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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

AFINAL, QUAL A DIFERENÇA ENTRE PANDEMIA E EPIDEMIA?

 

Apesar de se tratarem sobre temas médicos, doenças, muitas vezes, fatais, epidemia e pandemia são termos diferentes. Possuindo características essenciais para entender os principais pontos que separam os temas.

Uma epidemia pode ser caracterizada quando uma doença específica acontece em diversas regiões, mas por um tempo limitado — eventualmente ela acaba sendo controlada, seja por vacina ou tratamentos alternativos.

Um exemplo de epidemia é a Peste Negra, que atingiu quase toda a Europa e parte da Ásia entre os anos de 1333 a 1351. A varíola também entra nesse segmento, pois foi transmitida da Europa para a América, no século 16.

A pandemia, no entanto, é o pior dos casos, pois afeta as pessoas em nível global, quando uma enfermidade afeta diferentes regiões do planeta. Uma epidemia não interrompida pode tornar-se uma pandemia. Isso se deve quando não há vacinas e o número mortuário se mostra altíssimo. As infecções em si são as causadoras das mortes — por isso se espalham tão facilmente —, como no caso da gripe suína, que fez vítimas em todos os continentes.

Outros termos como surto e endemia também se encaixam neste tópico. Sendo que surto é a grande quantidade de casos de uma doença em um local apenas. E, endemia que está mais relacionado à frequência com a qual um diagnóstico é feito no mesmo local, do que ao número quantitativo; uma endemia pode ser considerada como oposto geográfico de uma pandemia.

Fonte AH


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

FUTEBOL E ÍCONES COMUNISTAS: AS CONTROVERSAS TATUAGENS DE DIEGO MARADONA

 

Em 1977, o argentino Diego Maradona jogava pela primeira vez pela Seleção Argentina. Naquele ano, ele participou de um amistoso contra a Hungria, estreando sua participação no time de seu país natal. Polêmico, o futebolista ainda não foge de oportunidades de dar opiniões sobre política.

As tatuagens de personalidades importantes de esquerda são uma marca de Maradona. O guerrilheiro argentino Che Guevara descansa em seu ombro direito e o comandante cubano Fidel Castro está em sua panturrilha esquerda.

Quando questionado sobre a primeira tatuagem, em 2000, apenas disse: “também sou um rebelde neste mundo”. A segunda veio depois, quando foi “salvo” por Castro. “Isto de estar vivo tenho de agradecer ao Barbudo (Deus) e… ao Barbudo (Fidel)”, escreveu em sua autobiografia Eu sou El Diego (2000). “Tudo o que ele fez por mim não tem pagamento”, afirmou.

A gratidão expressada por Maradona diz respeito ao período que passou em Cuba para cuidar de sua saúde. Os vícios, tanto em álcool como em cocaína, fizeram com que seu coração ficasse muito debilitado e funcionasse apenas 38% de sua totalidade. Assim, permaneceu em reabilitação em uma clínica cubana durante muitos meses.

O primeiro encontro de Castro e o argentino foi em 28 de julho de 1987, quase um ano depois de a Seleção Argentina conquistar o Mundial do México em 1986. Segundo o jogador de futebol, eles beberam e comeram ostras — até mesmo trocaram receitas de cozinha de família. A amizade só iria crescer ainda mais.

Em 2016, o líder cubano faleceu, o que causou tristeza ao amigo mesmo a milhares de quilômetros de distância. “Foi como outro pai para mim. O único comandante. Ao fim da Copa, vou à Cuba para me despedir de um amigo. Ele [me] abriu as portas de Cuba quando na Argentina as fecharam”, disse ao canal TyC Sports pouco tempo depois de saber da morte.

“Morreu o meu amigo, o meu confidente, o que me dava conselhos e que me ligava a qualquer hora para falar de política, de futebol, de basebol (…). Como nunca se enganou, para mim Fidel é, foi e será eterno, único, o maior. Dói-me o coração porque o mundo perdeu o mais sábio de todos”, escreveu também em homenagem a Castro em sua página no Facebook.

Fonte: AH


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

ARQUEÓLOGO ACREDITA TER ENCONTRADO A CASA ONDE JESUS CRISTO PASSOU SUA INFÂNCIA

 

De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Times nesta segunda-feira, 23, o arqueólogo, pesquisador e professor inglês, Ken Dark, acredita ter encontrado o local que serviu como casa para Jesus Cristo em sua infância.

Segundo a publicação, o arqueólogo — que estuda o tema há 14 anos —, afirma que uma casa antiga remontada no século 1, em Nazaré, pode ter sido o lar de Jesus, Maria e José. Sabe-se que o local alvo da pesquisa agora está incorporado a uma caverna natural, apenas uma escada de pedra sobreviveu aos anos. Para Ken, a residência possuía anteriormente vários quartos, um pátio e um terraço.

De acordo com a matéria, a região em questão já havia sido pesquisada na década de 1930, mas, na ocasião, especialistas descartaram a ideia de classificar as ruínas do local conhecido como o Convento das Irmãs de Nazaré.

Através de seu novo livro: As Irmãs do Convento de Nazaré: um período romano, bizantino e cruzado no centro de Nazaré — que será publicado oficialmente em 26 de novembro, Dark faz novas revelações em seus estudos sobre as ruínas, como, a hipótese de que a casa tenha sido construída por um excelente carpinteiro, profissão que acredita-se ter sido a de José. 

A pesquisa do professor também revela a construção de uma igreja na parte superior da residência, feita com mosaicos e mármores. Para o pesquisador, as características batem com a de uma igreja bizantina construída no século 7, supostamente feita no local em que Jesus havia passado sua infância.

Contudo, o arqueólogo reitera que não há evidências que consigam comprovar suas teorias. O homem usa a justificativa de que provar a autenticidade qualquer hipótese relacionada à época seria muito difícil, dada à falta de evidências anteriores.

Jesus de Nazaré, além de uma entidade religiosa, foi uma figura histórica. Trata-se de um homem de origem judaica nascido na Galileia na primeira metade do século I, foi carpinteiro, discípulo de João Batista e um resistente da ocupação romana na Judeia, até se tornar imagem central da religião cristã.

Acreditam que Jesus passou pelo menos um ano sendo rabino na região do Mar da Galileia, antes de sua crucificação, supostamente na Páscoa de 30 d.C., como forma de resistência às elites que dominavam Jerusalém.

Jesus era considerado um profeta e disseminador de uma ética religiosa, e suas parábolas eram considerados reflexões sobre Deus e a resistência em uma realidade de opressões políticas. Por esse motivo, foi perseguido pelas autoridades da Judeia e condenado à morte por crucificação pelos romanos, governados por Pôncio Pilatos. Segundo a tradição religiosa, Jesus teria retornado da morte como Rei dos Judeus três dias após o óbito.

Fonte: AH


terça-feira, 24 de novembro de 2020

JEAN-LOUIS B.: O HOMEM QUE FOI CONDENADO EM 9 MIL EUROS POR NÃO FAZER SEXO COM SUA ESPOSA

 

Não há como negar, um dos pilares de uma boa relação saudável é o sexo. Diversos estudos comprovam isso. Um dos mais recente, por exemplo, publicado em 2017 no periódico científico Personality and Social Psychology Bulletin, mostra que casais dos EUA e da Suíça — sejam aqueles com filhos ou os que se uniram mais recentemente — que mantêm uma frequência sexual maior, sentem e demonstram muito mais afeto e intimidade entre si, mesmo horas depois das relações.  

“Sexo faz você se sentir bem, não só porque libera endorfinas e hormônios, mas também porque você se torna mais afetivo, seja mulher ou homem”, explica Anik Debrot, coautora do estudo e psicóloga da Universidade de Lausanne, na Suíça, em entrevista à BBC.  

Para Debrot, o estudo só mostrou algo que era explicito para muitos: manter uma vida sexual ativa é importante para qualquer relacionamento. “Quanto mais sexo eles tiveram, em geral, mais afeto. Menos sexo, menos afeto. O sexo precisa ser mantido e reabastecido. Muitos terapeutas gostam de dizer que o sexo é apenas 20% de um relacionamento, mas na minha experiência, quando os casais não estão tendo relações sexuais, pode corresponder a 100% de um relacionamento.” 

Apesar disso, ela acrescenta que nessa equação não se conta apenas o ato sexual de fato. “Momentos eróticos ou sexualmente excitantes foram tão preditivos de emoções positivas quanto o ato em si”. 

E foi justamente por esse motivo que um caso chamou a atenção em 2011. Quer dizer, não pela frequência do ato, mas pela falta dele.  

O caso Jean-Louis B. 

Na ocasião em questão, um francês foi processado por sua ex-mulher por não ter feito sexo o suficiente com ela no período em que os dois ficaram casados: pouco mais de 21 anos, período no qual tiveram dois filhos na Riviera Francesa.  

Com 51 anos na época, o homem identificado apenas como Jean-Louis B. foi enquadrado pelo artigo 215 do código civil da França, que diz que casais devem concordar com uma “vida comunal compartilhada”.  

Segundo declarações de sua mulher ao tribunal de Aix-en-Provence, apesar das mais de duas décadas de união e dos dois frutos da relação, Jean-Louis se demonstrou pouco inspirado como o passar dos anos, sendo “o único responsável” pela falta de momentos mais quentes no quarto do casal. 

De acordo com o rapaz, a falta de ‘atenção’ se dava por problemas de saúde e pelo estresse do trabalho. “A relação sexual entre marido e mulher é a expressão de afeto que têm um pelo outro e, neste caso, estava ausente”, declarou o juiz ao anunciar que Jean-Louis seria condenado a pagar 9.000 euros, algo na casa dos 21 mil reais, segundo a cotação da época. 

"Ao se casar, os casais concordam em compartilhar suas vidas e isso claramente implica que eles farão sexo um com o outro”, sentenciou. A notícia foi repercutida em diversos veículos pelo mundo, como o Daily Mail e The Telegraph. 

Além da abstinência sexual, a violência e a infidelidade são os motivos mais citados por casais franceses na hora do divórcio. Entretanto, o caso como o de Jean-Louis, com uma condenação financeira, é extremamente raro no país. A última vez que algo semelhante havia ocorrido, foi há mais de 10 anos, em 2000. 

Segundo uma pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública, na época, que foi repercutida do Daily Mail, entre mil adultos entrevistados, 76% deles disseram “sofrer de problemas de relacionamento devido a uma vida sexual pobre”. Outros 50% também falaram que “não sentiam desejo” de fazer sexo.  

Mais de um terço das francesas confessou citar dores de cabeça, fadiga ou "não na frente dos filhos" como desculpas para não se relacionarem. Já um em cada seis homens admitiu desculpas semelhantes. Além disso, os números mostram que um em cada três casamentos franceses tradicionais termina em divórcio.

Fonte: AH


sábado, 21 de novembro de 2020

O MAIOR TRAIDOR DA HISTÓRIA: AFINAL, JUDAS ISCARIOTES REALMENTE EXISTIU?

 

Hoje em dia, o termo Judas é sinônimo de traidor. Segundo o que conhecemos, esse discípulo vendeu Jesus aos soldados Romanos por míseras 30 moedas de prata, levando-o à morte pela crucificação. Assim, qualquer indagação sobre a existência de um Judas histórico foi suprimida por mais de 2 mil anos de escritos cristãos que o colocaram no papel de vilão.

"Ninguém conseguiu localizar nenhuma fonte de Judas independente das recontagens das narrativas do Novo Testamento", escreveu Susan Gubar, da Universidade de Indiana Bloomington, em sua obra Judas: uma biografia. “Poucos versículos são dedicados a Judas na Bíblia, e eles concordam apenas em ele ser o discípulo que entregou Jesus às autoridades de Jerusalém.”

Os Atos dos Apóstolos, assim como os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João, contam apenas a história da traição de Judas. Não há menção ao seu local de nascimento, de morte ou família. Mas todos concordam que esse homem, por um motivo ou outro, entregou o Messias às autoridades romanas em troca de moedas.

Os quatro evangelhos o descrevem como a encarnação do mal. Em alguns relatos, Judas foi dominado pelo espírito do diabo. Em outros, ele era conhecido apenas por ser um ladrão.

Entretanto, outras versões são levantadas: alguns historiadores afirmam que ele é o representante de uma facção de judeus radicais, os Zelotes, que queriam se aliar politicamente com Jesus para confrontar os romanos.

Nesse caso, entregar o messias não seria traição, mas uma tentativa de testar se o mártir poderia liderar os Zelotes em uma revolta contra seus opressores estrangeiros. Ato perpetrado por um grupo de pessoas, mas que historicamente foi personificado por apenas um homem: Judas, o Traidor.

Fonte: AH


sexta-feira, 20 de novembro de 2020

HÁ 325 ANOS, ZUMBI DOS PALMARES ERA MORTO E EXPOSTO EM PRAÇA PÚBLICA

 Neste dia, há exatos 325, morria o homem conhecido como Zumbi dos Palmares. Nascido na Capitania de Pernambuco, em pleno Brasil Colonial, ele tornou-se um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior da época.

Tido como o herói do mocambo — sinônimo moderno utilizada para os quilombos —, ele ainda ganhou o apelido de Zumbi, o senhor da guerra. Filho de negros, o menino, que chamava Francisco, nasceu livre, mas foi escravizado aos seis anos.

Quando adulto, o jovem foi inserido em um acordo com o qual ele não concordava. Indignado com a liderança do Quilombo dos Palmares, que já existia desde a década de 1580, Francisco assumiu o posto, tornando-se o Zumbi, aos 23 anos.

No total, Zumbi liderou o mocambo durante 17 anos. Dessa posição, o jovem ganhou tanta influência que, hoje em dia, é considerado um símbolo da resistência negra, segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

“O Zumbi representa simbolicamente uma voz, uma força, que se levanta em um sistema escravista e colonial”, explica a ficcionista Carla Caruso, autora do livro Zumbi: O último herói dos Palmares. “Ele lutou para manter esse sistema fora do sistema”.

Na opinião da escritora, que produziu o livro ficcional inspirado na luta de Zumbi, tudo que ele queria era dar continuidade à hegemonia do quilombo. Ainda assim, é importante ressaltar que Francisco “nunca lutou pela libertação dos escravos”, por mais que ele tenha se tornado o símbolo “de uma luta por autonomia, pelo ser livre”.

Pai de três filhos, Francisco era casado com Dandara, uma das maiores guerreiras negras do período colonial. Embora fosse, de fato, um símbolo, no entanto, Zumbi não fugiu dos boatos e das conspirações que o perseguiram no futuro.

Como toda figura histórica, então, Zumbi dos Palmares tornou-se um personagem chave do Brasil. Da mesma forma, ele passou a ter seu nome envolvido em algumas polêmicas — fossem elas embasadas em documentos, ou não.

Foi assim que nasceu a ideia, por exemplo, de que Zumbi nunca foi o verdadeiro herói dos Palmares, mas sim Ganga-Zumba. Junto dessa, outra teoria diz que, seguindo as tradições coloniais, Zumbi tinha seus próprios escravos.

Para a autora, então, a teoria de que Zumbi teria escravizado outras pessoas é bastante complexa. Mas tudo começa pela ideia de que “o sistema da época era escravista, então muitos escravos libertos começavam a ter seus próprios escravos”. Contudo, não é possível afirmar, a partir de documentos históricos, por exemplo, que Zumbi tinha seus próprios escravos.

“É sabido que na Angola, por exemplo, e em muitos outros sistemas africanos, as pessoas pagavam suas dívidas com filhos ou sobrinhos, que iam trabalhar de escravos”, esclarece Carla. “Então o sistema da escravidão, essa troca, essa forma de trabalho, existia em algumas regiões da África.”

Ainda assim, na opinião da autora, é importante ressaltar que existem diferenças entre os sistemas escravistas. “Uma coisa é o sistema escravista, outra foram os brancos, as grandes potências, terem usado essa característica cultural para arrastar um contingente de pessoas e escravizá-las em outro país.”

Zumbi acabou sofrendo como o líder de qualquer movimento. Perseguido pelos supremacistas da época, foi morto no dia 20 de novembro de 1695 — e Dandara, por sua vez, cometeu suicídio.

Era o fim de um movimento, de uma voz pulsante e de um homem que lutava por seus ideais. Como o representante que era, Zumbi também morreu nas mãos de homens que colocaram seus restos em exposição, como se sua morte fosse um aviso.

Séculos mais tarde, a Lei 12.519, instaurada em 2011, declarou que o dia da morte de Francisco seria o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Foi assim que uma voz se tornou movimento, se tornou punhos erguidos na esperança por igualdade.

Fonte: AH


quarta-feira, 18 de novembro de 2020

HÁ 42 ANOS, ACONTECIA O SUICÍDIO EM MASSA EM JONESTOWN

 

Jim Jones era um manipulador nato. Para ele, guiar multidões e fazer discursos convincentes eram atividades fáceis e, quando se tornou líder de uma seita, o homem teve pouquíssimos problemas relacionados à confiança de seus seguidores.

Fascinado pela morte, Jim lia muito sobre personalidades como Adolf Hitler e Josef Stalin. Através dessa literatura, inclusive, ele descobriu novas formas de guiar seus fiéis, bem como diferentes métodos para convencer e manipular novos membros de sua seita.

Tendo disseminado a ideia de uma América unida e íntegra, ele chegou a ter 50% de seu grupo de fiéis composto por afros-americanos. Para eles, Jim prometia direitos civis igualitários e uma sociedade sem preconceitos.

Tamanha foi a retórica do líder messiânico que, há exatos 42 anos, no dia 18 de novembro de 1978, os fiéis seguiram Jim em um episódio trágico. Guiadas pelo homem, cerca de 900 pessoas participaram de um dos massacres mais assustadores da história.

Aos seus seguidores, todos membros do chamado Templo do Povo, Jim Jones dizia ser a reencarnação Jesus, Buda e Lenin. Com uma base de fiéis bastante sólida, então, ele fundou Jonestown, uma comunidade na Guiana, no meio da floresta Amazônica.

No local, que logo se tornaria o palco para o terrível suicídio coletivo, o líder religioso planejou friamente cada detalhe do episódio macabro. Tido como progressista, Jim ensaiava o massacre frequentemente nas chamadas "noites brancas".

Em verdadeiras simulações, o líder manipulador explicava minuciosamente cada passo que os membros do Templo teriam de seguir no dia do suicídio. O plano, nesse sentido, era simples: eles só deveriam tomar uma considerável quantidade de veneno.

Mesmo após dezenas de ensaios, no entanto, aquele trágico dia 18 de novembro não saiu como Jim esperava. Enquanto muitos de seus seguidores, de fato, acompanharam o plano como o líder mandou, outras dezenas de fiéis saíram do roteiro.

No dia do massacre, diversos membros do Templo do Povo se recusaram a beber a mistura de cianeto, calmantes e um suco artificial. Chamado de Kool-Aid, o drink mortal seria o responsável por arrancar a vida dos seguidores de Jim.

Quando muitos deles disseram “não” para as ordens do líder, no entanto, uma verdadeira cena de terror tomou conta de Jonestown. Em minutos, centenas de suicídios e execuções cobriram a grama da comunidade.

Enquanto adultos envenenavam os próprios filhos e, em seguida, tomavam a bebida mortal, outras dezenas de pessoas eram assassinadas. Quase todos aqueles que tentavam fugir do local foram fuzilados a mando de Jim Jones.

Mais tarde, descobriu-se que o veneno usado pelo grupo também foi injetado em dezenas de pessoas, mesmo contra a vontade delas. Muitos corpos contavam até mesmo com perfurações, o que indica que essas pessoas foram esfaqueadas.

No total, apenas 35 membros do grupo sobreviveram ao massacre e contaram os absurdos vividos naquele dia. Outras 909, no entanto, não tiveram a mesma sorte e tornaram-se parte de ums dos episódios mais obscuros da história moderna.

De repente, a comunidade que nasceu com o intuito de oferecer um espaço de ajuda mútua estava manchada com o sangue dos seguidores de Jim Jones. Antes responsável por boas atitudes, o grupo foi dizimado por seu próprio líder.

Ao contrário de seus fiéis companheiros, no entanto, Jim Jones não seguiu os próprios comandos. Segundo as investigações da época, o líder religioso não consumiu o veneno distribuído para os integrantes da seita, mas também acabou morto naquele dia.

Acontece que Jim foi encontrado já sem vida pelos oficias, vítima de um tiro na cabeça. Até hoje, entretanto, mesmo décadas mais tarde, ainda não se sabe se ele cometeu suicídio, ou se o homem manipulador foi assassinado por um dos membros do Templo.

Fonte: AH


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

'PROSPERIDADE AO BRASIL': A DESPEDIDA DE DOM PEDRO II APÓS A QUEDA DA MONARQUIA

 

Em 15 de novembro, o país relembra os 131 anos da Proclamação da República. Além da instauração do presidencialismo, com Marechal Deodoro da Fonseca sendo o primeiro presidente do país, a data também marca quando os membros da Família Imperial brasileira seguiram para o exílio na França e no Império Austro-húngaro.  

Quando a proclamação foi declarada, Dom Pedro II, que deixou de ser imperador do Brasil, estava na Cidade Imperial. Foi em solo carioca, inclusive, que ele recebeu um telegrama informando a queda da Monarquia no país.  

Manifestando seu descontentamento, Pedro II chegou a escrever uma carta, que foi destinada ao Governo Provisório, em 16 de novembro. No documento, ele também deseja prosperidade ao Brasil. Confira: 

"A vista da representação que me foi entregue hoje, às três horas da tarde, resolvo, cedendo ao império das circunstâncias, partir com a minha família para a Europa, amanhã, deixando assim a pátria, de nós estremecida, à qual me esforcei por dar constante testemunhos de entranhado amor e dedicação durante meio século que desempenhei o cargo de Chefe do Estado. Na ausência, eu, com todas as pessoas da minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo ardentes votos, por sua grandeza e prosperidade". 

A carta foi endereçada a Deodoro, do qual recebeu a seguinte resposta: “...o Governo Provisório espera do vosso patriotismo o sacrifício de deixardes o território brasileiro, com a vossa família, no mais breve termo possível. Para esse fim se vos estabelece o prazo máximo de vinte e quatro horas, que contamos não tentareis exceder”. 

Maurício Vicente Ferreira Júnior, historiador e direto do Museu Imperial, localizado em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, disse que antes de receber a resposta do Marechal, Pedro II fez uma anotação demonstrando seu desejo de ficar por aqui. “Os documentos mostram que ele queria permanecer no Brasil”, explica. 

Em outro documento ele diz: "Até hoje de manhã esperava poder me conservar em paz no país que tanto amo. Infelizmente, desde poucas horas, acho-me sob o peso da profunda mágoa de ver-me privado da liberdade, que nunca neguei a nenhum brasileiro...". No próprio dia 15, ele chegou a escrever um poema em seu diário discorrendo sobre o momento político do país (o trecho pode ser visto na imagem acima). 

Apesar dos seus desejos, Dom Pedro II, sua esposa Teresa Cristina, junto de Isabel, seu esposo D. Gastão e os filhos D. Pedro de Alcântara, D. Luís e D. Antônio Gastão, além de Pedro Augusto, filho mais velho da falecida Leopoldina, partiram até o cruzador Parnaíba e, de lá, foram até a enseada de Abraão, na região de Angra dos Reis, quando se dirigiram até o vapor Alagoas — que os traria para a Europa.  

O trajeto de volta até o velho continente durou 20 longos dias. No primeiro deles, Maria Amanda, chamada de Amandinha no círculo imperial, esposa de Franklin Américode Meneses Dória, barão de Loreto, que acompanharam, por vontade própria, o imperador durante o exílio, relatou em seu diário como foi o percurso. “O mar estava um pouco agitado e, temendo enjoo, que me é inevitável, fui entrinchei­rar-me no beliche, onde me deitei com vivas saudades e lembranças de origens diversas”. 

Pelos escritos da baronesa, é possível notar o sentimento de conformidade entre a família real. Quando discutiam política na embarcação, por exemplo, a palavra mais dita entre eles era “saudade”. Para tentar esquecer o que passou, Pedro II criou o hábito de rodas noturnas de leitura.  

No novo capítulo, era possível notar a família imperial com traços de simplicidade. Sem desfrutar de banquetes ou festas. Um dos únicos momentos requintados ocorreu em 2 de dezembro, aniversário de Pedro II. Naquele dia, uma garrafa de champanhe foi aberta em uma celebração. “Brindo à prosperidade do Brasil”, declarou ou imperador ao erguer a taça. 

Apesar de Dom Pedro II não se importar com a sofisticação, segundo os relatos da baronesa, muitos de seus costumes não mudaram, como a generosidade. Em uma escala na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, por exemplo, ele fez uma generosa doação a um padre local para que ele distribuísse aos pobres.  

Apesar disso, um dos pontos que mais chamou a atenção na viagem foi o comportamento estranho de Pedro Augusto, neto mais velho do imperador, que desde seu nascimento estava sendo preparado para assumir o trono. O jovem, entretanto, tinha tendências paranoicas e sofreu surtos psicóticos durante a viagem. 

Amandinha, assim como todos que estavam na embarcação, atribuíram os surtos de Pedro Augusto à movimentação do navio. “Todas essas manobras só têm servido para assustar o príncipe dom Pedro Augusto, que, desde ontem, sofre de superexcitação nervosa, se acha possuído de pânico e pensa que estamos todos perdidos e não chegaremos a Lisboa. O seu estado é lastimável”, narra. 

A chegada a Lisboa, no dia 7 de dezembro, porém, não foi uma das mais prósperas para a família imperial. Três semanas depois, dia 28, a imperatriz Teresa Cristina pereceu devido a um infarto. Segundo a baronesa, a fatalidade foi culpa da República. “Desde que saiu do Brasil, ela mostrava-se impressionada pelos horrorosos acontecimentos tão sabidos. Eles, sem dúvida, concorreram para a sua morte”. 

A constatação é corroborada com as palavras ditas pela própria imperatriz em seu leito de morte. “Não morro de doença. Morro de dor e de desgosto". "Sinto a ausência das minhas filhas e de meus netos. Não posso abençoar pela última vez o Brasil, terra linda ... não posso lá voltar". 

A despedida de Teresa Cristina, inclusive, foi o momento mais marcante descrito pela baronesa. Apesar das amantes que teve, Pedro II tinha uma intensa relação com a imperatriz. Sua morte lhe causou profunda tristeza.  

“Antes de soldar-se a urna, o imperador quis despedir-se da imperatriz e mandou chamar a todos nós para fazermos também nossas despedidas”, escreveu Amandinha. “Não se pode descrever a dor dos príncipes e a nossa. Beijamos-lhe a mão e choramos copiosamente sobre o seu corpo sem vida”. 

Conhecido por ser discreto, Dom Pedro II não conseguiu segurar suas emoções, chorando copiosamente. “Ele abraçou a sua muito amada esposa soluçando e foi logo retirado dali pelo Mota Maia [médico da família]. A princesa beijou sua santa mãe repetidas vezes; o mesmo fizeram os príncipes, e nós beijamos a mão de nossa imperatriz, que fora sempre tão boa e carinhosa”.

Fonte: AH

terça-feira, 10 de novembro de 2020

HÁ 82 ANOS COMEÇAVA A TRISTE NOITE DOS CRISTAIS QUEBRADOS, QUE MARCOU O COMEÇO DO HOLOCAUSTO

 

A manhã de 7 de novembro de 1938 mudou para sempre a história da humanidade, tudo começou a partir de um atentado cometido pelo judeu Herschel Grünspan, contra o diplomata alemão Ernst vom Rath. Na ocasião, Grünspan comprou um revólver e saiu em direção à embaixada alemã com intuito de vingança. Ao chegar no local, ele pediu para ser levado até a sala de vom Rath. Sem pensar duas vezes, o jovem sacou sua arma e disparou cinco tiros em Ernst  

O rapaz estava transtornado, já que assim como havia acontecido com outros judeus, sua família também foi expulsa da Alemanha no final de outubro daquele ano. No caso dos familiares de Grünspan, eles não foram aceitos na Polônia como deveriam e passaram dias vivendo na fronteira em condições terríveis.

Revoltado, o judeu cometeu o atentado na tentativa de chamar atenção para o que estava acontecendo. Contudo, a morte de Ernst — que não sobreviveu aos ferimentos que afetaram principalmente seu estômago —, foi usada pelo Terceiro Reich para proibir crianças judias de frequentar escolas na Alemanha, além de suspender atividades culturais, revistas e jornais. Vom Rath teve a morte anunciada em 9 de novembro daquele ano, gerando e uma onda de ira popular e dando início a um verdadeiro pesadelo na Alemanha.

Na ocasião, Adolf Hitler não se manifestou diretamente sobre o episódio. Entretanto, Joseph Goebbels, ministro de Propaganda do Partido Nazista, realizou um discurso em que pedia vingança pela morte de Ernst.

Na mesma noite de 9 de novembro, as unidades da Sturmabteilung (SA, algo como Destacamento Tempestade, na tradução para o português), organização paramilitar ligada ao Partido que funcionava como uma milícia, interpretaram o discurso como uma ordem e iniciaram um pogrom, ou seja, um linchamento em massa contra os judeus.

Cerca de 7.500 mil lojas tiveram suas fachadas de vidro destruídas pelos nazistas — foi a partir daí que surgiu o nome Noite dos Cristais Quebrados. Na época, 1.400 mil sinagogas foram alvo de ataques, além disso, residências judias foram roubadas e até lápides de cemitérios foram arrancadas. Nesse momento, já não havia dúvidas de que o caos tinha tomado conta das ruas na Alemanha.

Aos gritos, judeus eram cruelmente espancados. Cem deles perderam a vida durante o linchamento. Em seguida, 30 mil foram levados para campos de concentração, administrados pela SS. O rescaldo foi tão insólito quanto o pogrom. 

Os nazistas por sua vez, afirmaram que os linchamentos não foram organizados e que os semitas provocaram o povo. Além do sofrimento, as vítimas foram impedidas de receber os pagamentos de seguro pelas perdas.

No dia 12 de novembro, durante uma reunião, os judeus alemães receberam uma multa coletiva de 1 bilhão de marcos (antiga moeda usada por países latino-germânicos) pela morte de Vom Rath. A Noite dos Cristais Quebrados serviu para acelerar o processo de produção de uma "raça" ideal, um capítulo que a Alemanha lamenta até hoje. 

Fonte: AH


sexta-feira, 6 de novembro de 2020

PARA CONTROLAR NOVA MUTAÇÃO DO CORONAVÍRUS, MILHÕES DE VISONS SÃO SACRIFICADOS NA DINAMARCA

 

Através de um anúncio oficial, a Dinamarca informou que irá sacrificar 17 milhões de visons, esses animais são parecidos com doninhas, a criação deles é comum em fazendas para a fabricação de peças de roupa.

As autoridades dinamarquesas afirmam que uma mutação do vírus Sars-CoV-2, nos animais, já infectou 12 pessoas no país, a mutação ameaça a eficácia de uma futura vacina para humanos contra o novo coronavírus e afeta os atuais projetos.  

"O vírus que sofreu mutação através dos visons poderia representar um risco de que futuras vacinas não funcionem como deveriam. É preciso sacrificar todos os visons", afirmou a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen.

Contudo, sabe-se que a mutação viral é comum, mas, não é possível determinar as consequências que elas trariam, afirmam cientistas. “Continuar com a criação destes visons suporia um risco muito elevado para a saúde pública, tanto na Dinamarca quanto no exterior", disse Kaare Molbak, encarregado da Autoridade Dinamarquesa de Controle de Doenças Infecciosas (SSI). Até o momento, sabe-se que a Dinamarca já sacrificou cerca de 1,2 milhão de visons.

Fonte: G1


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

AS MORTES DA ESPOSA E FILHOS: O DESCONHECIDO CAPÍTULO DA VIDA ÍNTIMA DE JOE BIDEN

 

Era 1972 quando Joe Biden entrava no mundo da política, ao iniciar sua carreira como senador. Parecia que a sua vida estava apenas começando sendo guiada para um futuro brilhante. No entanto, um trágico evento naquele ano marcaria a sua história,

Isso porque o episódio marcou as tristes mortes de sua primeira esposa, Neilia Hunter, e sua filha, Naomi, num acidente de carro. Aquele momento moldaria para sempre o modo como o político se comporta em público e a sua vida pessoal.

Biden conheceu Hunter em 1963 enquanto passava suas férias de primavera em uma praia de Nassau. Ela ainda estava no segundo ano da graduação, na Syracuse University, e ele no terceiro ano, na University of Delaware. Logo se aproximaram. 

Todavia, só se tornariam um casal em 1966, quando trocaram votos matrimoniais, depois da primeira formação de Biden. Ele, então, decidiu se mudar para Syracuse com o objetivo de começar os estudos em direito, e carregando o sonho de posteriormente entrar na política.

Anos depois, com os dois já formados, se mudaram para cidade de Wilmington, no Estado de Delaware. Lá ele começou a exercer a advocacia como advogado, ganhando logo depois, em 1970, uma cadeira no Conselho do Condado de New Castle. 

A essa altura o casal já planejava constituir uma família, e acabou que o casamento gerou três filhos: Beau, Hunter e Naomi, a última apelidada de Amy. Com uma família e um casamento estável, Biden decidiu que era a hora de seguir o sonho.

Em 1972, ele iniciou uma campanha eleitoral ao lado de sua esposa, que exerceu um papel fundamental para vitória de seu companheiro. Ele, com apenas 30 anos, concorreu pela primeira vez como senador estadual em Delaware. Em ato inédito tirou a cadeira do republicano J Caleb Boggs com sucesso.

Entre mil maravilhas, uma tragédia estava por vir. De acordo com o Yahoo UK, semanas após ser eleito, Biden recebeu uma ligação que resultaria numa mudança radical em sua vida. No momento ele estava em Washington DC, entrevistando pessoas para participar de seu novo gabinete, no entanto, seus planos mudaram rapidamente após o telefonema.

Neilia e Naomi - de somente 13 meses - haviam sido vítimas de um acidente de carro que acabou por tirar suas vidas. Seus outros dois filhos, Hunter e Beau, que na época tinham quatro e três anos, estavam envolvidos no triste episódio, mas escaparam vivos, apesar do estado crítico. 

Em 2015, em um discurso em Yale, Biden relembrou o momento em que recebeu a notícia mais difícil de sua vida: “Seis semanas após minha eleição, todo o meu mundo foi alterado para sempre”, contou ele. “Enquanto estava em Washington contratando, recebi um telefonema. Minha esposa e três filhos estavam fazendo compras de Natal, um reboque de trator os atingiu e matou minha esposa e minha filha. E eles não tinham certeza de que meus filhos viveriam”.

Em 2008, ele também falou sobre a necessidade que tinha de acompanhar a vida de seus filhos após o acidente. A partir desse evento, ele decidiu que passaria a se deslocar diariamente de Washington a Delaware, para passar um tempo com seus filhos. Além disso, a tomada de posse no Senado daquele ano aconteceu ao lado da cama de seus filhos, dentro do hospital.

“Comecei a me locomover pensando que só ficaria um pouco - quatro horas por dia, todos os dias - de Washington a Wilmington, o que tenho feito há mais de 37 anos.... Fiz isso porque queria poder dar um beijo de boa noite neles e na manhã seguinte ... Mas, olhando para trás, verdade seja dita, a razão de eu voltar para casa todas as noites era que eu precisava mais dos meus filhos do que eles precisavam de mim", declarou Biden, que afirma que sua atitude perante à família foi como uma espécie de "redenção". 

Em 2015, Beau, um de seus filhos sobreviventes do acidente de carro, também acabou falecendo, devido à um tumor no cérebro. Em seu livro “Promise Me, Dad”, lançado em 2017, Biden revelou que “a dor... parecia insuportável no início e levei muito tempo para sarar, mas sobrevivi à provação de punição. Com muito apoio, consegui sobreviver e reconstruir a minha vida e a minha família".

O democrata se casou novamente em 1977, com Jill Biden, com quem mantém relação até os dias de hoje. Apesar de tudo, ele superou os obstáculos e atualmente usa essas experiências como uma forma de ajudar e se conectar com pessoas que passaram por momentos semelhantes.

Em uma entrevista ao MSNBC, Joe Biden declarou ao repórter: "Você ficaria surpreso com a quantidade de pessoas que vêm até mim. Quero dizer, centenas de pessoas com o tempo. Eles vão me abraçar, homens e mulheres, e dizem: 'Acabei de perder meu filho, acabei de perder meu pai, acabei de perder minha esposa.' E tudo que eles querem saber é que vão conseguir (superar)”.

Fonte: AH


terça-feira, 3 de novembro de 2020

LIBÉRIA, O PAÍS CRIADO PELOS EUA PARA RECEBER ESCRAVOS LIBERTOS COM FALSAS PROMESSAS

 “Sei que aqui terei uma vida digna, pela primeira vez”, disse, emocionado, o refugiado liberiano Joseph Morgan, ao comitê de recepção das Nações Unidas no Canadá, em outubro de 2003. Um século e meio antes, os ancestrais de Morgan haviam pronunciado palavras muito parecidas, em uma situação muito diferente.

Na ocasião, eles acabavam de desembarcar na Libéria, do outro lado Atlântico, na costa ocidental da África, um país fundado em 1824 para servir de lar aos negros americanos. Não podiam imaginar que no século 20 a realidade se encarregaria de destruir uma a uma suas aspirações.

Em resultado dos conflitos no país, estima-se que 238 500 mil refugiados liberianos viviam nos países vizinhos em 2006, eles são a face mais cruel da derrocada do sonho americano na África. Vítimas de 14 anos de guerra civil, da pobreza e da falta de perspectiva, para muitos o caminho de volta à América – terra de onde saíram seus antepassados – representava a promessa de uma vida melhor.

Por trás do fracasso da Libéria, há uma longa história de guerras, conflitos étnicos e intolerância, fomentados por interesses econômicos e imperialistas, muitas vezes inconfessáveis.

Apesar de ter sido criada oficialmente em 1830, a Libéria começou a germinar muito antes, logo depois do fim da Guerra da Independência (1776-1783) nos Estados Unidos. Muitos negros americanos que lutavam contra a Inglaterra conquistaram a 'liberdade'. Pela primeira vez, esses ex-escravos circulavam livremente pelas cidades, para espanto da comunidade racista da época.

Na Inglaterra, ocorria o mesmo. A lei antiescravagista de 1772 fez com que os poucos negros residentes no país tomassem as ruas, desagradando a maioria da população. No fim o século, os britânicos tiveram a ideia de mandar 411escravos libertos para Serra Leoa (país vizinho a futura Libéria), então uma colônia britânica.

Quase todos morreram, devido às precárias condições de vida no lugar. Mas os ingleses não desistiram e, em 1800, mandaram mais uma vez centenas de ex-escravos para Serra Leoa. A iniciativa repetiu-se diversas vezes, até que uma comunidade se formasse na África. O projeto britânico serviu de inspiração aos americanos.

Tanto abolicionistas do norte como senhores de escravos do sul queriam enviar os negros para longe. Muitos temiam revoltas. Os fazendeiros do sul passaram

Em 1816, um ano após a proibição do tráfico de escravos nos Estados Unidos, foi fundada a ACS (sigla para American Society for Colonization, ou “sociedade americana para a colonização”). A entidade sem fins lucrativos contava com o apoio de órgãos governamentais, políticos, fazendeiros e trabalhadores e patrocinou, naquele mesmo ano, a primeira tentativa de mandar ex-escravos americanos para o continente africano.

O local escolhido foi a Ilha Cherbro, em Serra Leoa. Os Estados Unidos obtiveram permissão da Inglaterra para instalar os colonos na ilha. “Os britânicos, em plena Revolução Industrial, viam na iniciativa a possibilidade de criar um mercado consumidor abrangente que pudesse gerar demanda para a produção de bens em larga escala”, explicou em 2003 Priscilla Schillaro, historiadora.

“Além disso, pareceu uma boa ideia apoiar a existência de uma colônia pró- Estados Unidos na África, como forma de inibir o tráfico negreiro internacional, o inimigo número um dos britânicos naquele momento”, disse a historiadora.

Mas, a primeira iniciativa de criar uma colônia americana no continente fracassou. A maioria dos 88 passageiros do navio Elizabeth morreu de febre amarela e malária em poucas semanas. Em 1821, a ACS enviou um representante, o diplomata Eli Ayres, para escolher um sítio mais apropriado para o assentamento.

Ele (acompanhado por um pequeno exército de 70 homens) navegou cerca de 200 quilômetros pela costa da África nas proximidades de Serra Leoa, e escolheu uma área que foi chamada de Cabo Mesurado — local da atual capital do país. Só que a terra já tinha dono. Pertencia às tribos Dey e Bassa, habitantes do local há séculos.

“Depois de negociações nem sempre amistosas, os chefes tribais cederam aos americanos uma faixa litorânea de 40 quilômetros de comprimento por 4 quilômetros de largura em troca de armas e garrafas de rum”, contou em 2003 James Riley, historiador.

Em 1824, o governo norte-americano fundou oficialmente a colônia da Libéria e passou a chamar sua capital de Monróvia, em homenagem ao presidente dos Estados Unidos, James Monroe. Segundo Priscilla Schillaro, os primeiros cidadãos liberianos foram os sobreviventes da trágica excursão para a Ilha Cherbro. Em seguida, começaram a chegar levas de americanos.

“No início, a administração foi entregue a representantes escolhidos pela própria ACS. Mas, com o crescimento populacional e o progressivo alargamento do território, começaram a surgir lideranças locais entre os ex-escravos”, disse a especialista.

Na expectativa de aumentar as áreas cultiváveis, esses primeiros moradores passaram a adquirir mais terras e avançar suas fazendas além das fronteiras originais. Em menos de 40 anos, o país cresceu duas vezes de tamanho. Não foi surpresa para ninguém quando surgiram as primeiras desavenças locais.

Segundo Riley, as fronteiras traçadas pela ACS dividiram etnias aliadas e reuniram no mesmo território cerca de 15 etnias, algumas delas inimigas há séculos. “Os conflitos eram inevitáveis”, conta o professor.

Além disso, enquanto as áreas litorâneas colonizadas pelos negros americanos prosperavam com plantações de mandioca e café e a extração de borracha, o interior habitado pelas tribos africanas era totalmente negligenciado.

Nesse clima de instabilidade, a Libéria proclamou sua independência política, em 1847, mas permaneceu estreitamente atrelada à política e à economia dos Estados Unidos, que compareciam também com armas e navios de guerra. O que era fundamental, já que o país estava espremido entre dois poderosos impérios: a Inglaterra, em Serra Leoa, e a França, na Costa do Marfim.

Os interesses estrangeiros, somados ao isolamento da elite interna, passaram a gerar conflitos cada vez mais frequentes. E cada vez mais irreversíveis. No fim do século 19, o auxílio estadunidense começou a minguar e os liberianos tiveram de se virar sozinhos. E se deram mal.

Em 1903, os britânicos forçaram a Libéria a entregar parte de seu território a Serra Leoa, e os franceses avançaram sobre a fronteira com a Costa Marfim. O país, envolvido em tantos conflitos, estava à beira da falência, quando o presidente Theodore Roosevelt providenciou, em 1905, uma ajuda financeira. Em 1920, conseguiu ainda mais. 

Seis anos depois, a Libéria teve de começar a pagar a dívida. O governo liberiano cedeu uma enorme área de 1 milhão de acres (ou 22 mil estádios do Maracanã) para a indústria americana de pneus Firestone explorar borracha.

Em 1943, ocorreu de novo: em troca da construção de um porto em Monróvia pelos americanos, o país permitiu que a empresa Republic Steel, com sede nos Estados Unidos, explorasse suas reservas de ferro, em uma época que a indústria siderúrgica estava em franca expansão no mundo todo.

Apesar de tudo, os lucros obtidos com o comércio de ferro e borracha operaram uma espécie de milagre econômico nos anos 1940, o que durante alguns anos aumentou a renda da população, principalmente da classe média.

Os novos-ricos passaram a comprar terras em áreas antes habitadas exclusivamente por nativos, o que colaborou para acirrar os conflitos. “Os membros do governo invariavelmente eram membros da elite formada pelos descendentes de americanos, enquanto 95% da população formada por etnias locais sentia-se marginalizada”, diz Riley.

Em 1943, foi eleito presidente o descendente de norte-americanos William Tubman. Ele mudou a Constituição para ficar no poder por sete mandatos consecutivos. Também censurou a imprensa e passou a perseguir os opositores de seu governo. Tubman só deixou o poder em 1971, quando morreu.

Em seu lugar, assumiu o vice-presidente William Tolbert, que governou em constante clima de tensão. Em 1980, um grupo de jovens líderes guerrilheiros de várias etnias se uniu para tomar o poder, liderado pelo sargento Samuel Doe, então com 28 anos. De início, o novo governo foi aclamado em praça pública. Mas logo as esperanças de um futuro melhor evaporaram.

O novo presidente começou a favorecer os membros da sua etnia, os krahns, em detrimento de todas as outras que conviviam no pequeno país, localizado em uma área do tamanho do estado de Pernambuco.

Os habitantes do norte da Libéria passaram a ser duramente perseguidos. Em 1985, Doe declarou-se vencedor de uma eleição que havia perdido e instituiu uma ditadura. Um novo golpe de Estado ocorreu na noite de Natal de 1989. As tribos que vinham sendo discriminadas por Doe ocuparam a linha de frente da revolta.

No comando, estava Charles Taylor, que havia sido ministro de Doe, e fora afastado por corrupção. Samuel foi capturado e morto. Teve início uma guerra civil entre grupos tribais que disputavam o poder, que durou sete anos. Os banhos de sangue só terminaram com a intervenção de tropas internacionais. A paz, no entanto, durou muito pouco.

Em 1996, dissidentes que estavam aquartelados na Guiné invadiram o país. A outra guerra civil finalmente terminou em outubro de 2003, com a eleição de um governo de conciliação nacional e, de novo, com a intervenção militar dos americanos.

Em mais de uma década de lutas internas, os assassinatos brutais, as torturas e a destruição de Monróvia enterraram de vez os pilares de liberdade construídos pelos esperançosos ex-escravos americanos que dançaram ao ritmo das grandes potências dos séculos 19 e 20.

Desde 1989, quando eclodiu o primeiro conflito, muitos liberianos, como Joseph Morgan, se viram obrigados a deixar sua pátria para salvar a pele, tornando-se refugiados políticos nos países vizinhos, na Europa, ou de volta aos Estados Unidos.

No início dos anos 2000, com a economia em frangalhos, a Libéria tentou refazer o sonho dos primeiros imigrantes, que tinham orgulho em pronunciar o nome do país, uma homenagem à liberdade.

Fonte: AH


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

OS ENIGMAS DO PONTO NEMO, O LUGAR MAIS DISTANTE DA TERRA

 

Escuridão total, um verdadeiro breu. Ao fundo, só é possível ouvir os sons da água, do oceano quebrando. Nada, mais. Sem vida, sem chão, só o céu. É a natureza em sua forma mais pura de imensidão. Assim pode ser descrito o Ponto Nemo, também chamado de Polo Oceânico de Inacessibilidade, ou o lugar mais distante da Terra.  

O nome foi dado ao famoso anti-herói marítimo da obra de Júlio Verne, o Capitão Nemo. Em latim, significa “ninguém”, o que se torna adequado para um lugar que é raramente visitado pelas pessoas.  

O Ponto Nemo está localizado a mais de 1.600 quilômetros equidistantes de três ilhas: A Ilha Ducie (uma das ilhas de Picairn), vizinha a Polinésia Francesa e anexada ao Reino Unido em 1902; a Motu Nui, (da cadeia da Ilha de Páscoa); e a Ilha de Maher (na costa da Antártica).  

O Polo Oceânico de Inacessibilidade foi descoberto oficialmente em 1992, pelo engenheiro pesquisador Hrvoje Lukatela que, em terra firme, usou um software de computador especializado que incorporou a forma elipsoide do planeta para obter sua máxima precisão, e determinou o ponto mais distante possível.  

"A localização de três pontos equiláteros é bastante única e não há outros pontos na superfície da Terra que poderiam substituir qualquer um deles", diz Lukatela para a BBC. Com o passar dos anos, é possível que uma medição melhor, ou a erosão costeira, mudem a localização do Ponto Nemo, "mas apenas na ordem dos metros". 

Para se ter uma ideia, o Ponto Nemo fica tão longe da terra, que os humanos mais próximos dela são, geralmente, astronautas. A Estação Espacial Internacional, por exemplo, orbita a Terra a uma distância máxima de 416 quilômetros. Enquanto isso, a massa de terra habitada mais próxima do Ponto Nemo está a mais de 2.700 quilômetros de distância.  

Isso faz, na verdade, com que toda a região ao redor do Ponto Nemo seja bem conhecida pelas agências espaciais. Afinal, a área é conhecida como “área desabitada do Oceano Pacífico Sul” e utilizada — em particular por agências espaciais russas, europeias e japonesas — como depósito de lixo, já que é o ponto do planeta com o menor número de habitantes e rotas de navegação.  

Acredita-se que mais de uma centena de espaçonaves desativadas ocupem agora este “cemitério a céu aberto” que abriga desde satélites e navios de carga até a extinta estação espacial Mir. Assim, em vez de monumentos únicos relatando a história das viagens espaciais, os restos dessas missões estão espalhados no fundo do oceano em pedaços, sendo colonizados e consumidos por qualquer criatura que viva naquela profundidade.  

E por falar em vida, que tipo de espécie reside no Ponto Nemo? 

Por ser uma área praticamente inacessível, muitos especulam sobre o que existe no Ponto Nemo. 66 anos antes de sua descoberta, o escritor HP Lovecraft escolheu um lugar assustadoramente próximo ao Polo Oceânico de Inacessibilidade para ser o lar de sua lendária criatura com cara de tentáculos: Cthulhu.  

Em 1997, oceanógrafos registraram um ruído misterioso a menos de 2.000 km a leste do Ponto Nemo. Isso gerou grande empolgação e certo temor. O som, apelidado de "o Bloop", era mais alto do que, até mesmo, o de uma baleia azul — levando à especulação de que o mesmo foi feito por algum monstro marinho desconhecido.

Porém, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, o "Bloop" seria o som de grandes icebergs se rompendo nas profundezas da região. Ou seja, nada de criaturas fantásticas.   

Mas o que vive lá? Segundo o oceanógrafo Steven D'Hondt, da Universidade de Rhode Island em Narragansett, possivelmente, não muita coisa. Isso ocorre porque o Ponto fica dentro do chamado Giro do Pacífico Sul — uma grande corrente oceânica em rotação: limitada a leste e oeste pelos continentes da América do Sul e Austrália, ao norte pelo equador e ao sul pela forte Corrente Circumpolar Antártica. 

Um ponto fundamental para essa afirmação é que as águas dentro do giro são estáveis, atingindo uma temperatura superficial de 5,8 °C no Ponto Nemo, segundo dados dos satélites da NASA. A corrente giratória bloqueia a entrada de água mais fria e rica em nutrientes. Além disso, como a região é isolada de massa, o vento não carrega muita matéria orgânica. 

Como resultado, há pouco para alimentar qualquer coisa. Sem nenhum material caindo de cima como "neve marinha", o fundo do mar também fica sem vida. D'Hondt o descreve como "a região menos biologicamente ativa do oceano mundial". Ainda assim, existem alguns pontos excepcionais onde criaturas únicas podem sobreviver.

Fonte: AH