A exemplo dos antecessores Lula e Dilma, Temer aderiu à frase-lema do
Brasil da corrupção: “Eu não sabia”. Inquirido em entrevista sobre o inusitado de receber o
multi-investigado Joesley Batista no Jaburu, o inquilino do palácio declarou:
“Eu nem sabia que ele estava sendo investigado.” Ai, ai, ai.
Esse tipo
de desculpa será lembrado quando, no futuro, quiserem recordar a época em que o
Brasil era regido pelo cinismo. Ao se apropriar do bordão da era petista assim,
tão desavergonhadamente, Temer se autoinseriu num seleto grupo de governantes.
São presidentes capazes de tudo, que pedem ao país que os considere incapazes
de todo.
A conversa de Temer com os repórteres da Folha se
parece muito com um desastre. Nela, o presidente da República se
define como um tolo —“Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento”— e
trata os brasileiros como imbecis ao afagar o preposto Rocha Loures, pilhado
recebendo mala com propina de R$ 500 mil —“Coitado, ele é
de boa índole, de muito boa índole.''
Submetido
a escândalos em série, o brasileiro precisa confiar na cara dos seus
governantes. A percepção de que o semblante da principal autoridade da
República tornou-se uma máscara que não consegue dar à mesma porcaria de sempre
nem mesmo uma fachada um pouco mais atraente empurra o país para o ceticismo
terminal.
Por Josias
de Souza
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