No Brasil desde 1919, a Ford
anunciou nesta semana que até o fim do ano pretende encerrar todas suas atividades por
aqui. Uma das justificativas dada pela automobilística americana é que a crise,
impulsionada pelo novo coronavírus, diminuiu e muito as vendas da montadora no
país.
Assim, o Brasil passará a ser
atendido apenas por veículos importados. Em contrapartida, a companhia pretende
investir em países vizinhos como a Argentina e o Uruguai.
Anos 1900: O início de tudo
Apesar de a Ford ter aberto sua
fábrica no Brasil apenas em 1919, a montadora já comercializava seus carros por
aqui desde 1904. Um dos primeiros que chegaram ao país foi o Modelo A, o
primeiro produzido por Henry Ford.
Segundo o site
da própria montadora, a marca era representada pela agência de William
T. Right, na Rua Júlio Conceição, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo,
responsável pela importação e venda dos veículos.
Anos 1910: A primeira filial
brasileira
No final da década, a diretoria
da Ford Motor Company aprovou a criação da filial brasileira. Assim,
em 1º de maio de 1919 a empresa abriu sua primeira fábrica na Rua
Florêncio de Abreu, em São Paulo.
Anos 1920: O edifício próprio
Em 1921, a Ford muda a sede para
um edifício próprio, no bairro do Bom Retiro. A estrutura construída por lá é
uma cópia da sede da empresa, em Detroit. Abrigando a primeira linha de
montagem de veículos em série do Brasil, a unidade tinha três andares e tinha
capacidade de produzir 4.700 automóveis e 360 tratores por ano.
Anos 1930 e 1940: A 2ª Guerra e
os carros a gasogênio
Com o fim da Fordlândia, a
montadora trocou parte de suas terras por outra área, onde investiu na
plantação de milhões de seringueiras. Porém, com o início da 2ª Guerra e com a
doença das plantas, que atacou os seringais, a companhia devolveu a posse ao
governo federal por uma quantia simbólica.
Nos anos seguintes, a montadora
passou a investir e diversos outro modelos, como o Mercury 1939, que era
produzido apenas por encomenda especial. Conforme a Guerra foi aflorando, as
importações foram interrompidas, no entanto, a Ford brasileira não parou com a
produção massiva de caminhões para o Exército e a adaptação de veículos ao
gasogênio.
Anos 1950: Fábrica do Ipiranga e
o primeiro veículo nacional
Em 1953, a Ford inaugurou a
Fábrica do Ipiranga, que possuía uma instalação de 200.000 metros quadrados. A
estrutura mais moderna permitiu uma nova era de desenvolvimento industrial, com
mais de 2.500 empregados contratados e a prod8ução diária de 125
veículos.
Quatro anos depois, em 1957, a
Ford passou a produzir seu primeiro veículo nacional, o caminhão F-600. Nos
anos seguintes, a montadora ampliou sua linha nacional com os modelos F-100,
F-350 e F-600 a diesel.
Anos 1960: A expansão e o recorde
de vendas
A década foi marcada pela
expansão nas vendas da automobilística americana. Em 1962, a marca bateu pela oitava
vez consecutiva o recorde nacional de vendas, com 21.621 veículos, o que
representava na época 44% do mercado. Já em 1969, o Corcel foi eleito o
“Carro do Ano”, atingindo a venda de 24.250 unidades, igualando o recorde
histórico do Modelo T em 1925.
Anos 1970: A Belinda, o
aumento na produção e Campo de Tatuí
A década começou com o lançamento
da icônica Belinda. A produção da montadora também aumenta, diante dos
turnos duplos de trabalho — a Ford passa a produzir 250 veículos por dia. Além
disso, a produção do 100.000º Corcel foi comemorada na fábrica de São Bernardo com
um modelo cupê duas portas.
Em 1972, a montadora chega ao seu
milionésimo veículo Ford brasileiro. Nos anos seguintes, a companhia segue
crescendo, com a nova Fábrica de Motores e Fundição de Taubaté e a construção
do Campo de Provas de Tatuí, no interior paulista — o primeiro e mais
moderno do gênero da América do Sul.
Anos 1980: O carro a álcool e a
propaganda com Ayrton Senna
Por aqui, a Ford desenvolve o
Corcel II a álcool, o primeiro veículo da Ford com esse combustível e o
primeiro com sistema automático de partida a frio. Sua publicidade é estrelada
por Ayrton Senna, e o slogan adotado pela montadora é “Para a Ford, o álcool
deu certo”, fazendo referência aos problemas enfrentados por suas
concorrentes.
Nesta década, A Ford e a
Volkswagen criam uma parceria e passaram a operar no Brasil e na Argentina
dentro da holding Autolatina. A união durou até 1995. Assim, as duas montadoras
passam a compartilhar plataformas de carros.
Anos 1990: A globalização da Ford
Os anos 1990 foram marcados pela
globalização da empresa no Brasil, que passou a produzir diversos carros que se
tornaram sucessos de venda em outros países. Por aqui chegam o Explorer (SUV
importado dos EUA), a Taurus e a Ranger (EUA), o
sedã Mondeo (Bélgica), o Fiesta Hatch (Espanha).
Anos 2000 e 2010: Uma nova
fábrica no Brasil
Logo após a virada do século, em
2001, Camaçari (BA) recebe não só uma nova fábrica da Ford como a
responsabilidade assumir a maior parte da produção de veículos de passeio da
montadora, como o novo Fiesta e o EcoSport.
Paralelamente, a unidade de São
Bernardo passa a produzir a linha de caminhões, que vieram da extinta unidade
do Ipiranga. Em 2015, a planta comemorou 1 milhão de unidades
produzidas.
Fonte: AH