Nas
eleições presidenciais simuladas, chamadas tecnicamente de pesquisas de
opinião, o não voto registra ótimo desempenho, somando algo como um terço do
eleitorado. Em agosto do ano passado, a eleição do governo-tampão do Amazonas
indicou que a aversão à política não decorre um quadro estatístico
mal-interpretado. Entre os amazonenses, a abstenção, os votos brancos e nulos
somaram 43% do eleitorado. O resultado das urnas do Tocantins, abertas
neste domingo, aponta para uma consolidação do fenômeno. Com 52%, o não voto
prevaleceu na disputa pela poltrona de governador.
No Amazonas, o cacique Amazonino Mendes, hoje na
tribo do PDT, tornou-se governador pela quarta vez com 782.933 votos. Uma marca
bem inferior à quantidade de títulos eleitorais que preferiram ficar em casa ou
desperdiçar o voto: 1.016.635 eleitores. No Tocantins, o governador interino
Mauro Carlesse, do nanico PHS, foi efetivado no cargo por pouco mais de mais de
368 mil eleitores. Ali, a turma do não votos juntou mais de 520 mil eleitores
com o nariz retorcido.
Se os resultados do Tocantins e do Amazonas indicam
alguma coisa é que o eleitorado brasileiro começa a evoluir da indignação para
o sonambulismo. Se esse processo for levado às últimas consequências, o que
parece um protesto tende a se converter em omissão. Além de acomodar outro
presidente precário no Planalto, as estruturas mais carcomidas e tradicionais
da política elegerão o rebotalho para o Congresso, para os governos estaduais e
para as assembleias legislativas.
Fonte: Blog do Josias de Souza
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