O depoimento de uma médica da Maternidade Dona
Evangelina Rosa ao Ministério Público do Estado do Piauí, datado do primeiro
semestre de 2018, e que serve para embasar o pedido de afastamento do
diretor-geral da maternidade, Francisco Macedo, traz à tona os bastidores de
uma instituição que, embora registre cerca de 9 mil partos por ano, oferece
alto risco à vida humana.
Uma das passagens mais atormentadoras extraídas do
depoimento é sobre a constatação no dia 23 de abril de 2018 de que
naquele mês e naquela data já haviam morrido 23 crianças. “Que registrou,
ontem (23.04.2018), 23 óbitos neonatais no mês de abril, ou seja, a média de
uma criança por dia”, consta de depoimento.
A médica relata a falta de medicamentos, a falta de
pessoas qualificadas, parada cardio-respiratório em bebê por falta de
medicamento, erros em exames laboratoriais, uso, por dias, dos mesmos
utensílios em bebês traqueosmotizados. “Bebês traqueostomizados foram
aspirados com a mesma sonda por vários dias”, revelou.
Ao tratar sobre a falta de medicação, ela cita o
caso de um bebê que teria tido parada cárdio-respiratória. “Todos os setores de
neonatologia estão sentido falta de medicamentos, por exemplo, a sonda números
6, sem a qual não é possível aspirar o tubo do bebê, o que pode ocasionar
paradas cárdio-respiratórias, já existe ao menos um caso registrado”, reportou.
Os próprios médicos chegam a comprar medicamentos.
“Médicos chegam a comprar medicamentos, como a digoxina, usada nas crianças
cardiopatas”, acrescentou.
Entre os duros relatos está ainda a de que grávidas
e mães têm que conviver com formigas e baratas. “As instalações da maternidade
são muito precárias, com goteiras sobre pacientes. Que tem muitas pragas de
baratas e formigas", acresce. Informações de bastidores dão conta de que o
secretário de Saúde, Florentino Neto, deve continuar no cargo. Ele seria uma
indicação do deputado Assis Carvalho e do senador Ciro Nogueira.
Fonte: Portal 180 Graus
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