Nascido na Guiana, o jovem Prince Randian viveria com
uma raríssima condição, que inicialmente, seria tratada como uma anomalia capaz
de acabar com sua vida. A Síndrome de Tetra-amelia fez o rapaz nascer sem
membros, com os braços limitados a uma pequena parte do deltoide e pernas quase
inexistentes.
Buscando amparo para, ao menos, obter próteses, sua
família se mudou para Ilhas Virgens Americanas, onde Randian passou toda a
adolescência. O garoto hindu buscou se especializar em outras coisas para
driblar a dificuldade de deslocamento e realização de atividades cotidianas,
sendo fluente em inglês, francês e alemão.
Aos 18 anos, o mestre dos freak-shows americanos P. T. Barnum descobriu Prince enquanto fazia uma viagem internacional.
Impressionado com sua inteligência e desenvoltura, o circense realizou uma
ótima proposta para o gatoro se apresentar nos Estados Unidos, com moradia
inclusa. Em 1889, o convite foi aceito e Randian imigrava para o país em uma
nova oportunidade de adaptação.
O homem-cobra nos EUA.
A orientação de Barnum era simples; apenas realize
alguma atividade cotidiana em frente ao público e será suficientemente
surpreendente. Randian, por sua vez, desenvolveu um número rápido, treinado
durante boa parte de sua adolescência, onde sacava um cigarro, uma caixa de
fósforos e, apenas com sua boca, ascendia e tragava.
Ao longo dos anos, criou ainda mais números, desde
desenhos usando um pincel na boca até escrita com uma caneta, movimentando os
dentes e realizando manuscritos com uma caligrafia impressionante. O ato mais
impressionante era ao se barbear; posicionando uma navalha em um bloco de
madeira, o homem rastejava cuidadosamente e deixava o rosto completamente livre
dos pelos.
Os números renderam-lhe o apelido de “homem-cobra” e o
sucesso nacional na caravana circense, acompanhado de outros fenômenos como
a Sereia de Fiji e
a Mulher Barbada. A projeção foi tamanha que, em 1932, surgiu um convite para
os cinemas, realizando os mesmos atos no filme ‘Freaks’, sendo usado inclusive
no cartaz de divulgação da obra.
A vida privada do homem-cobra
A aparência anormal não impossibilitou Randian de viver
uma vida normal. Diferente de muitos dos membros do freak-show de P. T. Barnum, o homem-cobra não sofria de
nenhuma limitação intelectual, mantendo ótimas conversas com o líder circense e
evitando que sua imagem e atos fossem explorados de maneira desvantajosa para o
guianês.
Na mudança para os EUA, Randian foi acompanhado pela
família, além de se casar com uma mulher hindu chamada Sarah. O casal teve
quatro filhos, sendo três meninas e um rapaz, sem nenhuma herança da síndrome.
Mantendo uma vida normal, era deslocado com uma cadeira de rodas e
conhecidamente brincalhão.
Trabalhou até o fim da vida como artista circense,
totalizando mais de 40 anos nos palcos. Randian morreu em 19 de dezembro de
1934, aos 63 anos, vítima de um ataque cardíaco, horas depois de se apresentar.
Fonte: Aventuras na História
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