A prisão de Rodrigo
Rocha Loures potencializou um fenômeno surgido há duas semanas em Brasília.
Tomados por uma espécie de Loresfobia, Michel
Temer, seus ministros e apoiadores políticos mais próximos vivem o temor de uma
delação que está por vir. O presidente poderia imunizar-se contra o risco de
intoxicação. Bastaria romper com o amigo e ex-assessor, desqualificando-o. Mas
Temer faz o oposto. Elogia publicamente um personagem que foi preso por
traficar influência e receber do Grupo JBS uma mala com propina de R$ 500 mil.
Temer soa como refém do potencial delator. É como se o adulasse em troca de
proteção.
Temer e seus operadores esboçam o discurso
que pretendem esgrimir na hipótese de Rocha Loures se tornar um colaborador da
Justiça. Dirão que ele foi vítima de uma cilada urdida por um empresário
desonesto, Joesley Batista, em parceria com uma Procuradoria que conspira
contra a estabilidade do governo. Afirmarão, de resto, que não há na atual
gestão nenhum vestígio de favores que o governo possa ter prestado à JBS em
troca da mala de dinheiro que Rocha Loures, num misto de confissão e
arrepemento, devolveu depois de ter sido filmado.
A versão do
procurador-geral Rodrigo Janot é mais simples. Para ele, Rocha Loures agiu como
um “verdadeiro longa manus” do presidente. Quer
dizer: indicado por Temer como a pessoa de sua “estrita confiança” a quem
Joesley deveria encaminhar as pendências da JBS no governo, Rocha Loures
representa um prolongamento da mão do próprio presidente. Nessa versão da
Procuradoria, as digitais que aparecem na mala são do preposto de Temer. Mas o
dinheiro destinava-se ao próprio presidente —exatamente como informaram os
delatores da JBS em seus depoimentos.
Fonte: Blog do Josias de
Souza
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