O grupo empresarial pernambucano
João Santos, que chegou a ter mais de 40 empresas no passado, incluindo a Cimento
Nassau, usinas de açúcar e a Rede Tribuna de televisão e rádio, entrou com um
pedido de recuperação judicial, com dividas avaliadas em mais de 11 bilhões de
reais. O conglomerado tem passado por uma crise econômica em consequência da má
gestão e de brigas entre os herdeiros de seu fundador.
Em 2021, a empresa foi afetada
pela Operação Background, realizada pela Polícia Federal para investigar um
suposto esquema criminoso protagonizado pelos irmãos José e Fernando Santos,
que estavam à frente do grupo. Os dois teriam cometidos crimes de lavagem de
dinheiro, sonegação fiscal, fraudes e execuções trabalhistas, além de formação
de quadrilha. Os irmãos que administravam o grupo são suspeitos de calote em
oito mil ex-funcionários e no governo federal. No passado, em maio de 2006, uma
de suas empresas, a cimenteira Itapicuru Agro Industrial, foi flagrada com 49
trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão. De acordo com a PF,
a administração teria transformado um passivo tributário avaliado em 8,6 bilhões de
reais em patrimônio pessoal.
A história do grupo é marcada
pelo crescimento no mercado nordestino, onde, no passado, encontrou um ‘oceano
azul’, um mercado aberto, aproveitando a pouca presença de competidores
relevantes, sobretudo no ramo de materiais de construção. Esse posicionamento
foi vantajoso durante muito tempo, permitindo ao grupo adquirir jazidas de
calcário por todo o Brasil, e estabelecer unidades fabris de cimento em estados
como São Paulo e Espírito Santo. No entanto, os impactos da crise no México
fizeram com que o Grupo João Santos sofresse com o endividamento em dólar e tivesse
de se desfazer de sua fábrica em São Paulo, principal mercado para o setor no
Brasil.
Agora, com dois novos executivos
de fora da família assumindo a gestão, o grupo passa por um processo de
reestruturação. A dívida tributária está sendo negociada com a PGFN
(Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) e as dívidas trabalhistas têm sido
quitadas por meio da venda do patrimônio imobiliário e de outros ativos. O
grupo está buscando recursos no mercado para financiar o pagamento de impostos
e das dívidas trabalhistas. Para o futuro, os planos de negócios incluem a
venda de ativos, e o posicionamento estratégico de permanecer em mercados onde
a competitividade do grupo for maior.
Fonte: veja.abril.com.br
Por Felipe Mendes Atualizado em 23 dez 2022, 14h22 -
Publicado em 23 dez 2022, 12h24