Após dias escaldantes pelo deserto, um viajante que
chegava à cidade da Babilônia de
570 a.C. acabava intrigado com um ruído de cachoeira. Atraído pelo som, dava de
cara com uma montanha tropical de seis terraços apoiados em pilastras.
Lá em cima, esculturas imponentes de touros e dragões
surgiam entre as árvores, mas as pessoas circulavam à vontade. Uma escadaria
convidava a juntar-se a elas no paraíso.
Teria o sol do deserto cozido os miolos do viajante?
Eis uma polêmica entre os historiadores. Tudo o que se
sabe sobre os Jardins da Babilônia vem
de relatos de gregos somente do século 2 a.C., como Strabo e Diodoro. Segundo
eles, o monumento foi erguido por Nabucodonosor II, entre 605 a 560 a.C., como
um presente à esposa, Amytis.
Porém, uma versão bem diferente surgiu em 2013 com a
pesquisadora Stephanie Dalley, do Reino Unido. Segundo ela, o local original
foi no norte do Iraque e a construção, uma obra do monarca assírio Sennacheribe.
Esqueleto oco
Quem chegava aos jardins pela primeira vez era
surpreendido com árvores maiores, plantadas dentro de colunas ocas, cheias de
terra e feitas de tijolos de barro. E, para que a água não resultasse em danos
na estrutura, elas eram impermeabilizadas com camadas de junco, piche e até
chumbo, que sustentavam uma estrutura quadrada de 124 metros de largura, 26 de
altura e entre cinco e sete andares.
Nada era mais abundante que as plantas. Existiam
centenas de espécies de árvores e várias produziam frutos: amêndoas, tâmaras,
nozes, peras, ameixas, pêssegos e damascos.
Outras apenas enfeitavam e davam sombra, como cedros,
ciprestes, abetos, acácias, carvalhos e salgueiros. Também existiam flores,
como roseiras e azaleias. A produção do jardim era aproveitada e vendida
na cidade.
Homens trabalhando
Uma equipe de especialistas cuidava do jardim. Eram
escravizados “recrutados” entre os jardineiros mais experientes das cidades
conquistadas na Mesopotâmia. Ao mesmo tempo, guardas do Exército protegiam as
entradas e saídas.
Por todos os lados e andares, a água descia em
cascata, de uma piscina lá de cima. Ninguém sabia como tanta água chegava até
lá porque o sistema é interno: ela era levada por baldes presos a uma polia
desde outra piscina, no solo, alimentada pelo Rio Eufrates.
Escravos se revezavam para mover as manivelas e manter
a cachoeira em ação. Das quedas, o sol fazia surgir uma névoa que mantém o
clima diferente do resto da região.
Além disso, os poderosos Nabucodonosor e Amytis
aproveitavam a sombra de um dossel e tomavam cerveja para aliviar as
preocupações e se aproximarem de seus deuses. Os babilônicos faziam cerveja de
trigo e cevada, considerada uma bebida nobre, sagrada e afrodisíaca. Pelos
terraços, encontraram-se gregos, indianos, egípcios, judeus e persas que tenham
permissão do rei para passar um dia no balneário.
Fonte: Aventuras na História
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