Reportagem
publicada nesta semana, pela versão brasileira do jornal espanhol El País, a
partir de dados Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE),
revelou que o Brasil, na lista de ranking mundial de investimento em educação,
só fica à frente do México, numa lista de 36 países.
E,
se há um ponto fulcral a ser enfrentando, constata a reportagem, essa passa
necessariamente pela reforma do Ensino Médio, cujas matrículas na rede pública
diminuem ano a ano, com assustadores 60% de evasão, já constatados. Este número
se refere à finalização do ensino médio. Dito de outro modo: de dez alunos que
iniciam esta etapa de formação, apenas 4 a finalizam.
A
questão, no entanto, afirma alguns especialistas, começa na base de tudo: o
ensino fundamental. Isto porque o aluno chega ao ensino médio com enormes
déficits de conhecimento nas matérias básicas. Logo, o desempenho destes alunos
no principal teste mundial, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
(PISA), revela uma queda constante no ranking, ano a ano, nos itens avaliados:
ciências, leitura e matemática. Em 2016, dos setenta países avaliados, o Brasil
ficou em 63ª lugar, em ciências, 59ª, em leitura e na 66ª colocação, em
matemática.
Nesta
semana, o noticiário nacional destacou, com ênfase, algo eu diria assustador.
Pesquisa do Banco Mundial, apresentada em relatório sobre educação, mostrou que
os alunos brasileiros levarão – a não se fazer nada ou pouco, cosmeticamente
como se tem feito até aqui – 75 anos para se igualarem em conhecimentos de
matemática com os países desenvolvidos e inacreditáveis 260 anos para se
igualar em leitura.
A
evasão escolar no ensino médio, por diversas razões, inclusive a entrada no
mercado de trabalho subqualificado, chegou a 12,7%, especialmente no primeiro
ano. Esta é uma média nacional. As conhecidas diferenças regionais mostram
estados em que este índice é bem maior. A pesquisa realizada ano passado,
também indicou que houve discreto decréscimo na evasão, ainda que, nos anos
subsequentes, essa prática continuou.
Outro
reflexo, que instituições voltadas para a educação detectaram, é que apenas 17%
dos egressos do ensino médio entram na faculdade. Os demais 83% vão para o
mercado de trabalha de baixíssima remuneração.
Texto:
Natalino Salgado Filho, ex-reitor da UFMA
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