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sexta-feira, 31 de julho de 2020

O INTRIGANTE EXÉRCITO DE TERRACOTA, QUE FICOU PRESERVADO POR 2 MIL ANOS

O Exército de Terracota se esconde em uma pirâmide, localizada debaixo da terra, em um terreno coberto por vegetação na província de Xian, na China. O monumento funerário é resultado dos caprichos do primeiro imperador chinês, Qin Shihuangdi (260-210 a.C.).

Ambicioso, o soberano queria levar para a vida após a morte todo o seu poder e riqueza. E, claro, não queria abrir mão também da segurança de seus guardas. Ele morreu e foi enterrado em 210 a.C, há mais de 2.000 anos.

Qin queria ter o maior mausoléu de todos e tratou de ordenar aos seus submissos que fizessem uma tarefa muito bem-feita. Conseguiu erguer mais de 8 mil estátuas de guerreiros, todas em detalhes e tamanho natural. Cada peça pesava em média 260 quilos. 

Para se ter ideia, a altura dos combatentes variava e incluía os mais baixos, de 1,7 metros, até os gigantes soldados de 2 metros de altura. Nenhum deles era igual ao outro, mas a fisionomia das obras variava minuciosamente segundo o homem. Todos tinham armas realistas feitas em bronze. 

Mas havia também figuras de animais: mais precisamente, 520 cavalos, totalizando uma quantia de 130 carruagens, todas modeladas artesanalmente. E ainda, originalmente, o exército funerário era colorido, embora tenha perdido a cor com o passar dos anos.

O fato que mais intrigou os pesquisadores, quando eles encontraram o exército pela primeira vez, em 1974, foi o fato dele estar muito bem preservado. As peças ainda estavam praticamente intactas mesmo após os 2 mil anos de uma possível corrosão. 

A primeira hipótese para explicar como ocorreu essa preservação foi o solo. Porém, pesquisadores do Reino Unido viram que o fator não preservava os guerreiros de modo isolado. Na verdade, o exército de Qin Shihuangdi só resistiu ao tempo devido a um revestimento especial de cromo, que ganhava maior propriedade em combinação com o pH relativamente alto desse mesmo solo favorável. 

O cromo estava em alguns armamentos do exército, porém, não havia essa substância em certos parafusos e pontas de flechas. Isso mostrou que a conservação pode ter sido algo do acaso e não proposital. “O que resta saber é se o cromo ajudou a evitar a corrosão, ainda que acidentalmente. A questão fica no ar”, considerou o pesquisador Marcos Martinon-Torres, da Universidade de Cambridge.

Próximo ao Exército de Terracota o imperador Qin Shihuangdi instalou o seu mausoléu onde teria descanso eterno. O local apresenta muito luxo e o cadáver do governante jaz debaixo de um teto revestido de pedras preciosas que representam estrelas, como o Sol, e também ilustram a Lua. Rios e mares foram igualmente representados, só que por um chão de Mercúrio. 

Alguns soldados do imperador ainda não tinham sido escavados e só foram investigados em 2009. Ano passado foi finalmente divulgado o estudo, que revelou um total de 220 novas esculturas. 

Além dos guerreiros chineses, também havia artefatos do governante, como objetos em cerâmica, ouro, prata, bronze e jade. Tinha também armas e tripés militares e ainda objetos domésticos, como colheres, pratos e chaleiras. A grande novidade foi uma peça de camelo dourado, considerada na ocasião uma das mais antigas da China. Parece que nada podia faltar para Qin Shihuangdi no mundo dos mortos. 

Fonte: AH

quinta-feira, 30 de julho de 2020

MISTÉRIO DE ‘BARCOS-FANTASMA NORTE-COREANOS COM CORPOS EM DECOMPOSIÇÃO INTRIGA JAPÃO

Nos últimos dois meses, pelo menos 13 barcos de madeira foram encontrados à deriva, alguns vazios e outros com corpos - 20, ao todo. O que se sabe é que estes barcos apareceram em uma faixa da costa oeste, que vai de Hokkaido, no Norte, até Fukui, no sul.

Todos os corpos estavam em avançado estado de decomposição ou mesmo já parcialmente transformados em esqueletos, o que indica que eles estavam mortos há muito tempo. A Guarda Costeira do Japão disse à BBC que um total de 65 barcos como estes foram encontrados no litoral japonês no ano passado, mas essa última leva de embarcações-fantasma parece ter vindo em uma frequência um pouco maior do que a normal.

Acredita-se que os barcos sejam pesqueiros norte-coreanos, que nessa época do ano saem em busca de caranguejos, lulas e peixes de espécies abundantes nesta época do ano. Pelo menos um dos barcos trazia marcas de militares norte-coreanas. A marinha do país é fortemente envolvida em atividades pesqueiras. Um pedaço de pano que parece ser parte de uma bandeira norte-coreana encontrado em um dos barcos também foi considerado uma pista de sua origem.

A Coreia do Norte, entretanto, não tinha informado sobre barcos seus desaparecidos. As autoridades japonesas estão tentando descobrir as causas das mortes dos corpos encontrados, apesar do avançado estado de decomposição de alguns corpos. Acredita-se ser provável que as causa das mortes estejam ligadas ao frio do inverno ou à fome. Normalmente o Japão proíbe embarcações da Coreia do Norte de atracar no país. Mas o país abre exceções em caso de embarcações que buscam abrigo de tempestades.

Alguns especialistas sugeriram que as tripulações dos barcos estariam, na verdade, tentando fugir do regime norte-coreano. Também há informações de um controle mais restrito na fronteira entre Coreia do Norte e China, a rota mais comum para os desertores. Mas muitos duvidam desta hipótese.

John Nilsson-Wright, chefe do Programa sobre a Ásia na consultoria britânica Chatham House, disse à BBC que, além da barreira do idioma e cultura, "se você fosse um desertor não faria sentido ir para o Japão. A Coreia do Sul está muito mais perto de barco".

Os barcos de madeira que chegaram ao Japão são velhos e pesados. Não têm motores bons, nem sistema de GPS. Analistas afirmam que se eles se afastaram muito da costa norte-coreana ou saíram da rota programada podem ter perdido seu rumo e sua orientação.

O fato de o aparecimento destes barcos ser relativamente comum também parece fortalecer a tese de que eles se perderam, em detrimento da teoria de que eles levavam desertores. Também é pouco provável que o mau tempo tenha levado estes barcos para o Japão. O Mar do Japão é mais agitado e tem ventos mais fortes em novembro, mas a Guarda Costeira japonesa disse à BBC que isto é comum nesta época do ano.

Outra dúvida é por que os pescadores se arriscariam a se afastar tanto da costa norte-coreana. Uma hipótese é que as autoridades do país estão cobrando quantidades cada vez maiores de pescado - o que levaria as tripulações de barcos pesqueiros a correrem mais riscos.

A televisão estatal da Coreia do Norte recentemente exibiu imagens do líder Kim Jong-Un visitando fábricas ligadas à pesca e pedindo que o país aumente a produção. Mas nem todos estão convencidos disto.

É comum na Coreia do Norte que os trabalhadores fiquem com o excedente da produção, caso eles consigam ultrapassar a meta imposta pelo governo.  Mas, se você for muito pobre, como é o caso de muitos norte-coreanos, "você também vai fazer de tudo para melhorar sua própria vida", disse Nilsson Wright. "Pode ser simplesmente o fato de eles não terem tido sorte", acrescentou o especialista.

Fonte: BBC News - Brasil

quarta-feira, 29 de julho de 2020

75 ANOS APÓS A EXPLOSÃO, VÍTIMAS DA BOMBA DE HIROSHIMA SÃO RECONHECIDAS POR TRIBUNAL JAPONÊS

75 anos depois do histórico ataque nuclear dos Estados Unidos, que lançaram uma bomba atômica contra Hiroshima, no Japão, em 6 de agosto de 1945, um tribunal japonês expandiu a definição de "sobreviventes", incluindo agora os afetados pela radiação da chamada "chuva negra", produzida após o bombardeio.

Com a decisão judicial recente do Tribunal Distrital de Hiroshima, 84 indivíduos de 70 a 90 anos ganharam finalmente assistência médica. Eles argumentaram que os danos na saúde provados pela chuva radioativa foram similares aos enfrentados nas áreas incluídas pelo governo do Japão.

A marcação dessas áreas foi feita logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, beneficiando somente as vítimas dessas regiões específicas. Agora com a ampliação, o grupo oficial de "sobreviventes" da bomba de Hiroshima, chamado em japonês de "hibakusha", ficou maior e mais inclusivo para com as vítimas da chuva de radiação. 

"Os documentos médicos mostram que os habitantes [vítimas da "chuva negra"] sofrem de doenças consideradas ligadas à bomba atômica e cumprem as condições legais exigidas dos hibakusha", declarou o presidente do tribunal, juiz Yoshiyuki Takashima, segundo o canal de TV NHK.

De acordo com a ABC News, uma das vítimas classificadas como "hibakusha" pela decisão foi Minoru Honke, exposto à "chuva negra" aos 4 anos de idade. Ele afirmou que durante o julgamento pelo menos uma dúzia de pessoas morreu antes da decisão burocrática sair. "Quero dizer a eles que vencemos", disse Honke.

Para se ter uma ideia dos horrores da bomba de Hiroshima, estima-se que cerca de 140 mil pessoas tenham morrido na hora e nos meses seguintes. No último mês de março, o governo japonês reconheceu mais 136.682 pessoas como "hibakusha", incluindo habitantes de Nagasaki, onde ocorreu um segundo ataque nuclear, em 9 de agosto de 1945.

Fonte: AH

terça-feira, 28 de julho de 2020

CASOS DE CANIBALISMO E EXECUÇÕES: OS HORRORES DA GRANDE FOME DE MAO

O Holodomor foi um dos maiores crimes cometidos pela gestão stalinista na antiga União Soviética. Estima-se que, entre 1932 e 1933, 3.9 milhões de pessoas morreram de fome. Entretanto, o que poucos sabem, é que um paralelo desse caso aconteceu na China de Mao Tse Tung, vitimando mais de 45 milhões de chineses.

Entre 1958 e 1962, o líder do Partido Comunista Chinês implementou um programa de aceleração do crescimento no país. O plano, que parecia ser excelente, ao menos no papel, prometia levar a China a sobrepujar, economicamente, qualquer nação do Ocidente em até 15 anos.

Entretanto, na prática, o projeto foi uma catástrofe de dimensões continentais. O programa, que falava em igualdade e justiça social, causou o óbito de um número inestimável de vidas humanas — que não pereceram em virtude de uma Guerra ou de uma catástrofe natural, mas sim de uma péssima sequência equivocada de decisões governamentais.

Além do mais, qualquer pessoa com pensamentos opostos ao que estava sendo aplicado, era desqualificada sistematicamente. Em casos mais extremos, alguns dos opositores eram presos ou exilados em campos de trabalho forçado.

O capítulo, considerado com o mais sombrio da História da República Popular da China, é descrito por Frank Dikötter, professor catedrático na Universidade de Hong Kong, no livro A grande fome de Mao – A história da catástrofe mais devastadora da China, publicado no Brasil pela Editora Record.

Dikötter teve acesso aos arquivos do Partido Comunista pouco antes das Olimpíadas de Pequim, em 2008. Segundo o autor, os relatos fazem parte de um catálogo de horrores e incluem casos de canibalismo em aldeias de diferentes regiões do país: como relatos de camponeses que desenterram cadáveres de parentes para a alimentação; ou daqueles que comiam ratos, e até mesmo cascas de árvores e terra.

Ao mesmo tempo em que essas barbáries aconteciam no país, o governo vendia, por meio da propaganda oficial, uma imagem de um povo feliz e de uma economia prospera. “A fome tomou dimensões muito além do que se pensava anteriormente”, descreve o autor. “Os especialistas estimavam a catástrofe demográfica entre 15 e 30 milhões de mortes. Com as estatísticas compiladas pelo próprio Gabinete de Segurança Pública na época, descobre-se uma calamidade muito maior: pelo menos 45 milhões de mortes prematuras entre 1958 e 1962. Mas não é simplesmente a extensão do número de mortos que conta, mas também como essas pessoas morreram”. “Não é que as pessoas morressem de fome porque não havia comida disponível. A comida era, na verdade, usada como uma arma para forçar as pessoas a cumprirem as tarefas atribuídas pelo Partido.

E as pessoas que eram consideradas como de direita ou conservadoras, as pessoas que dormiam no serviço, que estavam muito doentes ou enfraquecidas para serem obrigadas a trabalhar se viram sem acesso à cantina e morriam mais rapidamente de fome. Pessoas fracas ou os elementos considerados como inaptos pelo Partido foram, portanto, deliberadamente levados à fome”, explica.

Dikötter relatou que o Estado do país usou da violência extrema para impor a criação de grandes comunas agrícolas. Lá, homens e mulheres viviam separados e perdiam qualquer direito que tinham de criarem seus filhos.

Além do mais, eles também eram proibidos de cozinhar dentro de suas casas. Os camponeses eram forçados a se privarem de comer e se viram obrigados a falsificar os números de tudo o que produziam — já que eles deviam ceder ao Estado todos os grãos que colhiam.

O autor aponta que por acreditarem cegamente em Mao Tsé Tung e no Partido Comunista chinês, a população passou por uma espécie de lavagem cerebral intensa e sistemática. “Tudo foi coletivizado”, diz. “Muito rapidamente o paraíso utópico provou ser um enorme quartel militar. A coerção e a violência eram as únicas formas de garantir que as pessoas executassem as tarefas que lhes eram ordenadas pelos membros locais do Partido”.

No mesmo período da fome, o poder maoísta torturou, matou e executou entre 2 e 3 milhões de pessoas que discordavam das diretrizes do sistema. Aqueles que roubavam um punhado de grãos, ou batatas para se alimentarem, também eram severamente punidos.

Em um relato, encontrado nos registros oficiais do PC chinês, é descrito o caso de um homem que foi forçado a enterrar seu filho vivo de 12 anos. O garoto teria saqueado alguns grãos. O pai morreu de desgosto algumas semanas depois.

Apesar dos diversos casos chocantes, o partido comunista chinês trata o período com certa normalidade. Eles alegam que as mortes ocorreram em virtude das condições ambientas, e também dizem que elas foram a menor escala do que o registrado: apenas 15 milhões de pessoas. Eles tratam essa fase como “O difícil período de três anos”.

Fonte: AH

segunda-feira, 27 de julho de 2020

PÂNICO E GRITOS DE AGONIA: QUANDO JAPONESES DA SEGUNDA GUERRA FORAM ATACADOS POR CROCODILOS

Segunda Guerra foi um conflito absoluto, não somente pela extensão do campo de batalha que extrapolou as fronteiras europeias, norte da África, da Ásia e Havaí, mas também pelo emprego de meios de destruição em massa e por seu desfecho: a capitulação total dos vencidos, consumando mudanças drásticas na geopolítica global. Literalmente, a Segunda Guerra Mundial deixou o mundo em ruínas.

Embate fatal

Fevereiro de 1945. O palco de nosso embate é a ilha Ramree, na Birmânia, atual Mianmar. Com o objetivo de desalojar as Forças Imperiais Japonesas que haviam se instalado na ilha em 1942, a Marinha Real Britânica, a Royal Air Force e a 36ª Brigada de Infantaria Indiana, mobilizaram suas tropas.

Após intensos bombardeios e embates encarniçados na costa, as forças aliadas conseguiram tomar as posições ocupadas e o remanescente da tropa, cerca de mil combatentes japoneses, foi empurrado para o interior da ilha.

Dispostos a não se entregarem, a estratégia japonesa, nesse interim, era constituir uma linha de defesa, reagrupar e, com a chegada de novo batalhão, reconquistar a base. Mas, flanqueados pela infantaria e sob constantes investidas da Royal Air Force, não sobrou alternativa aos soldados, senão recuar para o interior pantanoso de Ramree, em direção ao denso manguezal que cobria mais de 16 quilômetros de território.

Mas as semanas que se seguiram foram ainda mais infernais para os soldados japoneses. Alguns deles acreditavam que inadvertidamente haviam adentrado o Yomi, o mundo dos mortos na mitologia japonesa, guardado por imensas bestas e de onde ninguém escapa.

O que se seguiria, certamente, poderia ser comparado a isso. O pelotão, que corajosamente havia escolhido não se render aos britânicos, caminhava diretamente para um destino horripilante.

Na madrugada de 19 de fevereiro, uma patrulha britânica em ronda pelas margens pantanosas, ouviu vociferações de pânico, terríveis gritos de agonia e disparos ininterruptos armas de fogo vindos da imensidão escura e sinistra do manguezal. Posteriormente, o naturalista Bruce Stanley Wright, um dos soldados em serviço naquela noite, incluiria relatos assustadores da carnificina em seu livro "Wildlife Sketches, Near and Far”.

“Aquela noite foi horrível para as tropas que estavam posicionadas na borda do pântano e ouviram tudo. Alguns homens tiveram de ser dispensados da patrulha por não suportar os gritos que vinham lá de dentro. Os crocodilos atraídos pelo som da batalha e pelo cheiro de sangue convergiram aos milhares para o interior da ilha usando os mananciais rasos para se esconder e atacar de surpresa.”

Inimigo animal

Atacados por crocodilos de água salgada, o maior espécime réptil existente no planeta, os japoneses tentavam voltar na direção da base perdida, mas logo encontraram uma massa intransponível daqueles monstros nos charcos alagados – alguns com mais de 5 metros de comprimento.

A fuzilaria não dissuadia os crocodilos. O cheiro de pólvora se espalhando pelo ar e todo aquele sangue diluído no pântano parecia convocar mais demônios para o banquete. No livro de Wright, consta uma tenebrosa peculiaridade desses répteis, “o crocodilo de água salgada continua atacando mesmo que tenha obtido carne suficiente para se fartar”.

Quando o dia amanheceu, abutres circulavam o local onde os cadáveres destroçados de centenas de soldados japoneses boiavam nas águas rasas e estagnadas. Alguns relatos, incluindo o de Wright mencionam que apenas 20 soldados japoneses sobreviveram para alcançar a margem do pântano e se entregarem aos britânicos.

Tal são esses relatos que, em 1968, o episódio chegou a ser considerado pelo Guiness Book of Records como “O Maior número de vítimas humanas num mesmo ataque de animais”.

Contudo, em 2016, a National Geographic descobriu algumas novas evidências sobre o ocorrido, que levantaram dúvidas sobre a extensão das mortes, levando a direção do Guinness Book a reabrir o registro para investigação.

E embora o registro não tenha sido listado no Guinness nos anos seguintes como o de maior número de vítimas, o relato passou a constar do editorial “Nazi Weird War Two”, onde os eventos angustiantes do ataque são apresentados ao lado de outros recordes relacionados a crocodilos.

Fonte: AH

domingo, 26 de julho de 2020

O GOLPE DA MÚMIA DE UMA PRINCESA PERSA, QUE EXPÔS UM CRIME DO SÉCULO 20

Em 2000, autoridades do Paquistão foram surpreendidas com a história de um homem que queria vender uma múmia no mercado negro pela quantia de 11 milhões de dólares (aproximadamente R$ 50 milhões). Após encontrarem o vendedor, eles descobriram que o dono da múmia havia conseguido a raridade com um homem do Irã, que a encontrou depois de um terremoto.

Depois de ser interrogado, o paquistanês eventualmente levou os policiais até o local onde a múmia estava guardada. A relíquia foi levada até o Museu Nacional de Karachi para ser avaliada por especialistas. Como consequência, encontraram um corpo mumificado, seguindo as tradições egípcias, em um sarcófago com escritas cuneiformes.

O cadáver foi encontrado com uma coroa dourada, uma máscara funerária e uma placa em seu peito que o descrevia como “a filha do grande Rei Xerxes”, Rhodugune. Isso representaria que os seus restos pertenceram a uma princesa persa de 2.600 anos.

Por ser o primeiro achado da família real da Pérsia já documentado em território iraniano, o acontecimento despertou a atenção da mídia internacional, por ser um verdadeiro tesouro. Entretanto, depois de alguns meses, os especialistas que analisaram a múmia com tomografias, testes químicos e datação por carbono revelaram uma verdade insólita sobre o antigo corpo.

A princesa em questão, na verdade, era uma fraude, e, também, vítima de um assassinato recente. O primeiro indício de que se tratava de um embuste era a escrita cuneiforme no sarcófago, claramente amadora e pouco precisa.

As tomografias revelaram que o corpo da múmia pertencia a uma mulher de aproximadamente 21 anos quando morta, que teve seus órgãos internos removidos (assim como as múmias egípcias). A causa da morte foi um trauma na vértebra cervical, todavia, não ficou comprovado se seu pescoço foi quebrado propositalmente.

As análises químicas revelaram que os pelos do cadáver foram clareados, e o abdômen da “múmia” preenchido com bicarbonato de sódio, para secar o interior. A datação de carbono apresentou um resultado bem diferente do que a mídia já havia divulgado: a vítima teria morrido em 1996.

Os investigadores acreditam que essa foi uma forma que os autores da falsificação encontraram para conseguir dinheiro. Provavelmente retirado de um túmulo, o corpo passou por um processo cuidadoso de mumificação semelhante aos que os egípcios faziam. Como consequência, os responsáveis pelas investigações acreditaram que alguém familiarizado com anatomia estivesse envolvida no caso.

Até então, nenhum culpado foi identificado, mesmo após o vendedor ter sido interrogado pela abertura de uma investigação de homicídio (já que o pescoço da mulher estava quebrado). A verdadeira identidade da "múmia" permanece uma incógnita.

Fonte: AH

sexta-feira, 24 de julho de 2020

HERANÇA CULTURAL E INVENÇÕES SOFISTICADAS: A MEDICINA DO EGITO ANTIGO

Egito Antigo é permeado de mistérios e por uma rica herança cultural que vai muito além das esplendorosas pirâmides. O povo também deixou um legado de invenções sofisticadas e um conhecimento biológico e medicinal que é compartilhado até os dias atuais.

Um dos conhecimentos mais importantes e impressionantes é sobre o desenvolvimento nas áreas de medicina e farmacologia. Com base em papiros médicos de mais de 40 séculos atrás, o egiptólogo Warren R. Dawson, da Universidade de Oxford, citou em seu livro, O Legado do Antigo, alguns procedimentos médicos e remédios que são usados até os dias atuais, como o óleo de rícino (extraído da mamona), ácido acetilsalicílico (princípio ativo da aspirina), anestésicos e própolis para cicatrização.

Além disso, os papiros também mostram o processo de cirurgias delicadas, o engessamento de membros que tiveram ossos quebrados e um conhecimento avançado de todo o sistema circulatório do corpo humano.

Um dos métodos mais utilizados pelos egípcios era o da mumificação, que consiste em uma série de processos (químicos e físicos) para a preservação dos corpos. Esse procedimento resultaria na remoção cirúrgica de alguns órgãos internos, que muitas vezes eram tratados e recolocados em seus devidos lugares.

Isso permitiu que eles conhecessem o interior humano de uma forma, até então, inédita. Um ótimo exemplo sobre isso pode ser visto no corpo de Ramsés II, que teve suas veias e artérias retiradas, mumificadas e recolocadas posteriormente.

Sabe-se também que naquela época já havia o hábito de medir o batimento pelo pulso como um jeito de avaliar a saúde das pessoas. “O batimento cardíaco deve ser medido no pulso ou na garganta”, dizia a escrita do papiro Ebers, datado em 1550 a.C. e considerado um dos primeiros livros de medicina do mundo.

Todas as descobertas eram documentadas nos chamados papiros médicos, o que permitiu que o conhecimento fosse passado com exatidão. Antes a comunicação egípcia era feita de forma oral e documentos com registros eram raros.

Foi esse conhecimento sobre a circulação sanguínea que fez com que isso se tornasse um costume e se perpetuasse até os dias atuais. Os egípcios acreditavam que saiam veias do coração que o ligavam com os membros do corpo — a veia da mão terminaria no dedo anular.

Com a crença de que o coração é o centro de tudo, e também pelo fato dele estar ligeiramente deslocado para o lado esquerdo, os casais passaram a usar fitas em seus dedos para simbolizar que o órgão estava preso com a pessoa que ela amava. Posteriormente, essa fita foi trocada por um aro de metal, que variava de acordo com a posse do casal.

Procedimentos cirúrgicos intracranianos

As primeiras descrições do processo de mumificação indicaram que as pessoas tinham o cérebro retirado pelo nariz e descartado com intestinos mortos. Entretanto, com o passar do tempo, os egípcios passaram a relacionar o funcionamento do órgão com a parte de coordenação motora.

Existem papiros do século 15 a.C. com descrições completas sobre esses procedimentos. Porém, somente no ano de 2001 que especialistas conseguiram demonstrar casos de crânios que foram abertos cirurgicamente e apresentavam indícios de cicatrização. Isso nos permite acreditar que o paciente possa ter sobrevivido à operação — e, inclusive, não ter sentido dor alguma.

Uso de anestésicos

O professor Mário Curtis Giordani, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (URFJ), relatou na obra História da Antiguidade Oriental, o processo que os egípcios usavam para o adormecimento de partes do corpo. Segundo Giordani, eles utilizavam uma mistura de pó de mármore e vinagre.

Outro método que se tem conhecimento é o de anestésicos feitos com base de opiáceos, derivados do ópio, que eram ingeridos. Considerados os antecessores da morfina, esses procedimentos só voltaram a serem usados três séculos atrás, na Europa.

Amputação de membros, cauterização e outras técnicas

Os egípcios dominavam tão bem técnicas avançadas que não era incomum o uso de amputação de membros, cauterização e até mesmo o uso de pontos para fechar incisões. Inclusive, é provável que os egípcios foram pioneiros ao utilizar a técnica.

Assim como nos dias atuais, no Egito Antigo também existia especialização médica. Quem tratava de fraturas não se misturava com os que mexiam com os problemas de pele e vice-versa.

Essa especialização incluía o tratamento odontológico. Naquela época, dentistas já utilizavam brocas, faziam próteses e drenavam abcessos. Entretanto, ao contrário do que muitos imaginam, os tratamentos médicos não eram de uso exclusivo de uma classe mais rica. Trabalhadores braçais tinham direito de receber um tipo de plano de saúde.

Isso se confirma com as escavações que foram feitas na Cidade dos Trabalhadores. Múmias de 4.500 anos mostram que muitas dessas pessoas receberam tratamento médico. Zahi Hawas, diretor do Conselho Supremo de Antiguidade do Egito, afirma que: “Alguns corpos apresentavam marcas de fraturas consolidadas, membros amputados e até cirurgias cerebrais. [...] Eram pessoas comuns que se curaram e voltaram ao trabalho”.

Métodos contraceptivos

Outro avanço que chamou muito a atenção foram os métodos contraceptivos estudados pelos egípcios. A maioria deles consistia no uso de emplastros espermicidas na vagina, cujo efeito tente a diminuir a mobilidade do espermatozoide.

Já quando havia a suspeita de gravidez, testes com urina eram feitos. Geralmente, a mulher urinava em um recipiente com uma quantidade variada de cevada. Caso houvesse uma germinação, ficaria constatada a gravidez. Apesar do método ser contestado nos dias atuais, é notável essa associação entre a composição da urina e a gravidez.

Fonte: AH

quarta-feira, 22 de julho de 2020

AMERICANOS 15 MIL ANOS MAIS VELHOS

Ferramentas de pedra encontradas na caverna Chiquihuite, no interior do México, podem fazer recuar ainda mais a história da ocupação das Américas. Alguns artefatos achados ali têm pelo menos 31 mil anos de idade, de acordo com a estimativa da equipe de arqueólogos que investigou a caverna. O estudo foi publicado hoje na revista especializada Nature, num artigo assinado por cientistas do México, Brasil, Estados Unidos, Dinamarca, Reino Unido e Austrália.

Para se tornarem o mais antigo registro da ocupação das Américas, as ferramentas de Chiquihuite precisam ter sua idade e origem reconhecidas pelos arqueólogos. Quando o assunto é a presença humana antiga no continente americano, nem sempre a publicação dos resultados em revistas respeitadas basta para convencer os especialistas. Os vestígios mais recuados da presença humana no continente aceitos consensualmente pelos estudiosos vêm do sítio de Monte Verde, no sul do Chile, e têm 14,5 mil anos de idade. 

A caverna Chiquihuite fica quase no alto de uma montanha, 2 740 metros acima do nível do mar, numa região árida do Centro-Norte do México. “A paisagem é muito dramática, é um contexto bem diferente dos outros já encontrados na ocupação inicial da América do Norte”, disse à piauí a arqueóloga britânica Jennifer Watling, que assina o trabalho como pesquisadora visitante da Universidade de São Paulo (o artigo tem outros dois coautores da USP). 

A escavação de Chiquihuite teve início em 2012 e foi liderada por Ciprian Ardelean, arqueólogo da Universidade Autônoma de Zacatecas, no México. Os pesquisadores encontraram 1 930 ferramentas de pedra com datas que iam aproximadamente de 30 mil a 13 mil anos atrás. Destas, 239 estavam numa camada de sedimentos com idade avaliada entre 33,1 mil e 31,4 mil anos, conforme determinado por mais de um método de datação. 

Os pesquisadores mostraram que o calcário do qual são feitas as ferramentas é morfologicamente diferente das rochas encontradas nas paredes e no teto da caverna. “Ou seja, o material lítico foi levado para a caverna”, disse Watling. “É difícil pensar em como essas rochas chegaram lá sem serem carregadas por seres humanos.”

A dispersão do Homo sapiens pelo planeta desde que surgiu no Leste da África, há cerca de 300 mil anos, é relativamente bem conhecida. No entanto, sua chegada ao continente americano – o último colonizado por nessa espécie – ainda é cercada de incertezas. Não há consenso sobre quando chegaram os primeiros americanos, por onde vieram e como se espalharam.

As ferramentas encontradas na caverna mexicana sugerem que a chegada dos humanos aconteceu há pelo menos 31 mil anos, muito antes do que se dava por certo.

Poucos especialistas duvidam de que os primeiros humanos vieram a pé, pelo estreito de Bering, que atualmente separa a Sibéria do Alasca, mas que na época era um trecho contínuo de terra firme, já que o nível do mar era mais baixo. O novo trabalho não muda esse entendimento, mas sugere que os primeiros americanos se deslocaram por uma rota litorânea, pelo Pacífico, e não pelo interior do continente, como muitos sustentavam. 

Isso porque, no período entre 26,5 mil e 19 mil anos atrás, boa parte da América do Norte estava coberta por gelo, o que teria bloqueado a passagem continental. As ferramentas achadas no México são o primeiro registro da presença humana na América antes desse episódio, conhecido como Último Máximo Glacial. 

“A principal pergunta que ainda fica no ar é: quem eram esses caras?”, indagou André Strauss, referindo-se aos criadores dos artefatos. “Os dados genéticos de populações nativas atuais apontam que as populações ameríndias têm um ancestral único há 20 mil anos”, disse o arqueólogo da USP, um especialista no estudo do DNA dos primeiros americanos. “Esses caras que estavam no México há 30 mil anos não eram ancestrais dos ameríndios. Quem eram eles?”

Se os resultados de Chiquihuite forem aceitos pelos arqueólogos, talvez ajudem, por tabela, no reconhecimento de outras evidências de ocupação antiga do continente americano que não são consensuais na comunidade. Um caso emblemático é o dos sítios arqueológicos da Serra da Capivara, no sul do Piauí. Nos últimos anos, os arqueólogos brasileiros e franceses que estudam a região encontraram em vários desses sítios ferramentas com idade estimada de até 24 mil anos. Os resultados foram publicados em duas das revistas mais prestigiosas do campo – Journal of Archeological Science e Antiquity –, mas nem por isso são consensualmente aceitos.

Numa entrevista à piauí, o arqueólogo Eric Boëda, líder da equipe franco-brasileira que continua a fazer escavações nos sítios da Serra da Capivara, disse que o estudo da caverna mexicana não deixa dúvidas quanto à origem humana das ferramentas. “Mas não estou certo de que os norte-americanos vão aceitar”, afirmou. Boëda, que é professor na Universidade de Paris X – Nanterre, se queixou de que o trabalho não dialoga com outros achados recentes que apontam a presença humana antiga em sítios da Serra da Capivara ou em Santa Elina, no Mato Grosso. “Há uma recusa sistemática de levar em conta a literatura recente produzida sobre a América do Sul.”

Ao comentar as novidades sobre a ocupação das Américas na própria Nature, a antropóloga Ruth Gruhn, da Universidade de Alberta, no Canadá, notou que os sítios com mais de 20 mil anos de idade no Piauí e no Mato Grosso foram habilmente escavados e analisados. “No entanto, eles são frequentemente contestados ou simplesmente ignorados pela maioria dos arqueólogos como se fossem velhos demais para ser verdade”, escreveu Gruhn. “Os achados da caverna Chiquihuite devem trazer uma nova apreciação dessa questão.”

Fonte: UOl

terça-feira, 21 de julho de 2020

APOLLO 11: HÁ 51 ANOS, O HOMEM CHEGAVA À LUA

O módulo lunar Eagle (Águia) está 1000 metros acima da superfície e tem mais 5 minutos de combustível. Dentro da cabine, os astronautas Neil Armstrong e Edwin Aldrin estão às voltas com o alarme do computador de bordo. Responsável por conduzir automaticamente a descida, a máquina apita incessantemente, indicando sobrecarga.

Abaixo, a paisagem, que deveria ser uma planície, está coalhada de elevações e crateras. Se àquela velocidade a nave tocar na borda de uma delas ou posar de lado, a volta para casa estará comprometida. A 150 metros de altitude, Armstrong desiste do piloto automático, desliga o computador e, com os batimentos cardíacos ultrapassando os 150 por minuto, resolve conduzir o módulo como se fosse um helicóptero.

O tempo previsto para o pouso era de 14 minutos. Em Houston, Texas, na base da missão Apollo 11, os técnicos prendem a respiração. Faltando 20 segundos para que o combustível dos foguetes de descida se esgote, Armstrong anuncia: A Águia pousou.

Instantes depois, chega a resposta: "Ok, recebemos sua mensagem. Vocês deixaram um punhado de rapazes quase azuis por aqui. Estamos respirando de novo". Assim começava, em 20 de julho de 1969, a primeira visita do homem à Lua.

Essa viagem começou oito anos antes, com um discurso do presidente John Kennedy (1917-1963). O país estava às voltas com a guerra fria e a União Soviética liderava a corrida espacial quando Kennedy prometeu que os Estados Unidos seriam os primeiros a enviar uma missão à Lua.

O Projeto Apollo chegou a 16 de julho de 1969 pronto para lançar o foguete mais poderoso construído até então. Na ponta do Saturno V estavam a cápsula com o módulo de comando e serviço e o módulo lunar. A bordo, Armstrong, Aldrin e Michael Collins. Às 9h32, horário da Flórida, a Apolo 11 decolou do Centro Espacial Kennedy. Sentados sobre toneladas de combustível, os três arrancaram a 28.800 quilômetros por hora.

Em 12 minutos, a Apollo 11 estava em condições de orbitar. O desafio agora era aproveitar o movimento de rotação terrestre e o disparo do terceiro estágio de motores para atingir 40 mil quilômetros por hora e mergulhar no vácuo, percorrendo os 384 mil quilômetros que separavam a missão de seu objetivo.

Não se tratava, contudo, de uma viagem em linha reta. Os astronautas precisavam calcular aonde a Lua estaria em três dias, quando os motores de desaceleração seriam ativados. Além disso, a velocidade inicial não seria constante, uma vez que a gravidade da Terra roubaria energia da nave até metade do caminho. Um erro nos cálculos e a Apollo poderia se chocar com o satélite ou passar longe e se perder no espaço profundo.

Retorno ameaçado

Ao final do terceiro dia de viagem, os três foram acordados pela base em Houston. A monotonia da travessia, só quebrada durante as refeições com alimentos desidratados, seria substituída por momentos perigosos. O primeiro passo era estabelecer uma órbita ao redor da Lua a uma altitude de 112 quilômetros.

Feito isso, os astronautas se separariam. A bordo do módulo de comando, Collins seguiria na posição inicial, enquanto Armstrong e Aldrin deveriam descer pilotando o módulo lunar. Qualquer erro seria fatal.

De acordo com Jack Garman, o engenheiro que orientou os astronautas a ignorar os alarmes do computador da Eagle durante a descida, a capacidade do equipamento era comparável ao processador de um telefone celular atual. Em Houston, o mainframe que ocupava um andar inteiro não era muito mais eficiente que um laptop.

Isso talvez explique por que o módulo lunar foi parar sobre uma formação rochosa, quando deveria sobrevoar o mar da Tranquilidade. Mas esse não era o único problema que ameaçava o retorno. Testes prévios indicavam que o motor de decolagem do módulo a partir da superfície lunar tinha 50% de chances de falhar.

Os riscos eram tão grandes que o presidente Richard Nixon tinha um discurso pronto: "A fatalidade determinou que aqueles homens que foram para a Lua explorá-la em paz permaneçam na Lua para descansar em paz". Felizmente, a sorte e a perícia dos astronautas determinaram que o pouso fosse bem-sucedido, e o dia 20 de julho de 1969, um domingo, entrasse para a História.

Cinco horas e meia após a alunissagem, Armstrong abriu a escotilha e desceu as escadas até tocar o solo lunar. Na Terra, 700 mil telespectadores acompanhavam tudo, graças a uma câmera instalada numa das pernas do módulo. Ao dar seu primeiro passo, o ex-piloto de caças, que vira a morte de perto durante a Guerra da Coreia, proferiu a famosa frase: "É um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade".

Diante da audiência planetária, ele se deslocava com os 81,7 quilos do traje e da mochila como se fosse um menino. Na superfície lunar, esse peso caía para 13,6 quilos, já que a gravidade ali equivale a um sexto da terrestre. Quinze minutos depois, foi a vez de Aldrin se juntar a Armstrong com uma frase curiosa.

"Magnífica desolação", disse, ao se deparar com a vastidão granulada e cinzenta. Por duas horas, os dois recolheram 21 quilos de amostras do solo. Exaustos, voltaram ao módulo para dormir e preparar o retorno. Após 22 horas na Lua, era hora de voltar para casa.

Nenhuma outra empreitada espacial superaria o encanto, a emoção e o ímpeto quase irracionais que levaram os primeiros seres humanos a pisar na superfície prateada de nosso satélite. Com eles, o espaço se tornava verdadeiramente a última fronteira.

Fonte: RAH

segunda-feira, 20 de julho de 2020

COMO COLONIZADORES INFECTARAM MILHARES DE ÍNDIOS NO BRASIL COM PRESENTES E PROMESSAS FALSAS

Um avião sobrevoa os campos e despeja dos céus brinquedos infectados pela gripe. Criadores de gado atraem uma tribo desavisada a um povoado que enfrenta uma grave epidemia. Fazendeiros largam estrategicamente pelo chão mudas de roupa contaminadas com varíola.

São esses alguns dos relatos registrados ao longo da história do Brasil que apontam para o uso proposital de doenças como armas biológicas em batalhas contra povos indígenas e que teriam contribuído para dizimar grande parte das tribos que existiam originalmente no país.

Ao descrever a investida de plantadores de cacau sobre as terras reservadas às tribos kamakã e pataxó, na Bahia do início do século 20, o antropólogo Darcy Ribeiro conta no livro Os índios e a civilização que os invasores lançavam mão de "velhas técnicas coloniais, como o "envenenamento das aguadas" e "o abandono de roupas e utensílios de variolosos onde pudessem ser tomados pelos índios".

Para Rafael Pacheco, pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios da USP (Cesta), o uso de objetos contaminados foi o principal método usado para inocular doenças entre os indígenas desde o início da colonização. "Além da similaridade de métodos, o conflito de terras era a motivação mais comum para esses episódios", explica.

O impacto devastador de doenças trazidas pelos europeus ao Brasil entre os índios é largamente conhecido. Além da baixa imunidade, os hábitos coletivos e a falta de tratamentos tornavam a população nativa especialmente vulnerável a doenças trazidas por estrangeiros, como conta o professor de antropologia da Universidade Estadual de Santa Cruz Carlos José Santos. "Povos inteiros foram massacrados pelos contágios de doenças infecciosas. Aliás, muitos foram considerados extintos por elas, como é o caso dos goitacá", diz Santos, que é indígena e conhecido pelo nome Casé Angatu.

Doenças como varíola, sarampo, febre amarela ou mesmo a gripe estão entre as razões para o declínio das populações indígenas no território nacional, passando de 3 milhões de índios em 1500, segundo estimativa da Funai (Fundação Nacional do Índio), para cerca de 750 mil hoje, de acordo com dados do governo.

As causas dessas epidemias são comumente tratadas pela história como involuntárias. Há, no entanto, diversos relatos de infecção proposital de tribos indígenas no país: entre os timbira, no Maranhão, os botocudos, na região do vale do Rio Doce, os tupinambá e pataxó, na Bahia, os cinta-larga, em Mato Grosso e Roraima, entre vários outros.

Segundo a antropóloga Helena Palmquist, que pesquisa genocídio indígena no Brasil, o método de infecção era comum. "É uma estratégia muito difícil de provar, e os casos aconteciam em rincões, no Brasil profundo, lugares em que ninguém queria entrar." "Essas histórias não são desconhecidas, só não são levadas a sério. Os casos não foram apurados e nenhuma medida foi tomada, esses episódios eram divulgados pelos órgãos oficiais como fatalidades", afirma Pacheco.

O massacre dos timbira

O caso mais bem documentado aconteceu com índios timbira no estado do Maranhão, por volta de 1816. Na região, eles travaram, ao longo de décadas, uma guerra violenta contra criadores de gado, que vinham invadindo suas terras desde o início do século 19.

Em meio às constantes escaramuças, era comum que tribos selassem a paz com povoados brancos em busca de uma aliança contra povos inimigos. Foi o que aconteceu com os canela, ou kapiekrã, que, inicialmente derrotados em batalha pelos sakamekrã, acabaram por vencê-los com a ajuda de aliados brancos.

Em determinado ponto, a proximidade desses índios com os ditos civilizados foi tão grande que a tribo largou as terras onde vivia para morar junto a eles. Os brancos, por sua vez, esperavam receber uma ajuda financeira do governo para sustentar os novos agregados.

Esse auxílio, porém, nunca veio, fazendo com que os índios famintos se dispersassem e entrassem em conflito com o povoado. De um lado, a tribo buscava formas de sobreviver. Do outro, os fazendeiros se negavam a dividir seus parcos recursos, acusando os índios de roubar plantações e atacar o gado. "Perpetraram sobre os habitantes de todo o distrito enormíssimas extorsões, furtando-lhe gado, matando os bezerros e devorando as roças de mantimentos com tão decisiva destruição que, exasperados, muitos dos referidos habitantes largaram as suas propriedades e fugiram da capitania", narra em relatório para a corte o capitão Francisco de Paula Ribeiro, que presenciou o conflito.

Para dar cabo da ameaça indígena, os proprietários locais, sob o falso pretexto de uma guerra contra outra tribo, teriam atraído os canela à vila de Caxias, que na época sofria com uma epidemia de varíola.

Ali chegando, os índios nada receberam para comer e, ao tentarem saciar a fome nas plantações locais, foram imediatamente punidos. "Foram presos e espancados, inclusive mulheres e crianças, e dentre elas, a esposa do principal chefe da tribo, que, ao reclamar contra este tratamento, foi também fustigado", conta Darcy Ribeiro.

Caçados a tiros de espingarda, os que conseguiram escapar levaram consigo a doença. Assim, a varíola se espalhou entre as tribos da região, como conta Francisco de Paula. Até o ano seguinte, alcançaria populações indígenas a uma distância de 1,8 mil quilômetros dali.

Segundo o capitão, a falta de tratamento ou conhecimento dos índios sobre a doença ajudou a multiplicar a mortes. "Não será fácil de fazer uma ideia segura de quantas mil almas nele terão perecido, uma vez que se sabe o extravagante método porque estes homens brutais haviam pretendido curar-se — que era deitando-se aos rios para refrescar-se.... ou tirando-se logo as vidas àqueles que apareciam com mais claros sintomas de semelhante moléstia", descreve.

As doenças e a miséria causada pela tomada de seu território reduziu tanto o números dos timbira, de acordo com Darcy Ribeiro, que estes se viram impossibilitados de lutar até mesmo pelas áreas reservadas a eles pelo governo após a pacificação da região. "À custa de tramoias, de ameaças e de chacinas, os criadores de gado espoliaram a maioria deles e os remanescentes de vários grupos se viram obrigados a juntar-se nas terras que lhes restavam, insuficientes para o provimento da subsistência à base da caça, da coleta e da agricultura supletiva", diz Ribeiro.

Outros relatos

Feito em 1967 e só divulgado ao público 45 anos depois, o Relatório Figueiredo, produzido pelo procurador Jader Figueiredo a pedido do governo militar, relata o uso de vários tipos de violência contra os indígenas por membros do órgão que deveria resguardá-los, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI).

Entre os assassinatos, abusos sexuais, casos de tortura e corrupção denunciados, o relatório ressalta as acusações de que uma tribo de índios pataxó do sul da Bahia teria sido levada à extinção por uma infecção proposital. "Jamais foram apuradas as denúncias de que foi inoculado o vírus da varíola nos infelizes indígenas para que se pudessem distribuir suas terras entre figurões do governo", aponta o documento.

Em seu vasto relatório de 2014, a Comissão Nacional da Verdade identificou entre as causas para a morte de cinco mil índios cinta-larga em Mato Grosso e Rondônia, a partir da década de 1950, "aviões que atiravam brinquedos contaminados com vírus da gripe, sarampo e varíola", enviados por seringalistas, mineradores, madeireiros e garimpeiros, com a conivência do governo federal.

O pesquisador Rafael Pacheco cita também casos ocorridos nas últimas décadas no Paraná e Mato Grosso do Sul, em que proprietários de terra fizeram chover agrotóxico de um avião sobre as águas, terras e plantações de tribos avá-guarani, guarani e kayowa, causando sérios danos à saúde dos índios.

De suas andanças pelo Brasil entre os anos de 1816 e 1822, o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire conta uma história ocorrida no vale do Rio Doce, onde um foragido da Justiça, acolhido de forma amigável pelos índios botocudos, teria dado a eles objetos infectados de varíola depois que um chefe indígena se apaixonou por sua filha. "Muitos botocudos caíram vítimas dessa horrível perfídia", narra Saint-Hilaire, acrescentando que a prática era usual em outras regiões do país.

Transmissão não proposital e omissão

Para o antropólogo Casé Angatu, as doenças serviram desde o início aos interesses dos colonizadores.
"As contaminações, propositais ou não, serviram e servem para espoliar terras indígenas e para o contínuo genocídio dos povos originários", afirma.

Palmquist classifica inclusive como criminosa a política de aproximação de tribos indígenas instalada durante a ditadura, que teria sido diretamente responsável pelo extermínio de milhares de índios. "Muito rapidamente, a Funai se transformou numa promotora da atração, pacificação e contato com as tribos indígenas, num momento em que já se sabia quais eram as consequências dessa política."

No Relatório Figueiredo, a omissão é também destacada como um dentre os vários crimes cometidos por membros do SPI. "A falta de assistência, porém, é a mais eficiente maneira de praticar o assassinato", diz o documento.

Nesse sentido, Pacheco lembra da desestruturação do sistema de atenção à saúde no Brasil durante a ditadura, especialmente na década de 1970, num período em que a política de aproximação das comunidades indígenas funcionava a todo vapor. "A ausência de equipes e estruturas de assistência médica em momentos de extrema necessidade deve entrar sim na conta dos agentes públicos, dentre eles o presidente, na medida em que ela expressa uma política do governo de violar sistematicamente direitos indígenas", declara o pesquisador.

Fonte: g1.com

domingo, 19 de julho de 2020

CATEDRAL DO SÉCULO XV PEGA FOGO NA FRANÇA

Na manhã deste sábado, 18, os moradores da cidade de Nantes, na França, acordaram assustados com a notícia de que a conhecida catedral local havia sido atingida por um incêndio.

De acordo com informações da Rádio França Internacional (RFI), o fogo que tomou conta da Catedral de Nantes foi controlado e não deixou feridos, mas, causou prejuízos consideráveis. "Os danos estão concentrados no grande órgão, que parece totalmente destruído", afirmou o general Laurent Ferlay.

No total, 60 homens do corpo de bombeiros foram até o local. As autoridades francesas abriram uma investigação por incêndio voluntário e afirmaram que três pontos distintos de chamas foram detectados.

A Catedral de Nantes é uma construção do século 15 e um importante ponto turístico da região. A igreja já havia sido atingida por um incêndio em 1972 e só foi reaberta 13 anos depois em 1985.