Aos 51 anos, a baiana Ana Justina Ferreira Nery ficou
sabendo que seus três filhos e um irmão seriam enviados para a Guerra
do Paraguai (1864-1870). Sem pensar duas vezes, ela arrumou a mala e
foi com eles. Ficou cinco anos nos campos de batalha, ganhando uma
medalha de prata por serviços prestados e tornando-se a primeira
enfermeira militar do Brasil.
Não foi só Ana Nery quem
acompanhou as tropas durante aquela guerra. No conflito, era comum
mães, mulheres e prostitutas fazerem o mesmo. Algumas chegavam a ir
ao campo de batalha, socorrer os feridos e pegar em armas.
Diferentemente da baiana, a maioria permaneceu anônima.
Na Retirada de Laguna,
a desastrosa marcha brasileira de 2.500 quilômetros para
reconquistar parte do atual Mato Grosso do Sul, por exemplo,
havia 1.300 mulheres e crianças para os 2.200 soldados. A
presença da família entre as tropas mostra que a disciplina
militar que se conhece hoje ainda estava se formando no século 19. “A
presença de mulheres na guerra só deixou de ser considerada normal no
século 20”, afirma o historiador Francisco Doratioto, autor do
livro Maldita Guerra.
ENTRE AS BATALHAS, MAIS DE 300
CASAMENTOS
Enquanto Brasil, Argentina e Uruguai cercavam o
Paraguai, muitos participantes da guerra viram no inimigo uma solução
para a vida. Segundo um estudo do historiador Fernando Ortolan, da
Universidade do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, apenas uma
igreja de Assunção, capital do país, sacramentou mais de 300
casamentos entre soldados brasileiros e mulheres paraguaias.
O cabo pernambucano José Joaquim da Silva casou com Maria
Dorotéia, paraguaia que teve os pais mortos na guerra. O capitão
carioca Honório Teixeira se juntou com a paraguaia María Felipe
Iralgo. Também aconteceu o contrário: brasileiras que acompanharam as
tropas acabaram casando com soldados paraguaios.
Fonte: Revista Aventuras na História
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