De acordo com alguns pensadores, como Plutarco (45-125),
no princípio dessa civilização o ano tinha dez meses e começava por Martius
(atual março). Os outros dois teriam sido acrescentados por Numa Pompílio,
o segundo rei de Roma, que governou por volta de 700 a.C.
Os romanos não davam nome apenas para os meses, mas
também para alguns dias especiais. O primeiro de cada mês se chamava Calendae e
significava dia de pagar as contas — daí a origem da palavra calendário, livro
de contas. Idus marcava o meio do mês, e Nonae correspondia ao nono dia antes
de Idus. E essa era apenas uma das diversas confusões da folhinha romana.
Até Júlio César reformar o calendário local,
os meses eram lunares — sincronizados com o movimento da Lua, como hoje
acontece em países muçulmanos —, mas as festas em homenagem aos deuses
permaneciam designadas pelas estações. O descompasso, de dez dias por ano,
fazia com que, em todos os triênios, um décimo terceiro mês, o Intercalaris,
tivesse que ser enxertado.
Com a ajuda de matemáticos do Egito emprestados por
Cleópatra, Júlio César acabou com a bagunça ao estabelecer o seguinte
calendário solar: Januarius, Februarius, Martius, Aprilis, Maius,
Junius,Quinctilis, Sextilis, September, October, November e December. Quase
igual ao nosso, com as diferenças de que Quinctilis e Sextilis deram origem aos
meses de julho e agosto.
Januarius era uma homenagem ao deus Jano, o senhor dos
solstícios, encarregado de iniciar o inverno e o verão. Seu nome vem daí:
ianitor quer dizer porteiro, aquele que comanda as portas dos ciclos de tempo.
Já o nome Februarius se referia a um rito de
purificação, que em latim se chamava februa. Logo, Februarius era o mês de
realizar essa cerimônia. Nesse período, os romanos faziam oferendas e
sacrifícios de animais aos deuses do panteão, para que a primavera vindoura
trouxesse bonança.
Até 27 a.C., fevereiro tinha 29 dias. Quando o Senado
criou o mês de agosto para homenagear Augusto, surgiu um problema:
julho, o mês de Júlio César, tinha 31 dias, e o do imperador, só 30.
Então o Senado tirou mais um dia de fevereiro.
Martius é dedicado a Marte, o deus da guerra. A
homenagem, porém, tinha outra motivação, bem menos beligerante. Como Marte
também regia a geração da vida, Martius era o mês da semeadura nos campos.
O mês de abril pode ter surgido para celebrar a deusa
do amor, Vênus. Na primeiro dia do mês, as mulheres dançavam com coroas de
flores. Outra hipótese é a de que Aprilis tenha se originado de aperio, abrir,
em latim. Seria a época do desabrochar da primavera.
Maius é uma homenagem a Maia, uma das deusas da primavera.
Seu filho era o deus Mercúrio, pai da medicina e das ciências ocultas. Por esse
motivo, segundo escreveu Ovídio na obra Fastos, Maius era chamado de o mês do
conhecimento.
O nosso sexto mês faz alusão a Juno, a esposa de
Júpiter. Se havia uma entidade poderosa no panteão romano, era ela, a guardiã
do casamento e do bem-estar de todas as mulheres.
Já o mês de julho chamava-se Quinctilis e era
simplesmente o nome do quinto mês do antigo calendário romano. Até que, em 44
a.C. o Senado romano mudou o nome para Julius, em homenagem a Júlio.
Da mesma forma, agosto antes era Sextilis, o
sexto mês. De acordo com o historiador Suetônio, o nome Augustus foi
adotado em 27 a.C., em homenagem ao primeiro imperador romano, César
Augusto (63 a.C.-14 d.C.).
Para os últimos quatro meses do ano, a explicação é
simples: setembro vem de Septem, que em latim significa sete. Era, portanto, o
sétimo mês do calendário antigo. A mesma lógica se repete até o fim do ano.
Outubro veio de October (oitavo mês, de octo),
novembro de November (nono mês, de novem, e data do Ludi Plebeii, um festival
em homenagem a Júpiter) e dezembro de December (décimo mês, de decem).
Ao adotar o calendário solar, em 44 a.C., Júlio César
criou o ano de 365 dias e um quarto. Por causa dessa diferença, a cada quatro
anos era necessário atualizar as horas acumuladas com um dia extra.
O problema do calendário juliano é que, na verdade, um
ano tem 11 minutos e 14 segundos a menos do que se estimava. Por isso, em 1582,
o papa Gregório XIII (1502-1585) anulou dez dias do calendário e determinou
que, dos anos terminados em 00, só seriam bissextos os divisíveis por 400.
E o nome "bissexto" tem uma explicação
curiosa: em Roma, celebrava-se o dia extra no sexto dia de março, que era
contado duas vezes.
Fonte: AH
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