Árabes e judeus travam uma intensa disputa desde o
começo do século 20 para transformar Jerusalém em capital da Palestina e de
Israel, respectivamente. Mas esse conflito, que faz do Oriente Médio um centro
permanente de tensão, é apenas mais um capítulo de uma história que mescla
confrontos por território e heranças sagradas há milênios.
Jerusalém já foi ocupada, destruída, sitiada, atacada
e capturada muitas vezes por diferentes povos, entre eles egípcios, babilônios,
romanos, árabes e judeus em cerca de três mil anos de história. Também foi
santificada por cristãos, judeus e muçulmanos, que veem na cidade o berço
dessas religiões.
A aparente convivência harmônica entre os bairros
judaico, mulçumano, cristão e armênio na Cidade Velha, cercada por muros em
Jerusalém Oriental, contudo, não é um indicativo de que o atual confronto está
perto do fim.
Mas como essa cidade de 150 quilômetros quadrados,
área pouco menor que a de Natal, capital do Rio Grande do Norte, tornou-se a
mais sagrada e disputada do mundo por tantos milênios?
Heranças religiosas
Jerusalém foi erguida no alto do Monte Moriah. Para os
cristãos, esse foi o palco da paixão de Cristo, onde Jesus foi crucificado,
morto e sepultado. Para os muçulmanos, é o lugar onde o profeta Maomé ascendeu
aos céus. Já segundo a tradição judaica, a cidade fundada pelo rei Davi é o
local onde foi construído um templo guardar a Arca da Aliança, onde estariam as
tábuas dos Dez Mandamentos.
Por isso, até hoje Jerusalém atrai peregrinos de
diferentes religiões em busca de lugares sagrados. Na Cidade Velha, é possível percorrer, por exemplo, as
14 estações pelas quais se acredita que Jesus passou carregando a cruz até
Igreja do Santo Sepulcro; visitar a mesquita de Al-Aqsa e se deslumbrar com a
Cúpula da Rocha; e, ainda, depositar votos de fé no Muro das Lamentações, um
pedacinho do Templo de Jerusalém erguido por Herodes e cercado por sinagogas.
Disputas por território
Parte das disputas na região está relacionada à crença
de fiéis de que seus antepassados chegaram primeiro à região onde hoje fica
Jerusalém ou mesmo de que a ligação com a cidade é mais legítima. Apesar de haver indícios de que o local já era
habitado em 3200 a.C., ninguém sabe ao certo quem foram os primeiros a
ocupá-lo.
A história de conflitos na região envolveu, no fim do
século 7a.C. egípcios e assírios e, em séculos seguintes, babilônios e persas,
gregos, romanos, turcos e otomanos.
Os confrontos forçaram a diáspora judaica e Jerusalém
foi controlada por muçulmanos por séculos a fio até o final da 1ª Guerra
Mundial e o fim do Império Otomano. A partir daí, franceses e britânicos
ocuparam a região, redefinindo fronteiras.
O confronto entre judeus e palestinos
No começo dos anos 1920, a região da Palestina passou
a ficar formalmente sob o comando do Reino Unido e, com apoio dos britânicos,
judeus de todas as partes do mundo começaram a voltar à Terra Santa, migrando
para o território do atual Estado de Israel.
Jerusalém foi capital do Mandato Britânico da Palestina
até 1948. Um ano antes, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações
Unidas) decidiu pelo plano de partilha da Palestina entre um Estado árabe e
outro judeu, Jerusalém foi designada como "corpus separatum" (corpo
separado), sob controle internacional. O plano, porém, não chegou a ser
implementado.
Em 1948, foi declarada a Independência do Estado de
Israel e, logo em seguida, a guerra árabe-israelense. Ao final daquele
conflito, Jerusalém foi dividida, com a parte ocidental sob controle de Israel
e a parte oriental controlada pela Jordânia.
Depois da Guerra de Seis dias de 1967, Israel capturou
a parte oriental da cidade e, desde então, vem construindo assentamentos em
Jerusalém Oriental. Esses assentamentos são considerados ilegais pela comunidade
internacional, posição que é contestada pelo governo israelense.
Os palestinos, por sua vez, reivindicam que Jerusalém
oriental é a capital palestina. Esse pleito faz parte das tratativas de acordo
de paz para tentar criar um Estado palestino ao lado de Israel.
Estima-se que um terço da população de Jerusalém seja
composto por palestinos e muitos são de famílias que estão na região há
séculos.
Enquanto árabes e judeus enfrentam dificuldades de
executar o plano de partilha da Palestina conforme determinado pela ONU, as
ações militares na região nunca cessaram.
Fonte: G1.Globo
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