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segunda-feira, 28 de maio de 2018

BRASILEIRO CONTINUARÁ DESABASTECIDO DE GOVERNO

Além da falta de gêneros alimentícios, remédios e combustíveis, o caos que motoristas e empresas transportadoras produziram no país expôs um desabastecimento adicional: faltou governo. Quando os caminhões voltarem a circular, logo haverá mantimentos na gôndola, medicamentos na prateleira, gasolina na bomba e querosene nos aeroportos. Mas contra o desgoverno não há solução. Faltam 217 dias para Temer desocupar o Planalto. Acompanhar cada manhã do seu derretimento será um martírio.
Temer viveu a crise dos caminhões em dois estágios. Atravessou a fase da inação e a etapa da rendição. O presidente deu de ombros para a encrenca ao ser alertado, em outubro de 2017, sobre os riscos da paralisação. Voltou a subestimar o problema quando recebeu dois ofícios ameaçadores nos dias 14 e 16 de maio. “Imagine o Brasil ficar sem transporte por uma semana!”, anotava o primeiro aviso. “O Estado de fragilidade financeira que se encontra o setor (de transportes) é altamente inflamável”, ecoava o segundo.
Cinco dias depois da última advertência, os caminhões foram atravessados nas rodovias. Em 48 horas, o caos estava esboçado. E Temer, depois desperdiçar todas as oportunidades que teve para compreender o problema, amarelou três vezes em uma semana:
1) Na última terça-feira, o presidente pediu “trégua” aos caminhoneiros sublevados, acenando com o tabelamento do diesel por 15 dias.
2) Na quarta-feira, cedeu 12 reivindicações sem obter nenhuma garantia de desobstrução das estradas. O congelamento do diesel passou para 30 dias.
3) Neste domingo, Temer protagonizou uma rendição humilhante. Depois de acionar com atraso os órgãos de segurança, incluindo as Forças Armadas, o presidente içou a bandeira branca e entregou aos grevistas um pacote de vantagens que vira do avesso a própria filosofia liberal do seu desgoverno. Incluiu no embrulho uma mágica que fará sumir do preço do diesel a Cide, o PIS e a Cofins. O truque resultou num desconto de R$ 0,46 por litro. E Temer ainda esticou a vigência do tabelamento do óleo para 60 dias.

Leia mais em: Blog do Josias de Souza

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