Uma imagem chocou o mundo em
fevereiro de 2016. Nela é possível ver um pequeno menino quase esquelético, nu,
sujo e abandonado; uma mulher lhe oferece uma garrafa de água, a qual ele toma
com vontade, e biscoitos.
A princípio não se sabia as circunstancias pelas quais
o garoto estava naquela situação, entretanto, tempos depois, foi descoberto que
sua realidade não era muito diferente de milhares de crianças da Nigéria, que
são acusadas de bruxaria.
O menino, de apenas dois anos, havia sofrido violência
e fora deixado na rua pela própria família, ele lutava para encontrar restos de
comida do lixo, ou ainda, necessitava da bondade de outros para lhe ajudar.
Todos os anos, muitos menores de idade são abandonados
e, em casos mais severos, mortos, por serem associadas à bruxaria. Uma tradição
forte na região africana, comunidades tendem a creditar doenças, más colheitas,
perda de emprego, mortes e uma diversidade de outras situações precárias a
crianças que seriam supostamente bruxas.
Algumas delas perdem a vida por conta desse costume,
enquanto outras são mutiladas e
deixadas em estradas, como foi o caso de Hope. Apesar de a prática ser mal
vista por todo o mundo, as autoridades do país não conseguem fazer muito, pois,
trata-se de atos culturais já bem enraizados na população.
Em uma viagem à Nigéria, a dinamarquesa Anja
Ringgren Lovén ficou impressionada ao ver de perto a realidade daquelas
vilas. Após entender sobre os casos de bruxaria que as crianças estavam
envolvidas, decidiu se mudar da Dinamarca com o marido e foi viver no país
africano.
Lá, através de uma denúncia, resgatou não só Hope —
o qual ela batizou com o nome esperança, em inglês —, mas dezenas de outros
pequenos. Criou a African Children’s Aid Education and Development
Foundation (Fundação Africana de Ajuda à Educação e
Desenvolvimento para Crianças, em tradução livre).
Naquele início de 2016, conseguiu atrair a atenção do
mundo para sua causa, e, segundo o jornal The Independent, arrecadou mais de um
milhão de dólares.
Quando foi tirado das ruas, Hope estava em
um estado crítico de desnutrição, precisou passar por transfusão de sangue e um
intenso tratamento para se livrar de vermes e outras doenças que ele sofria,
além de, aos poucos, precisar fazer com que seu corpo se acostumasse com novos
alimentos.
Entretanto, em poucas semanas, uma nova foto surpreendeu
a todos. Hope não se parecia em nada com a imagem triste que todos se
lembravam. Feliz, saudável, o menino estava melhor do que nunca.
Um ano depois, Lovén voltou a compartilhar
com seus seguidores o desenvolvimento do nigeriano. “Como você pode ver, Hope está
crescendo com rapidez e ele é um menino lindo, saudável e muito feliz por causa
do tremendo amor e cuidado que recebe todos os dias de nossa equipe e de todos
os nossos filhos”, disse Anja para a CBS News, em 2017.
Atualmente, Hope e mais 35 crianças vivem
sob a custódia da dinamarquesa e de seu marido, David. Em uma de suas
últimas atualizações nas redes sociais, o casal contou que o menino, agora com
cinco anos, frequenta a escola e “está seguro e recebendo muito amor”.
Fonte: AH
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