Os tabus que cercam a menstruação ainda são grandes
nos dias de hoje, mas na Idade Média eles
com certeza eram ainda maiores. A misoginia, que muitas
vezes impedem as mulheres de conhecerem os próprios corpos, unida ao
conservadorismo de muitas sociedades, fizeram com que o tema fosse praticamente
censurado.
E o desconhecimento leva à ignorância. O período
menstrual estava cercado de mitos e algumas ideias bizarras sobre o que ele
representaria. Algumas dessas narrativas imaginativas sem comprovação
científica ainda existem nos dias de hoje: quem nunca ouviu que não deveria
lavar o cabelo enquanto estivesse menstruada?
Na Idade Média, um
pensamento que cercava a menstruação era a de que seu sangue era completamente
venenoso. Muitos homens repudiavam esse momento, acreditando que seu sangue
teria um poder do mal tão forte capaz de apodrecer colheitas e vinhos, além de
sua capacidade de supostamente deixar animais em estado de loucura.
Por esse motivo, sexo durante esse período não era
indicado. Por mais que se tratasse apenas de um mito popular, pessoas de fato
consideravam que o fluxo de sangue das mulheres era tóxico. Isso fazia com que
o ato sexual fosse desencorajado, porque acreditava-se que o sangue poderia
queimar o pênis do homem.
Somente a partir desse discurso que considera o fluxo
menstrual como algo tóxico e venenoso é possível perceber que a relação
das moças com esse
período provavelmente não era uma das mais fáceis. Ora, se o ato de menstruar
era considerado impuro, algo sujo e poluído, como poderiam entendê-lo sem
preconceitos?
A “ciência” da época também não ajudava. Na verdade,
ela piorava toda a situação. Alguns considerados “especialistas” do período
julgavam que a menstruação era uma doença que aflorava no corpo da mulher a
cada mês. Nada sobre ela fazer parte do ciclo reprodutivo do organismo
feminino.
Nessa questão, alguns médicos do período também supunham
que se uma mulher não passasse por esse processo, o sangue que deveria sair
pela vagina teria que sair de outra forma. Então, eles removiam sangue
diretamente das veias da moça que não teve seu fluxo daquele mês. Esse método
era aplicado logo após a tentativa de fazer o sangue vir colocando lã com
pepino e leite dentro de seu órgão genital.
Como, então, as mulheres de fato lidavam com esse
período? Provavelmente com muita vergonha e constrangimento. Se hoje temos
absorventes, coletores menstruais e até mesmo calcinhas absorventes, naquela
época não havia nada nem ao menos parecido. O que muitas faziam era usar
tecidos como uma espécie de absorventes.
O material escolhido geralmente era o linho por sua
maior capacidade de absorção. Mas, ainda assim, existe uma questão: onde
colocar o tecido, sendo que não existiam nem ao menos calcinhas na época? Bom,
as moças provavelmente o penduravam com algo parecido com o cinto em sua
cintura e pernas.
Esse método com certeza não era muito seguro, o que
fazia com que os tecidos muitas vezes caíssem ao chão, revelando o sangue
menstrual. Episódios como esse faziam com que os “absorventes” improvisados
fossem chamados de “tampão monstruoso” por muitas pessoas.
Algumas mulheres, no entanto, não usavam esse recurso
para conter o fluxo da menstruação, o que fazia com que o sangue apenas
escorresse por suas pernas. Pesquisadores apontam que a popularidade de roupas de
cor vermelha durante a Idade Média se decorresse desse fato. Também era
habitual que elas carregassem noz-moscada ou flores secas para esconder o
cheiro.
Nos dias de hoje, as coisas mudaram. Mulheres podem
escolher entre diversos tipos de absorventes e métodos de contracepção que às
vezes até mesmo impedem a menstruação de acontecer. Ainda assim, o tabu acerca
do tema ainda não sumiu totalmente, o que revela que a misoginia ainda está
presente na sociedade.
Fonte: AH
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