Em 1600, o ex-frei dominicano Giordano Bruno foi
queimado vivo em Roma. Defendia que, como Copérnico havia escrito antes dele
nascer, e continuava a ser tabu defender, a Terra era um planeta e gira em
torno do Sol. Não só isso, como uma ideia sua e incrivelmente ousada: o Sol era
apenas uma estrela, e, como ele, todas as estrelas tinham sistemas planetários.
Como a Terra, esses planetas deviam abrigar vida inteligente. Afirmou que a
matéria é composta de átomos - uma ideia da Grécia Antiga, mas então muito
contestada. E disse que o número de estrelas e o tamanho do Universo são
infinitos - esta, uma ideia errada, de acordo com a amplamente aceita teoria do
Big Bang.
Então começam as ideias que o levaram à fogueira,
mais do que a astronomia. Para Bruno, Deus não poderia ter encarnado em Jesus
porque está em todo lugar. Portanto, Jesus não havia sido um messias, mas um
mero "mago", e sua mãe não era virgem. O teólogo também achava
ridículo dizer que uma hóstia se transforma na substância de Jesus, portanto
Deus, ao ser ingerida - o dogma da transubstanciação. Afinal, tudo já é Deus. E
que o Deus que habita na matéria é mais benevolente que o da Igreja: não havia
inferno e o próprio Diabo seria perdoado.
Bruno seria acusado de defender os infinitos
mundos, mas também de todas essas heresias. Ele tentou ceder em dogmas da
igreja, mas não em sua visão cosmológica. Bravo até o fim, ele respondeu à sua
condenação com um desafio: "Talvez vocês pronunciem essa sentença com mais
medo que eu a recebo". E foi para a fogueira amordaçado, para nada mais
dizer.
A visão de mundo do teólogo era irreconciliável com
o cristianismo, não só católico. Ainda é. Em 1992, o papa João Paulo II afirmou
que o julgamento de Galileu foi um erro. Mas Bruno não tem a menor chance de
receber o mesmo tratamento. Foi um verdadeiro herege que nunca foi perdoado e
provavelmente nunca será.
Fonte: Revista Aventuras na História
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