O monarca inglês morreu em batalha e pode ser
considerado o último a ter falecido de tal maneira. Aos 32 anos, sendo apenas
dois destes de governo na Inglaterra, ele foi
morto na batalha de Bosworth, no dia 22 de agosto de 1485. Aquele foi também o
último conflito da Guerra das Rosas, que selou o destino da dinastia.
A derrota de Ricardo e seu exército também marcou o
fim da Idade Média da região. Mas quando o rei foi morto próximo da cidade de
Market Bosworth, em Leicestershire, iniciou-se um mistério que perdurou por
séculos.
Afinal, onde estava o corpo do fatídico monarca, que
ficou conhecido por suas decisões controversas?
Pelo que se sabe, no fim da batalha, o cadáver do rei
foi enterrado de maneira simples em uma cidade vizinha de Leicester, mas não se
sabe exatamente qual foi a trajetória do corpo. Muitas lendas dizem que Ricardo foi
jogado no rio Soar, sendo este o motivo pelo qual ele permaneceu desaparecido
por tanto tempo.
Outros acreditam que seu túmulo original tenha sido
destruído ou ao menos removido durante a Reforma Inglesa, o que explicaria o
sumiço do corpo do rei.
Dessa maneira, por ao menos cinco séculos, ninguém
fazia ideia de onde estava o esqueleto do monarca inglês. Isso mudou apenas
recentemente.
Em 2012, a Sociedade Ricardo III iniciou um
projeto ambicioso. Escavações arqueológicas começaram a ser feitas em um local
onde, no passado, estava a Igreja Greyfriars Priory, uma capela franciscana que
foi destruída no século 16 e deu lugar a um estacionamento, que permanece até
os dias de hoje.
Foi quando os pesquisadores encontraram um esqueleto.
Os profissionais do Departamento de Arqueologia da Universidade de Leicester
descobriram, no subsolo do local, os restos bem preservados de um homem que
apresentava escoliose severa.
O mais curioso era que o indivíduo apresentava
características que poderiam muito bem ser de Ricardo. Por exemplo, os
ossos indicavam que aquele ser humano morreu quando tinha entre 25 e 40 anos; o
monarca veio a óbito quando tinha 32. Também foram notados ferimentos que
poderiam ter sido feitos em batalha.
Os cientistas submeteram o esqueleto descoberto a um
exame de datação por radiocarbono, que revelaram, por exemplo, que aquele homem
havia vivido entre a segunda metade do século 15 e início do século 16.
Os estudos também revelaram que aquele homem teve uma
alimentação baseada em proteína, marcada pelo consumo de frutos do mar, comida
que marcou a época. Outro passo também foi comparar aqueles restos com
as descrições físicas feitas sobre o rei.
Contudo, a análise definitiva foi a comparação de seu
DNA com dois descendentes de sua irmã mais velha, Anne de York. "A
sequência de DNA do esqueleto foi comparada com a dos parentes. Ficamos
empolgados em descobrir que existe uma correspondência entre o DNA da família
de Ricardo III e os restos encontrados nas escavações”, explicou a geneticista
Turi King.
O arqueólogo Richard Buckley, coordenador
das escavações, cravou que: “a conclusão acadêmica da Universidade de Leicester
é que, além de qualquer dúvida razoável, o indivíduo exumado em Greyfriars, em
setembro de 2012, é efetivamente Ricardo III, o último rei da Inglaterra
da casa Plantageneta”.
“É uma honra e um privilégio estar no centro de um
projeto que desperta tanto interesse público. Raramente as conclusões de alguma
pesquisa acadêmica são esperadas com tanta ansiedade”, afirmou.
Com os resultados dos exames realizados nos ossos, os
pesquisadores também publicaram um artigo sobre o tema na revista médica The
Lancet, que contava com detalhes sobre a investigação. Eles perceberam que o
homem foi morto sem capacete, tendo o crânio perfurado.
Além disso, é possível que ele tenha sido morto de
joelhos. As análises identificaram onze ferimentos no corpo de Ricardo.
Outro detalhe interessante é que os especialistas mostram que o corpo do rei
foi mutilado mesmo depois de morto, forma de aumentar a humilhação diante da
derrota.
Depois de toda essa pesquisa, que só foi possível
depois de séculos de mistério, o esqueleto de Ricardo foi enterrado novamente,
sepultado na capital da cidade em que foi encontrado. Finalmente, o soberano
encontrará seu descanso final.
Fonte: AH
Nenhum comentário:
Postar um comentário