O voo TAM 402 havia saído do Rio Grande do Sul em uma
rota doméstica até Curitiba, quando, então iria partir para São Paulo com o
objetivo de chegar, finalmente, no Rio de Janeiro. Contudo, essa rota ficou marcada na História após um
trágico desfecho.
Até chegar no aeroporto de Congonhas, todos os voos
haviam ocorrido dentro da normalidade, com a exceção de um pequeno detalhe:
havia uma falta de sincronização entre a potência dos motores da nave. O que
não seria um problema, afinal, o piloto José Antônio Moreno e o copiloto Ricardo
Luís Gomes Martins já colecionavam mais de 260 horas de voo com o modelo Fokker
100.
Contudo, o problema foi avaliado de forma imprudente.
Embora acreditassem que o erro poderia ser contornado manualmente, o avião
apresentou defeitos em um de seus mecanismos essenciais, o reversor de empuxo —
utilizado para pousar.
O reversor faz força contra o sentido que a aeronave
está seguindo. Dessa forma, auxilia na redução de velocidade da aeronave e
deixa o freio ameno, todavia, em hipótese alguma deve ser acionado durante um
voo: pode causar uma tremenda instabilidade.
Era a manhã do dia 31 de outubro de 1996, e Moreno
avisou para a torre de comando que estava tudo ok para taxiar o avião — ele e
Martins, como manda o protocolo, checaram todas as revisões necessárias e
possíveis antes da decolagem, não identificando nada de errado.
Prontamente colocados de frente para a pista, um
alarme soou na cabine. Os pilotos acreditavam que o sinal havia sido emitido
por causa dos pequenos problemas que já estavam cientes, e que seriam
contornados com facilidade. Todavia, o alarme fora disparado por problemas no
reversor.
Já iniciando a decolagem, a nave, que acelerava cada
vez mais, soou novamente um alarme, que também foi ignorado pelos pilotos que
julgavam já saber do que se tratava. Atingindo 242 km/h o avião decolou, mas o
reversor de empuxo do motor direito acabou sendo acionado — ele estava frouxo —
e somente o lado esquerdo fazia o Fokker acelerar.
Com muito esforço, os pilotos conseguiram controlar o
ângulo de decolagem, mas somente por poucos segundos — especificamente seis.
Depois desse intervalo, o reversor voltou a se abrir, fazendo a velocidade cair
drasticamente. Para piorar, a tensa situação havia feito Moreno e Martins se
esquecerem de recolher os trens de pouso, prejudicando a aerodinâmica e
estabilidade do voo 402.
À essa altura, eles já estavam praticamente
condenados. O que aconteceu depois foi somente a confirmação do que o episódio
previa. Apenas 40 metros acima do solo, o avião perdeu completamente sua
sustentação. A asa direita começou a apontar para o chão, não demorou para o
colosso de metal com 45 toneladas colidir com um conjunto de casas na zona sul da capital paulista.
Três pessoas que estavam na rua acabaram sendo
atingidas pelo avião. O trem de pouso — que não estava recolhido — entrou pela
janela de uma das casas, atingindo a sala de estar, onde os moradores da
residência haviam deixado cerca de 20 segundos antes da enorme roda atravessar
a janela.
Durante as investigações, o Centro de Investigações e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) citou as gravações de dados do voo
apontando que o reversor de um dos motores continuou em trânsito, solto.
Quanto aos erros dos profissionais, apontaram o fator
psicológico para os pilotos, que eram relativamente novos — um tinha 35 e o
outro 28. Além disso, a falta de orientações sobre o fato de que o problema
estava no reversor poderiam ter evitado todo o desenrolar da história, que
acabou se tornando o acidente aéreo com mais mortes envolvendo um avião Fokker
100, e um dos mais letais da história do país. Todos os 96 passageiros e
tripulantes, além de três pessoas que estavam na rua, morreram.
Fonte: AH
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