Participei de três eleições concorrendo ao cargo de
vereador. Logrei êxito em duas e uma primeira suplência, na última. Sempre
obtive votações expressivas, inclusive quando não me elegi, atingindo 566 votos
apesar de ter sido traído pelo grupo político do qual fazia parte.
Sempre fui grato aos
eleitores de Coelho Neto pelo voto de confiança. Sempre senti orgulho de
representar os coelhonetenses na Câmara Municipal. Para tanto retribui com
trabalho e dedicação à causa pública; foram centenas de indicações, vários
projetos de lei e debates inesquecíveis, sempre defendendo a população, os meus
pontos de vista e o grupo político que seguia.
Durante todo esse tempo (e na vida inteira) não participei
de conchavos, de conluios, ou de qualquer armação para me dar bem. Além do
vencimento pago, legalmente, pela Câmara Municipal nunca recebi, absolutamente,
nada a mais para exercer o mandato que me foi confiado pela população. Entrei
pobre e sai mais pobre, ainda.
A função da vereança é árdua. Às vezes, injustamente, somos
taxados de ladrões do dinheiro público, de inimigos da população. Assistentes
sociais, se não ajudamos quando solicitados somos execrados e xingados. Em
alguns casos o eleitor tem razão. Em outros, severamente, nivelam todos os
políticos por baixo.
Quando chega o período eleitoral a ânsia do eleitor em tirar
algum dinheiro do candidato parece obsessão. E, para, chegar ao Legislativo
Municipal é preciso fazer um verdadeiro malabarismo: gastando o que não tem e
prometendo o que não vai cumprir. É um jogo cruel de desconfiança do candidato
e do eleitor. Evidente que existem, ainda, os eleitores e candidatos
conscientes de seu papel.
Nunca achei que o sangue político corresse por minhas veias.
Alguns dizem que depois que se entra na vida política não se sai mais. Pura
balela! Descobri que podemos ajudar a nossa comunidade de outras formas sem,
necessariamente, ser vereador. É o que tenho feito.
Hoje, para conseguir uma vaga na Câmara Municipal não bastam
ter ideais, bons propósitos e zelo pela população. É necessário muito mais. Não
se ganha eleição sem uma invejável soma de dinheiro e muito jogo de cintura.
Umas duas ou três dezenas de amigos-dezenas, não foram
centenas- insistiram para que eu concorresse na eleição deste ano. Gostariam de
me ver retornando ao Poder Legislativo. Ao convite declinei, mas causou-me
enorme satisfação ver reconhecido um trabalho que foi feito com dedicação e do
qual me orgulho muito.
Motivado pelos insistentes apelos (aos que agradeço) cheguei
até a registrar a candidatura, mas descobri que me falta a invejável soma de
recursos e jogo de cintura, apesar de persistirem os ideais, os bons propósitos
e o zelo pela população. Ao desistir do intento sinto-me aliviado, pois não
precisarei fazer malabarismo e, nem tão pouco, ouvir de quem não tem cacife o
que não mereço. Desejo sucesso aos bons candidatos. Que somente o voto seja a
arma que os conduza ao Legislativo Municipal.
Seguirei participando, ativamente, da vida política em nosso
Município. Para tanto apoiarei um homem digno para continuar decidindo os
destinos de nossa terra. Para o Legislativo, certamente, apoiaremos um homem ou
mulher que represente com afinco e dignidade a nossa gente.
Título: William Shakespeare
Imagem: quandonadaenoticia.blogger
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