CRÔNICA DO DOMINGO
CADÊ MEU SETE DE SETEMBRO?
Lázaro Albuquerque Matos
CADÊ MEU SETE DE SETEMBRO?
Lázaro Albuquerque Matos
“Já podeis, da Pátria filhos, ver contente a mãe gentil. Já raiou a
liberdade no horizonte do Brasil”.
Palavras de Dom Pedro I, no Hino da Independência, cuja realização se seu deu
no dia sete de setembro de 1822. Nesse dia, o Brasil ficou independente de
Portugal pelo grito de Dom Pedro I, às margens do Ipiranga, em São Paulo:
Independência ou Morte. A novela Novo Mundo, da TV Globo, não me deixa mentir.
Antes, porém, no dia nove de janeiro do mesmo ano – 1822 –, Dom Pedro I disse,
desafiando a Corte Portuguesa, que queria sua volta a Portugal: “Se é para o
bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico”
A data ficou conhecida como o Dia do Fico. Nela, o futuro Príncipe-regente
preparou o Brasil para a sua independência, mais tarde.
O patriotismo é um marco forte no sentimento cívico do brasileiro pela Pátria
Amada Brasil. E o sete de setembro é o dia do encontro do brasileiro com a
brasilidade. O País para – ou parava –, por meio de um feriado nacional, para o
encontro do povo com a sua festa cívica, com as Forças Armadas e os estudantes
desfilando, em todo o Brasil, pelo sentimento de uma Nação livre de
Portugal.
Mas acho que o produto principal do Brasil, enquanto Colônia de Portugal, a
cana-de-açúcar, desapareceu. E o que era doce, acabou: o sete de setembro como
festa cívica. Hoje, ele não tem mais o sabor de antigamente. Passou a ser uma
coisa azeda ou amarga, sem o doce civismo de brasilidade do povo. O que houve?
Pra onde foi civismo patriótico do brasileiro, brasileiros? Será coisa da Lava
Jato?
Lá me vem, novamente, Duque Bacelar como saudade minha! Mas, nesse ponto, ela
não falta. E nem deve faltar! Como estudante de Duque Bacelar, eu tinha, no
desfile estudantil do dia sete de setembro de minha cidade, o orgulho de ser um
brasileiro mirim, cheio de patriotismo, já.
Não me esqueço da ordem de “Meia volta, volver: esquerda, direita” recebida do
soldado Zé Edmar, nos dando o tom militar de se marchar em homenagem à
independência do Brasil. Isso acontecia diariamente, uns 15 dias antes da data
magna do evento cívico brasileiro. Nas primeiras horas do dia sete setembro, as
ruas de Duque Bacelar eram tomas de azul e branco: a farda do “Paulo Ramos”
colorindo o desfile patriótico. Depois, incorporou-se a isso o cinza e branco
da farda do nosso Ginásio Bandeirante. Mais tarde, veio a diversidade colorida
de outras unidades escolares da cidade. Como era lindo e multicolorido o
desfile estudantil do Dia da Independência do Brasil, em Duque Bacelar!
Este ano, eu quis ver o desfile estudantil do dia sete de setembro de Duque
Bacelar como parte do meu ímpeto saudosista da minha querida cidade. E fui ver.
Em vão. Procurei por todas as ruas da cidade. E nada de desfile. De lá, só não
voltei de cara quebrada porque tive outras coisas que também me dão prazer na
cidade; pelo desfile, sim.
Que os donos de engenho político voltem a dar açúcar ou garapa da cana para
adoçar, novamente, o civismo patriótico do brasileiro! Duque Bacelar não pode
amargar o dissabor de uns poucos, eliminando um gesto doce, histórico e
cultural do município, e do Brasil como um todo: o desfile de sete de setembro
pela independência do Brasil.
Sem o desfile estudantil em Duque Bacelar, só me restou perguntar: CADÊ MEU
SETE DE SETEMBRO.
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