14 de abril, é o Dia
Mundial da Doença de Chagas. A data, instituída no ano passado pela Organização
Mundial da Saúde para conscientizar os países sobre essa “doença silenciosa”,
coincide com o dia em que, no ano de 1909, o médico brasileiro Carlos Chagas
diagnosticou pela primeira vez a doença, em uma menina de 2 anos na cidade de
Lassance, no interior de Minas Gerais.
Além de caracterizar o agente
causador da infecção – o protozoário parasita Trypanosoma cruzi –, Chagas
identificou o inseto transmissor, popularmente conhecido como barbeiro.
A doença de
Chagas é considerada “silenciosa” por atingir principalmente a população
carente que vive em moradias precárias, sem voz política e sem acesso ao
sistema básico de saúde – um problema que tende a se agravar agora em razão da
sobrecarga nos hospitais para prestar socorro prioritariamente aos pacientes
infectados com o novo coronavírus.
Passados 111 anos da descoberta
de Carlos Chagas, a doença descrita por ele ainda faz muitas vítimas, sobretudo
em países tropicais pobres. A OMS estima que haja entre 6 milhões e 7 milhões
de pessoas infectadas no mundo, principalmente na América Latina. No Brasil, os
dados são imprecisos, mas o Ministério da Saúde estima algo entre 1,9 milhão e
4,6 milhões de pessoas infectadas.
Por muito tempo, a doença de
Chagas foi uma infecção restrita à América Latina. Nas últimas décadas, porém,
o problema se espalhou para outros continentes, devido à migração de pessoas.
Há casos registrados na Europa, no Japão e na Austrália, além de Estados Unidos
e Canadá.
A infecção oral pode ocorrer pelo
consumo de alimentos contaminados pelo parasita, como açaí ou caldo de cana,
nos quais os barbeiros são acidentalmente triturados durante o preparo dos
sucos. A disseminação da doença pode ocorrer também por meio de transfusão de
sangue, transplante de órgãos ou transmissão de uma mãe infectada para o bebê
recém-nascido.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), menos de 10% das pessoas infectadas são diagnosticadas a tempo e
apenas 1% recebe o tratamento adequado. Na fase aguda, a doença pode ser
assintomática ou apresentar sintomas leves como febre, fadiga e náusea.
Na fase crônica, cerca de 30% das
pessoas desenvolvem problemas cardíacos ou digestivos. Essas condições podem
levá-las à morte – segundo algumas estimativas, cerca de 6.000 pessoas morrem
anualmente no Brasil devido às complicações crônicas da doença. O diagnóstico
precoce e o tratamento adequado podem melhorar a qualidade de vida dos
pacientes e ajudá-los a conviver com a doença.
Nenhum comentário:
Postar um comentário