1. Tutores e efebos
Na Grécia, as figuras masculinas de gerações
diferentes enxergavam sexo como elemento importante. Os jovens inexperientes
(efebos) eram entregues a tutores para que fossem educados e protegidos e,
nesse campo, a pederastia (sexo entre homens) tinha um papel: a aproximação
entre os dois e a ritualização da entrada do homem na idade adulta e sociedade.
As relações eram realizadas pelo tutor, ativo, chamado
de erasta, e o efebo, passivo. Em Atenas, por exemplo, a pederastia era a
introdução do garoto à cidadania, em que o ativo, mais velho, ensinava ao jovem
com uma relação íntima. Em Esparta, essa técnica também foi usada para
proporcionar uma afinidade e uma maior união entre os militares.
2. Violência e dominação
A mitologia grega denuncia uma realidade muito
relevante na sexualidade da sociedade. Eram comuns comportamentos
afetivo-sexuais marcados pela dominação masculina violenta. Paul Chrytian,
historiador da Universidade de Alberta, expõe como a violência é um elemento
intrínseco da representação do sexo nos mitos, principalmente na figura mais
ativa dela, Zeus.
Essas representações narrativas traduzem o sexismo da
sociedade grega, e a forma como a vontade masculina era soberana. Zeus
constantemente afirmava dominação contra mulheres, mas pouco fazia com homens.
Isso expõe o elemento central da misoginia, que também costumava representar
mulheres como submissas e mentirosas.
3. Liberdade
A Grécia costuma ser representada como um lugar de
libertinagem e abertura para diversas atividades sexuais, como orgias, sodomia
e masoquismo, mas isso é, essencialmente, uma narrativa forjada pela literatura
ocidental para declarar sua origem num espaço de grande liberdade. A realidade
é que muitas práticas que, na época, eram consideradas moralmente
inapropriadas, eram severamente punidas pela lei. É o caso das orgias.
As relações de intimidade passavam por filtros morais
e costumes estabelecidos pela conduta social. Assim, a regulação era ampla.
Nessa realidade, o maior alvo era o público feminino, visto como apenas
reprodutor (praticamente um acessório). O julgamento contra atos de mulheres
repreendidos pela sociedade foram vários. Entre as condutas tidas como obscenas
e combatíveis, estava o sexo entre mulheres, ao contrário da pederastia
masculina.
4. Sátiros
Uma das figuras mitológicas com maior carga sexual em
sua representação eram os sátiros, criaturas híbridas de humano com cabrito,
cujo teor erótico era elementar. Suas representações costumavam envolver um
pênis ereto, posições sexualmente sugestivas e constantes demonstrações de
masturbação, ato difundido entre os gregos.
Essas figuras apareciam nos mitos corriqueiramente
fazendo sexo com ninfas nos bosques e campos em que viviam. Na sociedade grega,
acreditava-se que os sátiros podiam estar por aí, propensos a cometer estupros
e até mesmo necrofilia.
5. Elemento central
O sexo, assim como a fertilidade advinda dessa noção,
são elementos entrais da mitologia grega. A união original da Terra (Gaia) com
o céu (Urano) era baseada na cópula. Afrodite nasceu do contato de sêmen saído
do pênis de Urano com a água.
Isso demonstra como as relações sexuais e o tema da
sexualidade era relevante dentro da sociedade e das representações na Grécia
Antiga, mesmo depois da laicização da política. O sacerdotismo e os ícones
religiosos viviam embebidos de temas eróticos, sendo que a questão não era
repreendida, como nas sociedades cristãs, mas incentivada.
Fonte: AH
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