Quando decidiu agir com violência contra um mendigo
que lhe pedira ajuda, D. João IV não imaginava que estava atraindo uma praga
sobre toda a sua família. Segundo o homem sem teto, nenhum primogênito dos
Bragança viveria para chegar ao trono.
Por anos, os herdeiros diretos do Rei de Portugal
acreditaram na Maldição dos Bragança. Muitas gerações mais tarde, entretanto,
há quem diga que até mesmo os irmãos de Dom Pedro I sofreram com a feitiçaria,
rogada em meados do século 17.
Trono impedido
Ao contrário do que a Maldição dos Bragança
previa, Dom Miguel I conquistou a tão desejada coroa portuguesa, mas
por vias desleais. Casado com a própria sobrinha, o nobre usurpou o trono da
jovem D. Maria da Glória.
Em 1834, no entanto, o ambicioso Rei de Portugal foi
forçado a abdicar de sua coroa, após certa pressão do irmão, Dom Pedro I.
Exilado em Viena, ele casou-se mais uma vez, agora com Adelaide de
Löwenstein-Wertheim-Rosenberg, com quem teve sete filhos.
O gosto amargo da derrota e da fama de usurpador,
contudo, seguiram D. Miguel I até seu túmulo. Aos 65 anos, assombrado por suas
traições, o ex-monarca faleceu e nunca teve a chance de retornar ao seu tão
amado Reino de Portugal.
Violência obstétrica
Entre todos os irmãos de Dom Pedro I, foi Maria Isabel de Bragança quem teve a morte mais traumática e agressiva.
Apaixonada por arte, era uma herdeira liberal da corte espanhola quando
casou-se com seu tio, o Rei Fernando VII de Bourbon, em 1816.
Logo nos primeiros anos de casamento, Maria Isabel deu
à luz sua primogênita, que, infelizmente, faleceu antes de completar dois anos.
Deprimida e de luto, a nobre descobriu que a segunda gravidez também não seria
nada fácil: o parto da segundo filha do casal deveria ser feito através de uma
cesárea.
A posição da bebê no útero da mulher estava tão
complexa, que os médicos da corte tiveram de realizar uma cirurgia de
emergência. O procedimento foi tão invasivo e violento que Maria Isabel teve
uma parada respiratória. Morta aos 21 anos, ela sequer viveu o suficiente para
descobrir que sua filha também não resistira ao parto.
Falta de paixão
Dona de lindos olhos castanhos, Ana de Jesus Maria de
Bragança era uma mulher inteligente, extrovertida e cheia de vida. Bastante esbelta,
era a última filha de D. João VI e, portanto, a irmã mais nova de Dom Pedro I.
Possivelmente uma filha bastarda, fruto de uma relação
adúltera de sua mãe, Ana de Jesus foi a única dos herdeiros que casou por amor,
e não por uma aliança política. Em dezembro de 1827, ela assinou o sagrado
matrimônio com o general D. Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto,
com quem teve 5 filhos.
O apaixonado e precoce casamento, no entanto, acabou
em poucos anos e, frustrados, os dois nobres se separaram, em meados de 1835.
Uma vez sonhadora, sedenta por um amor perfeito, D. Ana de Jesus morreu aos 50
anos, em 1857.
Doença arrebatadora
As infâncias de todos os filhos de D. João VI foram,
de certa forma, bastante frenéticas. Com o trono português em constante ameaça,
os infantes foram obrigados a abandonar suas terras e viajar para o Brasil, em
1808.
Com Maria da Assunção de Bragança, no entanto, as
coisas foram um pouco diferentes. Ela tinha apenas três anos quando a família
fugiu de Portugal e, assim, permaneceu no país europeu.
Quando os Liberais ocuparam Lisboa, no entanto, a
nobre, aos 28 anos, foi obrigada a mudar-se para Santarém. Após a viagem, Maria
da Assunção foi acometida pela cólera-morbo, uma epidemia que assolava o
Portugal da época, e não resistiu aos sintomas.
Sorte ou saúde
Escapando da Maldição dos Bragança, as outras três
irmãs de Dom Pedro I tiveram fins bem diferentes das tragédias sofridas pelos
parentes. Isabel Maria, por exemplo, viveu até os 74 anos, quando morreu de
forma natural, após entregar a regência de Portugal ao seu irmão, D. Miguel I.
Maria Francisca de Assis, por sua vez, faleceu
tranquilamente, em um vilarejo na Inglaterra, aos 34 anos. Ainda na
Europa, Maria Teresa, a última dos irmãos de Dom Pedro I, teve uma vida
plena e deu seu último e sereno suspiro aos 81 anos.
Fonte: Aventuras na História
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