha Martins, a guinada do controle dos Nunes e o começo da formação de poderio dos Bacelar, nos diversos aspectos que movimentavam a sociedade do Curralinho.

Partindo para as informações constantes no “Almanak Laemmer” encontramos um histórico, sucinto, da localização, do comércio e da população do Curralinho, que transcrevemos abaixo:

                                      CURRALINHO. – Villa, sede do município, situada na margem esquerda do    rio Parnahyba a um kilometro de distancia, em um pequeno valle com bastantes plantações de mangueiras, larangeiras, etc. O seu commercio que é bastante florescente é feito pelo porto desta Villa e por Caxias. Sua população é de 2.050 habitantes.

Percebe-se na leitura do documento um significativo cenário populacional e próspera movimentação comercial – importadora e exportadora-, através do porto da Madeira ou porto do Chicão ou porto do Curralinho a 2 km da Boa Vista, antigo povoado Chicão. A intensa trafegabilidade fluvial subia e descia o Rio Parnaíba com destino a cidade de Parnaíba e Teresina. Por terra, a cidade de Caxias recebia um fluxo comercial significativo. A construção da via de acesso, que data do início de 1920, facilitava o deslocamento dos comerciantes e negociantes do Curralinho.

Abaixo, transcrevemos o documento contido no Almanak Laemmer, respeitando a sua originalidade, incluindo a grafia (com exceção da utilização do negrito para destacar: termos, funções e profissões). O sumário do documento consta dos seguintes temas: histórico do Curralinho- repartições e serviços federais- repartições e serviços estaduais- administração judiciária- administração policial- administração municipal- religião- comércio, indústria e profissões( açougues, engenhos de aguardente, alfaiates, fábricas de descaroçar algodão, barbeiros, carpinteiros e marceneiros, exportadores de couros e peles, dentista, ferreiros e serralheiros, cultivadores de fumo, funileiros, guarda-livros, modistas, olarias, ourivesarias e relojoarias, padaria, pedreiros, farmácia e farmacêutico, sapateiros, secos e molhados, agricultores e lavradores, criadores e povoados, entre outros.).

                                                   CURRALINHO

                                                (Municipio e Villa)

Município pertencente á comarca de Brejo, creado em 1914 e instalado em julho de 1915.

Limites: Com os Municípios de Caxiós, Burity e Chapadinha.

Viação: Fluvial.

Rio: Parnahyba.

Clima: Temperado.

Culturas: Canna de assucar, tabaco, algodão e cereais.

Flora: Pau d’arco, aroeira, cedro, masranduba, amargoso e bacury bravo.

Fauna: Jacu, marreco, gallèga e frango d’agua.

Produção: Cera de carnahuba, cóco babassú, tucum, marfim, resina de jatobá, angicoú, (estas não exploradas), fibras, couros de boi, pelles de cabra, ovelha e veados.

Exportação: (De maior vulto). Côco babassú, algodão, couros de boi, pelles, arroz e madeiras de construcção.

Importação: Importa todos os géneros e artigos, concernentes ao commercio de fazendas, armarinho, ferragens, drodas e calçados, etc.

 

                             REPARTIÇÕES E SERVIÇOS FEDERAES

Correio:

      Agente: Amelia Novaes Martins Brasil.

Juizo Federal:

       Substituto do juiz seccional: Marcos Machado Pinto.

Junta de Alistamento Militar:

        Presidente: Antonio da Cunha Martins, cap.

        Secretario: Joaquim da Silva Mourão. Cap.

Telegrapho Nacional:

         Telegrafista: Luiz Gonzaga de Moraes Machado.

          Trabalhador: Raymundo Borges.

 

                              REPARTIÇÕES E SERVIÇOS ESTADOAES

 

                                  ADMINISTRAÇÃO JUDICIARIA

Juiz da comarca: (Reside na sede da comarca).

Juiz municipal: (Reside no termo de Burity).

Suplentes:

         Francisco Alves da Silva

         José da Silva Dutra

Promotor: (Reside na sede da comarca).

Escrivão e tabelião: Joaquim da Silva Mourão

Official de justiça: João Gonçalves de Miranda

 

                           ADMINISTRAÇÃO POLICIAL

Delegado: Dino de Carvalho Nunes, cor.

Supplentes:

                    José Francisco de Figueredo.

                    Evaristo R. de Souza.

                    José Ceará da Rocha.

Sub-delegado: José Francisco de Figueredo.

Supplentes:

                       Evaristo R. de Souza.

                       Ciancio Figueredo.

                        José Ceará da Rocha

Escrivão: Joaquim da Silva Mourão.

 

                         COLLECTORIA ESTADOAL

Collector: Maximo Martins Ferreira, cor.

 

                         INSTRUCÇÃO PUBLICA

Uma escola mixta na villa.

Uma escola masculina.

 

                     ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

                          Prefeitura Municipal

                        Rua Coronel Joaquim Nunes

Prefeito: José Francisco de Figueredo, cap.

Sub-prefeito: Simplicio Alves da Silva, cap.

Secretario: Raymundo Gil Bonna.

 

                            Camara Municipal

Presidente: Francisco de Lima Couto, cap.

Vice-presidente: Elias Araujo Machado.

Secretario: Pedro Vaz Freire.

Vereadores:

                    Francisco de Lima Couto.

                    Elias de Araujo Machado.

                    Antonio da Cunha Martins.

                    Bebiano da Silva Paranhos.

Thesoureiro: Antonio Martins de Carvalho.

Advogado: Benedito Araujo Machado.

Guarda fiscal: Manoel Ferreira de Aguiar.

Porteiro: Antonio Basílio dos Santos.

 

                                     RELIGIÃO

Igreja Matriz – Padroeira Sant’Anna.

Capella de S. Francisco das Chagas.

Vigário: Adherbal Gomes de Castro, padre.

 

                                    CEMITERIOS

Um.

                                     THEATROS

Um.

                                     CINEMAS

Um.

                                     ASSOCIAÇÕES

s. Coração de Jesus.

Banda Musical Coronel Joaquim Nunes.

     Regente: Pedro Gomes da Rocha.

                                    COMMERCIO, INDUSTRIA E PROFISSÕES

 

Açougues:

    Dino de Carvalho Nunes.

    M. Ferreira & Cia.

    Marcos Machado Pinto.

 

Aguardente (Engenhos):

      Antonio Ferreira Bastos.

       Antonio Nunes.

       José Dutra da Silva.

       José Rabello Guimarães.

       Paulo de Araujo Machado.

       Raymundo Dutra da Silva.

       Raymundo Nonato de Mello Bacelar.

 

Alfaiates:

       Antonio Basilio dos Santos.

       Joaquim Mourão.

       João Evangelista da Cunha.

       José Dutra.

       Sebastião Machado.

Algodão (Fabricas de descaroçar):

        Dino de Carvalho Nunes.

        Marcos Machado.

Barbeiros:

        Emigdio Ferreira das Neves.

        Manoel Francisco.

Carpinteiros e marceneiros:

       Euripedes Rocha.

       Fellipe Rozendo Santiago.

      Francisco do Nascimento.

      Luiz Gonzaga Miranda.

      Luiz d’Olanda.

      Manoel Custodio Filho.

      Nelson Rozendo Santiago.

      Pedro Gomes da Rocha.

Couros e pelles (Exportadores de):

      Dino de Carvalho Nunes.

      Francisco de Lima Couto.

      M. Ferreira & Cia.

 

Dentista: Dr. João E. Pilar.

Drogaria: Evaristo de Souza Rodrigues.

 

Ferreiros e Serralheiros:

       Antonio Francisco Rodrigues.

       Caciano Francisco Rodrigues.

       Francisco do Nascimento.

       João Francisco Rodrigues.

       José Rodrigues.

Fumo (Cultivadores de):

       Bernardino de Carvalho.

       Emilio de Luna.

       Estevam Bastos.

       Firmino Vaz.

       Joanna Rocha.

      João Gualberto de Carvalho.

      José Ceará da Rocha.

      Lydia P. de Miranda.

Funileiros:

     João P. de Miranda.

     Manoel Custodio Filho.

    Pedro Gomes da Rocha.

Guarda-livros:

     Joaquim Mourão.

     João de Lima Couto.

Moagens:

     Antonio Felix.

     Elias Machado.

     Manoel Custodio Filho.

Modistas:

     Alzira Rocha.

     Justina Araujo.

     Maria Alice.

     Rita de Figueiredo.

     Vicentina Santiago.

Olarias:

      José Ceará da Rocha.

      Felismino Rosa Maria da Conceição.

Ourivesarias e relojoarias:

      Antonio Felismino.

      João de Castro.

Padaria: Francisco Calendão.

Pedreiros:

      Domingos Pereira da Silva.

      João Lisbôa.

      Pedro Vaz.

      Rosalino Alberto Ferreira.

Pharmacia e farmaceutico: Francisco de Lima Couto.

Sapateiros:

       Adriano Ferreira das Neves.

       Bibiano da Silva Paranhos.

      Domingos Ribeiro.

      Francisco Saldanha.

      Gualdino Vieira de Souza.

Seccos e molhados:

      Antonio M. de Carvalho.

      Herculano Mesquita.

      João Nepomuceno.

      José Ceará.

      José J. da Silva.

      Manoel Custodio.

      Raymundo Amarante.

Agricultores e lavradores:

      Agostinho d’Olanda.

      Antonio Felix.

      Antonio Fernandes.

      Antonio Ferreira Bastos.

      Antonio Nunes.

      Emigdio Ferreira das Neves.

      Firmino Vaz.

      Francisco Saldanha.

      José Ceará da Rocha.

      José Felix.

      José Liberato de Medeiros.

      José Rabello Guimarães.

      José da Silva Dutra.

      Manoel Domingues da Silva.

      Manoel Eulalio.

     Paulo Machado.

     Pedro Machado.

     Raymundo Dutra da Silva.

     Sebastião Ladislau.

Criadores:

      Antonio Basilio dos Santos.

      Antonio Gaspar Ribeiro.

      Aureliano de Souza.

      Dino de Carvalho Nunes.

      Elias Machado.

      Estevam Gaspar Ribeiro.

      Firmino Vaz.

      Francisco Alves.

      Gonçalo Diamantino.

      Joaquim Nunes Filho.

     José Francisco de Figueiredo.

     Manoel Ferreira.

     José Liberato de Medeiros.

     Marcos Machado.

     Pedro Machado.

    Temotheo Ribeiro.

Povoados:

    Boqueirão.

    Corôa da Onça.

    Porto do Curralinho.

    S. Lourenço.

    Panno.

    Vargem Redonda.

    Garcipa.

Para registro: a fotografia utilizada para ilustrar o texto foi retirada da rede social- facebook-, porém não foi possível identificar o autor da imagem.


quarta-feira, 25 de outubro de 2023

UMA BREVE HISTÓRIA DA CÂMARA MUNICIPAL DE COELHO NETO

 

Carlos Machado

É quase consensual que o Município de Coelho Neto originou-se a partir da instalação de currais, nas proximidades do Rio Parnaíba, que serviam de repouso para o gado oriundo dos Estados do Piauí e Ceará. A empreitada, árdua, durava meses e o destino, da maioria das viagens, era os longínquos Estados de Pernambuco, Bahia ou a região aurífera de Minas Gerais.

Ao tempo em que se erguiam currais, pequenos casebres eram construídos para descanso dos vaqueiros condutores das manadas. Hipoteticamente, os primeiros moradores, do que viria a ser o Sítio Curralinho, se instalaram nesse período. Cansados das estafantes viagens, paulatinamente, piauienses e cearenses foram largando a lida e fixando moradia no local. A região, rica em água, em vegetação para o alimento dos animais, terras férteis para a produção agrícola, árvores frutíferas, peixes e caças oferecia as condições ideais para se fazer morada.

Não foram localizados, até o momento, registros históricos que determine quem primeiro habitou as terras de Curralinho (ou uma data provável da fixação dos primeiros habitantes), embora sem vestígios ou prova documental alguns afirmem que foram os “Índios Pimenteiras”.

As terras pertencentes ao Sítio Curralinho foram designadas pelo rei de Portugal, D. João V (1706-1750) através de carta de sesmaria. As cartas de sesmarias eram documentos passados pelas autoridades para doar terras; nelas, os donatários ou governadores de províncias autorizavam ou não as doações. “Os registros de terras surgiram no Brasil logo após o estabelecimento das capitanias hereditárias, com as doações de sesmarias. Os documentos mais antigos das capitanias datam de 1534.” (Arquivo Público do Estado de São Paulo).

A primeira solicitação de sesmaria para a área que compreendia as terras do Sitio Curralinho foi feita pelo sesmeiro Paulo Vaz Freire, que na segunda tentativa conseguiu do governador da Província do Maranhão, João de Abreu Castelo Branco, a concessão de três léguas de terra (equivalente a 18 km). O termo de doação foi lavrado pelo secretário de Estado, José Gonçalves de Fonseca, em 9 de julho de 1738. A primeira tentativa de doação, frustrada, leva a entender que o sesmeiro já residia nas terras do sítio em data anterior à doação oficial.

Outro que conseguiu carta de sesmaria foi Antônio José Martins que chegou procedente de Caxias, entre 1800 e 1810. As terras do sesmeiro faziam limite com as de Paulo Vaz freire e chegavam até a Vila de Santana de Buriti. Em seu latifúndio fundou a Fazenda Santana, hoje Santana Velha, pólo de escravos no início do século XIX.

O Sítio Curralinho esteve jurisdicionado a outras instâncias administrativas: São Luís (1738-1747), Vila de São Bernardo (1720), Vila de Caxias das Aldeias Altas (1721-1820), Vila de Brejo de Anapurus e, por último, a Vila de Buriti de Inácia Vaz.

No período colonial, estendido ao imperial, as Câmaras Municipais só podiam ser instaladas em vilas ou municípios. Com o crescimento do Sítio Curralinho tentativas foram feitas com o intuito de transformá-lo na categoria Vila. A primeira, datada de 1862, não obteve sucesso, apesar dos argumentos apresentados serem satisfatórios, como conta o historiador Milson Coutinho (1986, p.102)

              “Estava o povoado próximo ao rio Parnaíba, excelente porto, dispunha de Igreja-torre de pedra e cal com todas as alfaias, ficava próximo a Caxias das Aldeias Altas, ponto de comércio mais avançado e desenvolvido do interior da província, contava inúmeros engenhos, alta produção de algodão, arroz, milho e feijão, diversas lojas, artífices, artesãos, arruamentos simétricos, uma população que na sede ia para além de 500 vizinhos, etc.”.

Posteriormente, Alfredo da Cunha Martins, consegui aprovar a Lei nº 1.053 de 15 de junho de 1874, que embora sancionada pelo presidente da província não foi executada.

Dezenove anos depois, da sanção da primeira lei emancipatória, o deputado Martins Júnior apresentou projeto-de-lei requerendo a transformação do sitio em Vila. Exercia, interinamente, o governo do Estado, Alfredo da Cunha Martins, o primeiro propositor da emancipação. Usando a influência do cargo fez com que a Assembleia Legislativa aprovasse, sancionou e fez publicar a Lei nº 53 de 15 de maio de 1893, elevando à condição de vila o Sítio Curralinho.

O cumprimento da Lei deu-se em 31 de outubro de 1893, quando a Câmara Municipal da Vila de Buriti instalou oficialmente a Vila de Sant’Anna do Curralinho e, consequentemente, a Primeira Câmara Municipal, que foi responsável pelos passos iniciais do núcleo político-administrativo.

Os primeiros vereadores (1893-1896):

-Bernardo Antônio de Aguiar

-José Antônio de Araújo Bacelar

-Luiz Pereira do Lago Júnior

-Joaquim Diniz Nunes

-Ângelo Custódio Mendes

Ainda na mesma legislatura:

-João Batista da Silva

-Aureliano Leopoldino Pereira do Lago

A emancipação política da Vila de Sant’Anna do Curralinho, em 1893, sofreu diversos revertérios com a anulação do poder político-administrativo. A primeira extinção ocorreu através da Lei nº 529 de 1º de abril de 1910, quando a sede da Câmara Municipal e da Intendência passaram, novamente, para o controle da Vila de Buriti de Inácia Vaz.

Através da Lei nº 667 de 28 de abril de 1914 restituiu-se a independência da Vila e a nova instalação ocorreu em 3 de agosto de 1915; nova extinção ocorreu através do decreto-lei nº 75 de 22 de abril de 1931 e, mais uma vez, a Vila de Sant’Anna do Curralinho foi anexada a vila de Buriti. Após manifestações populares e forte pressão política o decreto nº 75 foi anulado através de outro decreto-lei, o de nº 121 de 12 de junho do mesmo ano, restaurando a soberania político-administrativa de Curralinho.

Satisfazendo a conjuntura política nacional, a Câmara do Curralinho foi, de novo, impedida de funcionar obedecendo ao decreto nº 9.398, que instituiu o governo provisório de Getúlio Vargas e dissolveu o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais. E, ainda, durante o Estado Novo, entre 1937 e 1945, as Câmaras Municipais foram fechadas e o poder legislativo dos Municípios extinto. Somente a partir de 1948 a *Câmara Municipal de Coelho Neto foi reaberta, definitivamente.

*O nome Vila de Sant’Anna do Curralinho foi mudado para Coelho Neto, através do Decreto-Lei nº 746 de 22 de dezembro de 1934, em homenagem ao escritor, político e professor, nascido em Caxias-MA, Henrique Maximiano Coelho Neto (1864-1934).

 

Fontes bibliográficas

COUTINHO, Milson. A cidade de Coelho Neto na história do Maranhão. Edições Sioge. São Luis.1986.

MACHADO, José Carlos Moraes. A origem e o processo de emancipação política do Município de Duque Bacelar.Uespi.2005

MACHADO, José Carlos Moraes. Atos da Câmara Municipal de Coelho Neto-Legislaturas:1959 a 1966.Inta.2007

REVISTA LEIA HOJE: enciclopédia do Maranhão/Coelho Neto. ano VI. Nº 50. junho. São Luís. AOC propaganda. 2000.

FOTOGRAFIA: Samuel Bastos


quarta-feira, 20 de setembro de 2023

RETRATO DO BRASIL: POLÍTICOS ASSALTAM A SOCIEDADE INDEFESA

 

Dois dos principais jornais do País, em seus respectivos sites, trazem o retrato da usura pelos políticos, do bolso da sociedade. O UOL informa que senadores abocanharam mais de 1 bilhão de reais através de uma manobra no orçamento da Defesa do governo Bolsonaro. Apenas Davi Alcolumbre (União Brasil) levou 264 milhões em verbas públicas.

Já o Estadão mostra que representantes da Câmara Alta aproveitam uma brecha legislativa para contratarem assessores sem concurso público, dentre eles Eduardo Gomes (PL), que emprega 82 apaniguados em seu gabinete; Rogério Carvalho (PT), que banca 77 convivas com nosso dinheiro; e Randolfe Rodrigues (Sem Partido), generoso patrão de 67 aspones.

Ao mesmo tempo, aqui e acolá, ficamos sabendo que o presidente Lula está gastando, ou melhor, já gastou – pois pagos antecipadamente, em julho – mais de 7 milhões de reais em sua milionésima viagem internacional nestes 9 meses de terceiro mandato, desta feita aos EUA com direito a uma esticadinha básica em Cuba, o nirvana do socialismo de araque.

E na esteira das informações do dia, fiquei sabendo que mais da metade dos municípios brasileiros, especificamente 56% deles (3.132 cidades), têm renda familiar média abaixo da chamada linha da pobreza, ou seja, menos de 500 reais por mês. Façam as contas e vejam quantas famílias poderiam ser sustentadas com a atual viagem presidencial.

Eu não sei quanto a vocês, leitores e leitoras “querides”, mas meu saco está cada vez mais cheio dessa canalhice toda. Talvez na mesma proporção que meu bolso fica vazio, já que metem as mãos grandes atrás de financiamento para a própria farra. E ainda vêm com o papinho furado de reforma tributária para melhorar a vida dos mais pobres. Çey!!

 

RICARDO KERTZMAN

18/09/2023 - 12:25


quinta-feira, 31 de agosto de 2023

FLÁVIO DINO TODO ENROLADO COM AS IMAGENS DO 8 DE JANEIRO...

Ministro que desmoralizou os próprios colegas do Congresso Nacional ao afirmar que só entregaria as gravações dos atos golpistas com determinação do STF é o mesmo que agora diz nada saber sobre o sumiço das imagens por não ser gestor de contrato; mas se havia ou não fatos graves nos vídeos, a culpa pelo sumiço só pode ser atribuída a quem comanda o ministério, ele próprio, no caso

 Análise da Notícia

3 de agosto de 2023. O ministro da Justiça Flávio Dino (PSB), do auto de sua arrogância, responde assim a uma cobrança do Congresso Nacional por acesso às imagens gravadas nos prédios dos Três Poderes durante os atos golpistas de 8 de janeiro:

– Eu espero que o Supremo autorize, mas não sou eu que vou descumprir a lei para atender a pressão ou chantagem de gente delirante, que acha que tem uma imagem minha aqui reunido, tramando a invasão do Congresso. O Supremo autorizando, eu entrego no mesmo dia.

30 de agosto de 2023. Acuado após revelações de que as imagens que estavam em poder do Ministério da Justiça foram apagadas, Flávio Dino responde assim à pressão da imprensa e da classe política:

– É problema contratual. Eu não sabia disso. Não sou gestor de contrato, sou ministro da Justiça. A Polícia Federal veio aqui e recolheu o que precisava. Só soube agora quais imagens a PF recolheu. Eu não conheço o inquérito, está tudo sob sigilo.

O Flávio Dino arrogante da primeira resposta é o mesmo coitadinho que tenta se esquivar das responsabilidades quase um mês depois de desmoralizar seus colegas de Congresso.

 Mas as duas falas mostram apenas um fato: o ministro da Justiça está todo enrolado com essas imagens dos atos golpistas.

E se vai aparecer ele próprio, disco voador ou prova terraplanismo nesses vídeos, ninguém mais pode saber.

 E a culpa disso não pode ser de ninguém mais que o próprio ministro da Justiça.

É simples assim…

 

Do Blog do Marco Aurélio D’Eça