O trágico acidente que matou a Senhora Nete Bezerra
não foi uma fatalidade. Sem querer correr atrás de culpados, sem querer acusar
quem quer que seja pela perda prematura de uma mãe que se dedicava,
integralmente, à família e aos afazeres de uma cidadã, repito não foi uma
fatalidade.
Temos alertado, insistentemente, que a loucura de
motociclistas em nossa cidade já passou dos limites. Não quero dizer com isso
que o acidente que vitimou a Dona Nete tenha sido culpa do motoqueiro. Não sei,
não vi, não me disseram, ainda, com detalhes o que, de fato, aconteceu. Por isso,
é prematuro apontar culpados.
Entretanto, temos assistido, passivamente, vidas
esvaindo-se quase que diariamente em acidentes de motocicletas. São crianças,
adolescentes, jovens e idosos que já perderam a vida por causa deste tipo de
transporte que é usado de forma desregrada em Coelho Neto.
Aqui, motocicleta virou instrumento de morte. São
vidas que se vão, são vidas que ficam paraliticas e muitas que estão vegetando,
muitas vezes por causa da imprudência e da irresponsabilidade de alguns, que
destemidos e sem nenhuma preocupação com a lei agem como se fossem deuses das
rodas.
Até quando assistiremos crianças pilotando motos? Até
quando veremos adolescentes levantando pneus e usarem as vias públicas como
pista de corrida? Até quando veremos pais e mães serem complacentes com as
atitudes tresloucadas de seus rebentos sobre duas rodas? Até quando
permitiremos que um bando de irresponsáveis continue colocando em risco à vida
de pedestres sem que nenhuma providência seja tomada? Quantas vidas ainda serão
perdidas por causa da passividade de nossa comunidade?
Está na hora de tomarmos uma posição, uma atitude que
venha de encontro aos atos insanos de quem não tem a mínima preocupação com a
vida do próximo. Não podemos mais aceitar que famílias sejam destruídas, que
sequelas permanentes continuem a desfigurar vidas e mais vidas em nossa cidade.
Chegou a hora da indignação, da revolta, das
providências, e da não aceitação a estes atos de violência que escandalizam a
nossa capacidade de reação. Chega de “passar a mão” na cabeça de imprudentes,
de criminosos, de desalmados, que fazem do trânsito em nossa cidade uma guerra
injusta, desumana e mortífera.