Chuva ao fim da tarde
As
gotas da chuva batem no telhado, porta e janela, com tanta pressa, como
crianças nuas rogando abrigo.
Como
não sou rio, nem sou terra, nem o meu corpo cheio de buracos é um pedaço de
esponja, em suma, não passo de um animal que apodrece depressa caso vivesse na
água.
Com o
vento agora intenso, os dedos da chuva tornam-se mais grossos, avessos ao tempo
estiado, insistindo em agarrar-se às goteiras do telhado.
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