O Brasil ainda digeria as medidas centralizadoras do
Estado Novo quando a Segunda Guerra Mundial eclodiu na Europa, em 1939. O país
tentava dar os primeiros passos no caminho da industrialização e mantinha
relações comerciais importantes tanto com a Alemanha quanto com os Estados
Unidos.
A neutralidade no conflito também deixava o governo de
Getúlio Vargas numa posição confortável para barganhar seus
interesses, e o presidente viu ali uma boa oportunidade para executar seus
projetos mais ambiciosos.
Um deles era obter financiamento para modernizar e
reequipar as Forças Armadas, consolidando assim o apoio militar a seu governo.
Outro objetivo de Getúlio era angariar recursos para construir a Companhia
Siderúrgica Nacional, inaugurando uma nova fase de desenvolvimento no País.
O jogo duplo, no entanto, não seria tão simples.
Apesar da identificação do Estado Novo com os regimes totalitaristas europeus,
uma série de acordos diplomáticos deixava o Brasil cada vez mais alinhado com
os americanos. Em 1940, a Conferência de Havana determinou que qualquer
tentativa contra a integridade das Américas seria tomada como uma agressão a
todos os países do continente.
Era a imposição da hegemonia dos Estados Unidos na
região, sob o manto dos ideais pan-americanistas. Essa supremacia contaria com
um forte plano de influência cultural no Brasil. Foi nessa época, por exemplo,
que os Estúdios Disney criaram o personagem Zé Carioca, o papagaio simpático e
boa praça que enfatizava a política da boa vizinhança e dava vida à suposta
amizade entre brasileiros e americanos.
Em 1941, após o ataque a Pearl Harbour e a entrada dos
Estados Unidos na guerra, a pressão tornou-se insustentável. Washington convocou
a 3ª Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas
Americanas, realizada no Rio de Janeiro, em janeiro de 1942. Entre as várias
resoluções aprovadas no encontro, o Brasil concordou em cortar relações com os
países do Eixo.
Cedeu também a uma antiga pressão do presidente
americano, Franklin Roosevelt, que queria permissão para usar os portos e bases
do Norte e Nordeste brasileiro. Em troca, o Brasil receberia armamentos mais
modernos para garantir sua defesa.
Semanas depois do encontro, os U-boats alemães
afundaram vários navios brasileiros em nossa costa, provocando uma indignação
generalizada da população. Tornara-se inevitável entrar no conflito. Em agosto
de 1942, Getúlio declarou guerra aos países do Eixo e, em fevereiro de 1943,
encontrou-se com Roosevelt na cidade de Natal.
Lá, discutiram a ideia de criar uma força militar
brasileira para participar do conflito. E, assim, Getúlio aprovou a proposta de
criação da Força Expedicionária Brasileira (FEB). O País estava a um passo de entrar no maior
conflito de todos os tempos.
A reação dos países do Eixo ao alinhamento do Brasil
com os Estados Unidos, em janeiro de 1942, foi imediata e violenta. Dezenas de
submarinos alemães entraram em nossas águas e afundaram vários navios mercantes
brasileiros entre o início de 1942 e o final da guerra. Ao todo, 35 embarcações
foram torpedeadas, das quais 26 na costa brasileira e no Caribe. O saldo
estimado de mortos chegou a 845 pessoas, entre tripulantes, militares e civis,
incluindo mulheres e crianças.
O maior algoz foi o U-507, que levou a pique oito
navios brasileiros e dois estrangeiros. Em apenas três dias, ele afundou cinco
embarcações, entre elas o Baependi, que levava a bordo 265 pessoas. Os ataques
provocaram grande indignação no Brasil, e vários estabelecimentos comerciais de
alemães foram destruídos pela população enfurecida.
Os manifestantes pediam uma reação de Getúlio Vargas e
exigiam que o País entrasse na guerra ao lado dos aliados. O pedido foi
atendido, e o presidente declarou estado de guerra em todo o país no dia 22 de
agosto de 1942.
Fonte: AH
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