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quinta-feira, 30 de abril de 2020

O CASO DOS IRMÃOS NAVES: UM DOS MAIORES ERROS JUDICIÁRIOS DO BRASIL

A história que abrange o caso tem início em uma cidade do interior de Minas Gerais, chamada Araguari, próxima à Uberlândia. Tem-se como data do processo o ano de 1937, época em que o Brasil estava envolto em meio a ditadura Getulista.

A história, dentro desse contexto, origina-se com a acusação dos irmãos Sebastião Naves e Joaquim Naves, agricultores, pelo Tenente Francisco Vieira dos Santos, como responsáveis pela morte de seu primo, Benedito Pereira Caetano.

Benedito, a fim de investir em uma plantação de arroz, realizou muitos empréstimos. Quando da época da colheita e venda do acumulado, desaparecera, em uma festa de inauguração na cidade, levando consigo grande vulto em dinheiro procedente da safra.

Durante as investigações do sumiço de Benedito, nenhum vestígio do crime supostamente cometido pelos irmãos Naves foi encontrado. Não foi encontrado cadáver, nem mesmo o dinheiro carregado pela provável vítima.

Devido a isso, e a arrogância e insensatez pelo Tenente-Delegado Francisco Vieira dos Santos, inicia-se uma das mais tenebrosas e sombrias histórias que foram remetidas à tutela do Estado. O Tenente Francisco, para atestar sua convicção de que os irmãos eram os verdadeiros culpados pelo crime, forjou Provas contra eles. Além disso, os irmãos foram submetidos a intermináveis e brutais seções de tortura, violência e privação de liberdade a fim de que confessassem um crime que nunca existiu.

O advogado João Alamy Filho, a pedido da mãe dos Naves - que também sofreu com as arbitragens do Tenente -, ficou responsável pela defesa dos acusados, enfrentando o poder policial instituído pela Ditadura e juízes e amedrontados e coniventes com o Estado Novo.

Frente ao processo judicial, foi constatado que todas as decisões favoráveis aos réus tanto aquelas para que pudessem responder em liberdade, ou para serem soltos, quanto das absolvições, foram descumpridas pela polícia.

A prisão dos irmãos se deu até o cumprimento da pena (25 anos e seis meses de detenção). Os irmãos, após cumprir parte da pena foram postos em liberdade condicional (1946). Após a soltura, Joaquim Naves veio a falecer como indigente num asilo (1948) e Sebastião Naves acaba por reencontrar o “morto-vivo” Benedito em Nova Ponte-MG (1952).

O processo, devido aos fatos novos, é anulado e, pela primeira vez no Brasil, aos injustiçados é reconhecido o direito à uma indenização a ser paga pelo Estado (1960). Sendo essa, uma Decisão histórica.


quarta-feira, 29 de abril de 2020

O MASSACRE DE KATYN

O massacre de Katyn foi o genocídio de oficiais poloneses cometido pela União Soviética entre abril e maio de 1940, na Segunda Guerra Mundial. O massacre recebeu esse nome porque muitos dos oficiais poloneses foram mortos na floresta de Katyn, perto da cidade de Smolensk, que fica entre a Polônia e Belarus. É atribuída também a esse processo a extradição dos familiares dos mortos para campos de trabalho forçado no Cazaquistão.

O Massacre de Katyn está inserido no contexto da invasão polonesa realizada por alemães e soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial. Poucos dias antes da invasão alemã, que aconteceu no dia 1º, Alemanha e União Soviética assinaram um pacto de não agressão, também conhecido como Pacto Molotov-Ribbentrop. A assinatura do pacto foi uma grande surpresa na época, pois, esperava-se um confronto entre as duas nações em caso de guerra.

O pacto assinado estipulava que Alemanha e União Soviética não se enfrentariam em caso de guerra na Europa e, em cláusulas secretas, também garantia a expansão das duas nações a partir da invasão de outros territórios. No caso da Polônia, o acordou determinou a divisão da nação entre alemães e soviéticos.

A invasão soviética na Polônia iniciou-se no dia 17 de setembro (a alemã começou no dia 1º) de 1939. Cerca de 500 mil soldados soviéticos cruzaram a fronteira leste da Polônia e, segundo o historiador Timothy Snyder, deram a seguinte justificativa para a invasão: “Os soviéticos afirmavam que sua intervenção era necessária porque o Estado polonês cessara de existir. Já que a Polônia não conseguia mais proteger os próprios cidadãos, sustentava o argumento, o Exército Vermelho tinha que entrar no país em missão de manutenção de paz. As importantes minorias ucraniana e bielorrussa, dizia a propaganda soviética, encontravam-se particularmente necessitadas de socorro”.

Muitos soldados poloneses que haviam recuado para o leste da Polônia por causa do avanço dos exércitos alemães foram obrigados a se render aos soldados soviéticos. Iniciava aí um processo de deportação de soldados poloneses para a União Soviética. Timothy Snyder afirma que cerca de 100.000 soldados poloneses foram mandados para a União Soviética e cerca de 15.000 eram oficiais do exército polonês.

Massacre de Katyn

Dos 100.000 enviados, somente não foram libertados os 15.000 oficiais. Muitos dos oficiais poloneses estavam na reserva do exército e faziam parte da intelligentsia, ou seja, da elite intelectual polonesa. Snyder fala em “milhares de médicos, advogados, cientistas, professores e políticos” retirados da Polônia.

Todos os oficiais poloneses foram colocados em três campos de prisioneiros: Starobilsk, na Ucrânia, e Kozelsk e Ostashkov, ambos na Rússia. Além dos oficiais em campos de prisioneiros, a União Soviética deportou milhares de cidadãos poloneses para campos de trabalho forçado, as Gulags.

Em março de 1940, Lavrenti Beria, chefe da NKVD (polícia secreta), propôs a Stalin, o ditador da União Soviética, que todos os prisioneiros (os oficiais) deveriam morrer. Beria sugeriu para Stalin que todos os oficiais representavam riscos para a União Soviética com a teoria de que “organizações contrarrevolucionárias nos novos territórios soviéticos eram comandadas por antigos oficiais”. A partir dessa argumentação, Stalin aprovou o pedido de Beria e deu início ao massacre dos prisioneiros poloneses.

Ao todo, 21.892 poloneses instalados nos três campos de prisioneiros foram condenados à morte. Muitos prisioneiros acreditavam que seriam libertados ou que seriam nomeados para trabalhar em nome do Estado soviético. Em grupos limitados, os prisioneiros eram levados para diferentes locais para serem assassinados. O relato a seguir aborda como os poloneses instalados em Kozelsk morreram: “Em grupos de pouco mais de cem a cada vez, os prisioneiros eram levados de trem, passando por Smolensk até a estação menor em Gniazdovo. Lá, eles desembarcaram do trem em meio a um cordão de isolamento de soldados da NKVD com as baionetas caladas. Cerca de trinta deles por vez entraram num ônibus que os transportou até uma colina a que chamavam Monte das Cabras, à margem da floresta de Katyn. Ali, numa instalação do NKVD, eles foram revistados e despojados de seus objetos de valor. […] Os prisioneiros eram levados para um prédio do complexo e em seguida fuzilados. Os corpos eram então carregados, provavelmente de caminhão, trinta por vez, até uma vala comum que havia sido cavada na floresta”.

Beria ordenou também a deportação das famílias dos oficiais mortos para o Cazaquistão. A NKVD sabia o endereço das famílias de cada prisioneiro e, assim, conseguiu deportar por volta de 60.000 pessoas.

O massacre de Katyn só foi internacionalmente conhecido após a invasão da União Soviética pela Alemanha. As valas comuns utilizadas pelos soviéticos para enterrar os mortos foram encontradas pelos exércitos alemães, que utilizaram do fato para fazer propaganda contra o regime stalinista. O caso, apesar de ser considerado hoje um crime de guerra, não foi julgado após o fim da Segunda Guerra Mundial e só foi internacionalmente reconhecido pela Rússia em 2010.

Fonte: Brasil Escola

terça-feira, 28 de abril de 2020

DOM SEBASTIÃO: O REI MORTO NO SÉCULO 16 QUE ‘REAPARECEU’ JUNTO AO FANATISMO, POLÍTICA E SANGUE EM PERNAMBUCO

Numa terra agreste do sertão de Pernambuco, no século 19, dois rochedos de mais de 30 metros escondiam um rei encantado, Dom Sebastião, que estava prestes a ressurgir para trazer paz e prosperidade ao povo.

Para que ele desencantasse, porém, as pedras teriam de ser banhadas com sangue de sacrifício humano. Só então o rei ressuscitaria e, como um Deus, operaria milagres na terra e nas vidas secas do Sertão.

Parece filme, mas essa história é real e aconteceu em Pedra Bonita, região que atualmente pertence ao município de São José de Belmonte, a quase 500 quilômetros de Recife. O ano era 1835 e o movimento, que durou três anos, foi inspirado em uma crença lusitana surgida no século 16, o sebastianismo.

Em 4 de agosto de 1578, Dom Sebastião, rei de Portugal, foi morto na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, enquanto lutava contra os mouros. Solteiro e sem filhos, foi sucedido pelo tio-avô, o cardeal Dom Henrique, que morreu dois anos depois.

Dom Sebastião era filho de Joana da Áustria e de João Manuel, príncipe herdeiro de Portugal, que morreu dias antes do nascimento do filho. O professor de história da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Severino Vicente da Silva conta que o nascimento de Dom Sebastião provocou grande expectativa à época, porque havia o temor de Portugal ficar sem herdeiro.

"Nascido em 1554, Sebastião foi feito rei aos 14 anos, em 1568. Educado em meio extremamente religioso (catolicismo) na corte de seu avô, Dom João 3º, e educado por seu tio cardeal, Dom Henrique, o menino Sebastião talvez tenha sido o mais amado dos reis portugueses, pois foi desejado antes de nascer e, talvez, mais ainda após a sua morte."

O falecimento de Dom Sebastião representou uma perda substancial para Portugal, pois rompeu o fio hereditário que determinava a independência do país. Também frustrou o desejo lusitano de criar um império português no norte da África e combater os mouros em nome de Cristo, projeto que terminou tragicamente, na batalha de Alcácer-Quibir.

A ausência de um rei expôs Portugal ao domínio espanhol. "Portugal ficou sem rei, o que permitiu que o rei de Espanha, Filipe 2º, reivindicasse o trono para si, o que conseguiu pela força das tropas do Duque de Albae pelo Tratado de Tomar, em 1580. Portugal passava aí a ser um Reino Unido com a Espanha", afirma o professor da UFPE.

De acordo com Silva, muitos portugueses rechaçaram, à época, a notícia da morte de dom Sebastião. "Afirmavam que ninguém vira o rei ser morto", diz.

Surgiu, então, a crença de que o rei não havia morrido na batalha de Marrocos, mas regressaria como um redentor do povo lusitano, restaurando a autonomia da coroa portuguesa. Assim, o falecido rei de Portugal ganhou auras messiânicas.

"Durante algum tempo apareceram vários 'Sebastiãos', em Portugal, na Espanha e na Itália havia o Encoberto (o Sebastião italiano não falava português, e dizia que não o fazia para não ser assassinado). Todos esses foram presos e perderam-se nas galés e na história", conta o professor.

Sebastianismo no Sertão.

A crença portuguesa, porém, não se limitou ao continente europeu. O misticismo cruzou o Oceano Atlântico nas caravelas e chegou ao Brasil — que, como colônia portuguesa, também esteve sob o domínio espanhol até o fim da União Ibérica, em 1640.

No século 19, o movimento messiânico teve forte influência no país, especialmente no Nordeste, onde uniu fanatismo religioso com demandas por justiça social.

A primeira manifestação de que se tem notícia ocorreu na Serra do Rodeador, em Bonito, interior de Pernambuco, em 1819. Menos de duas décadas depois o movimento eclodiu em Pedra Bonita, também em Pernambuco, e, no final do século 19, inspirou Antônio Conselheiro na Guerra de Canudos, na Bahia.

Todos os conflitos tiveram desfechos trágicos.

Em Pedra Bonita, Serra do Catolé, sertão de Pernambuco, o sebastianismo veio à tona em 1835, no conturbado período Regencial no Brasil (quando o país foi governado por regentes, que exerciam o poder no lugar do monarca).

"Entre 1831 e 1840 foi grande a movimentação entre os donos do poder no Brasil", diz Silva. Neste período, compreendido entre a abdicação de Dom Pedro 1º e a declaração de maioridade de seu herdeiro, Dom Pedro 2º, o país passou por quatro diferentes regências.

Nessa época, grupos sociais que viviam no isolamento das lavouras e sentiam-se esquecidos pelos governantes, passaram a alimentar sonhos de justiça, paz e fartura.

Segundo Severino Vicente da Silva, as informações reunidas na memória, transmitidas pela tradição oral ao longo dos anos e também pela literatura de cordel foram readaptadas à situação desse período e alimentaram sentimentos de insatisfação social.

"Afinal, houve um rei — dizia um avô ou uma avó que ouvira de seus avós — que morrera querendo salvar uma nação. Ou melhor: houve um rei que, indo para uma batalha salvar a sua nação, em nome de Deus, contra os infiéis, não voltara, mas ainda voltará", diz.

Nesse contexto, João Antônio dos Santos, um sertanejo morador de Villa Bella, em Pernambuco, propagou que Dom Sebastião havia aparecido para ele e prometido regressar para libertar o povo da pobreza extrema.

João Antônio se intitulou rei e fundou uma espécie de reino no povoado de Pedra Bonita. O líder sebastianista criou acampamento em torno de duas pedras e batizou o local de Reino Encantado de Pedra Bonita.

Com discursos alimentando a esperança na vinda de Dom Sebastião, João Antônio começou a incomodar as autoridades locais e líderes religiosos, que agiram para afastá-lo dali, conta o professor da UFPE.

Deu certo, mas não foi o suficiente para extinguir o Reino de Pedra Bonita. Com o afastamento de João Antônio, quem assumiu a liderança da comunidade foi seu cunhado João Ferreira, que retomou o discurso do seu antecessor com ainda mais força.

O "Reino Encantado" chegou a ter cerca de 300 seguidores. Segundo Silva, não há muitos documentos dessa época, o que dificulta o acesso a detalhes de como essa comunidade vivia. O certo é que, para além do fanatismo religioso, havia um significado político de reivindicação social.

"Essas pessoas desejavam um outro rei, uma outra sociedade. O isolamento social, contudo, cobra seu preço. A ausência de melhorias e as práticas sociais comuns, como conversar e beber, podem ser estopim para ações que normalmente não aconteceriam."

Em 14 de maio de 1838, João Ferreira decidiu que chegara o momento de Dom Sebastião desencantar, e que isso só ocorreria após o sacrifício de fiéis.

"De 14 a 18 de maio de 1838, morreram 87 pessoas, entre sebastianistas e homens da força policial. As principais figuras do movimento foram sacrificadas antes ou morreram nos combates com as forças do major Manoel Pereira da Silva", conta Valdir Nogueira, historiador e diretor municipal de Cultura de São José do Belmonte. Era o fim do Arraial da Pedra Bonita.

Fonte: BBC News

segunda-feira, 27 de abril de 2020

ESTADO ABSOLUTISTA: O DIREITO DIVINO DE GOVERNAR

O estado absolutista é um regime político resultante de um processo de concentração do poder nas mãos do rei. Também chamado de Absolutismo, esse sistema político predominou nos países europeus durante a Idade Moderna.

A imagem do rei se confunde com a do Estado, além de ter uma relação marcada pela fidelidade com seus súditos. Nesse modelo, o poder do monarca é irrestrito.

Origem do estado absolutista
No período da Idade Média, o rei era apenas mais um nobre. Ele não era o detentor de todo o poder. Na transição do feudalismo para o capitalismo, com a ascensão do mercantilismo e da burguesia, viu-se a necessidade de um outro regime político europeu.

Seria necessário um modelo que garantisse o cumprimento das leis e a paz. Daí a necessidade de centralizar o poder. Com isso, no estado absolutista, o rei se tornou a pessoa certa para tal centralização.

Já a burguesia via na unificação político-administrativa uma boa forma de ampliar suas riquezas, pois a descentralização política do período medieval e a falta de uma moeda única inviabilizavam os lucros comerciais.

Em um estado unificado, com uma mesma moeda e somente o poder central cobrando impostos, a possibilidade de ganhos comerciais por parte da burguesia aumentava. Os estados nacionais adotaram diversas práticas visando definir seus territórios. Algumas delas foram: centralização do poder, criação de grandes exércitos nacionais, criação de uma moeda única, criação de símbolos nacionais e a determinação de uma língua oficial.

Os estados absolutistas tiveram o apoio da Igreja Católica, que considerava o rei como um ser divino.

O Direito Divino
A teoria do Direito Divino foi idealizada por Jacques Bossuet (1627-1704). Influenciado pela Bíblia, Bossuet afirmava que o rei era o representante de Deus na Terra. Por isso, o soberano devia ser obedecido sem ser questionado.

Para Bossuet, a criação do rei tinha que ser baseada na religiosidade. Sendo assim, ele seria um bom governante pois suas ações estariam pautadas em valores cristãos, sempre em benefício de seus súditos.

Jean Bodin
Ele defende que o poder do rei é algo divino, ou seja, concedido por Deus, e por isso os súditos devem obedecê-lo sem contestações. O rei é visto como a principal figura da divindade na terra, assim, suas ações deveriam ser pautadas pela religião.

Fonte: Escola Educação

domingo, 26 de abril de 2020

O HOLODOMOR

Holodomor é uma palavra ucraniana que quer dizer “deixar morrer de fome”, “morrer de inanição”. Tal palavra passou a ser empregada no contexto da história ucraniana para definir os acontecimentos que levaram à morte por fome de milhões de ucranianos entre os anos de 1931 e 1933. Grosso modo, o holodomor, assim como o holocausto nazista contra os judeus, consistiu em um genocídio contra a população da Ucrânia empreendido pelo comunismo soviético, que era liderado por Stalin.

A atrocidade de holodomor remonta às políticas econômicas que Stalin passou a empregar logo que assumiu o poder, em 1928. Uma das medidas empregadas consistia em controlar a produção de cereais dos países da União Soviética por meio da “requisição compulsória”, isto é, um artifício burocrático que obrigava os camponeses a fornecerem grande parte do excedente produzido para o Estado a baixos custos. Seguiu-se, nos anos seguintes, a política de coletivização forçada das propriedades agrícolas, cuja administração passou a ser completamente racionalizada pelo Estado soviético.

A Ucrânia foi o país da URSS que mais demonstrou resistência a tais medidas. A autonomia cultural ucraniana e sua forte identidade nacional tornavam-na intolerável aos anseios dos soviéticos russos. A insurreição dos camponeses ucranianos contra as medidas de coletivização forçada e requisição compulsória de cereais obrigou Stalin a impingir medidas ainda mais drásticas do que aquelas que foram executadas em outras regiões.

Stalin, então, passou a traçar uma campanha antiucraniana com o objetivo de demonstrar o quão “nociva” era a postura desse país com relação aos anseios comunistas. Inicialmente, deu-se início a uma sistemática humilhação de intelectuais ucranianos, que foram submetidos a julgamentos vexaminosos e ridicularizações diversas. Houve também uma debelação de possíveis focos de organização antissoviética que pudessem irromper a longo prazo. Depois dessas medidas, Stalin passou a atacar o próprio campesinato.

A partir de 1929, deu-se início a uma ferrenha estipulação de metas de produção de cereais, destinados ao poder central soviético, que passaram a ser exigidas dos camponeses da Ucrânia. A rigidez era tão grande que esses camponeses só conseguiriam atender à demanda se deixassem de consumir sua parte do que era produzido, isto é, só se passassem fome, de fato. Tudo passou a ser de propriedade do governo. Muitas pessoas foram presas e condenadas a trabalhos forçados simplesmente por comerem batatas ou colherem espigas de milho para consumo.

Progressivamente, a morte foi se acentuando na Ucrânia. Entre 1931 e 1933, o número de mortos era tão grande que os cadáveres se espalhavam pelas ruas e pelos campos. O odor dos corpos apodrecidos dominava regiões inteiras. O historiador Thomas Woods reitera esse fato:

“Em 1933, Stalin estipulou uma nova meta de produção e coleta, a qual deveria ser executada por uma Ucrânia que estava agora à beira da mortandade em massa por causa da fome, que havia começado em março daquele ano. Vou poupar o leitor das descrições mais gráficas do que aconteceu a partir daqui. Mas os cadáveres estavam por todos os lados, e o forte odor da morte pairava pesadamente sobre o ar. Casos de insanidade, e até mesmo de canibalismo, estão bem documentados.” (Woods, Thomas. A fome na Ucrânia – um dos maiores crimes do estado foi esquecido. Instituto Mises Brasil.)

Estipula-se que o número de mortos nesses três anos tenha sido de cinco milhões. Porém, se se levar em conta os efeitos prolongados dessa política econômica perversa e os ucranianos que foram levados ao trabalho forçado e lá morreram, esse número pode ser superior a 14 milhões.

Fonte: História do Mundo

sábado, 25 de abril de 2020

GUERRA DE CANUDOS

A chamada Guerra de Canudos, revolução de Canudos ou insurreição de Canudos, foi o confronto entre um movimento popular de fundo sócio-religioso e o Exército da República, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no Brasil.

O episódio foi fruto de uma série de fatores como a grave crise econômica e social em que encontrava a região à época, historicamente caracterizada pela presença de latifúndios improdutivos, situação essa agravada pela ocorrência de secas cíclicas, de desemprego crônico; pela crença numa salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social.

Inicialmente, em Canudos, os sertanejos não contestavam o regime republicano recém-adotado no país; houve apenas mobilizações esporádicas contra a municipalização da cobrança de impostos. A imprensa, o clero e os latifundiários da região incomodaram-se com uma nova cidade independente e com a constante migração de pessoas e valores para aquele novo local passaram a acusá-los disso, ganhando, desse modo, o apoio da opinião pública do país para justificar a guerra movida contra o arraial de Canudos e os seus habitantes.

Aos poucos, construiu-se em torno de Antônio Conselheiro e seus adeptos uma imagem equivocada de que todos eram "perigosos monarquistas" a serviço de potências estrangeiras, querendo restaurar no país o regime imperial, devido, entre outros ao fato de o Exército Brasileiro sair derrotado em três expedições, incluindo uma comandada pelo Coronel Antônio Moreira César, também conhecido como "corta-cabeças" pela fama de ter mandado executar mais de cem pessoas na repressão à Revolução Federalista em Santa Catarina, expedição que contou com mais de mil homens.

A derrota das tropas do Exército nas primeiras expedições contra o povoado apavorou o país, e deu legitimidade para a perpetração deste massacre que culminou com a morte de mais de seis mil sertanejos. Todas as casas foram queimadas e destruídas.

Canudos era uma pequena aldeia que surgiu durante o século 18 às margens do rio Vaza-Barris. Com a chegada de Antônio Conselheiro em 1893 passou a crescer vertiginosamente, em poucos anos chegando a contar por volta de 25 000 habitantes. Antônio Conselheiro rebatizou o local de Belo Monte, apesar de estar situado num vale, entre colinas.

A situação na região, à época, era muito precária devido às secas, à fome, à pobreza e à violência social. Esse quadro, somado à elevada religiosidade dos sertanejos, deflagrou uma série de distúrbios sociais, os quais, diante da incapacidade dos poderes constituídos em debelá-los, conduziram a um conflito de maiores proporções.

A figura de Antônio Conselheiro
Antônio Vicente Mendes Maciel, apelidado de "Antônio Conselheiro", nascido em Quixeramobim (CE) a 13 de março de 1830, de tradicional família que vivia nos sertões entre Quixeramobim e Boa Viagem, fora comerciante, professor e advogado prático nos sertões de Ipu e Sobral.

Após a sua esposa tê-lo abandonado em favor de um sargento da força pública, passou a vagar pelos sertões em uma andança de vinte e cinco anos. Chegou a Canudos em 1893, tornando-se líder do arraial e atraindo milhares de pessoas. Acreditava que era um enviado de Deus para acabar com as diferenças sociais e com a cobrança de tributos.

Acreditava ainda que a "República" (então recém-implantada no país) era a materialização do reino do "Anti-Cristo" na Terra, uma vez que o governo laico seria uma profanação da autoridade da Igreja Católica para legitimar os governantes. A cobrança de impostos efetuada de forma violenta, a celebração do casamento civil, a separação entre Igreja e Estado eram provas cabais da proximidade do "fim do mundo".

A escravidão havia acabado poucos anos antes no país, e pelas estradas e sertões, grupos de ex-escravos vagavam, excluídos do acesso à terra e com reduzidas oportunidades de trabalho. Assim como os caboclos sertanejos, essa gente paupérrima agrupou-se em torno do discurso do peregrino "Bom Jesus" (outro apelido de Conselheiro), que sobrevivia de esmolas, e viajava pelo Sertão.

O governo da República, recém-instalado, queria dinheiro para materializar seus planos, e só se fazia presente pela cobrança de impostos. Para Conselheiro e para a maioria das pessoas que viviam nesta área, o mundo estava próximo do fim. Com estas ideias em mente, Conselheiro reunia em torno de si um grande número de seguidores que acreditavam que ele realmente poderia libertá-los da situação de extrema pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna na outra vida.

Fonte: Só História

sexta-feira, 24 de abril de 2020

1928: PENICILINA FOI DESCOBERTA DE FORMA ACIDENTAL

A descoberta da penicilina se deu de forma acidental, pelo médico e bacteriologista escocês Alexander Fleming, em 1928. Pesquisando substâncias capazes de combater bactérias em feridas, esqueceu seu material de estudo sobre a mesa enquanto saía de férias. Ao retornar, observou que suas culturas de Staphylococcus aureus estavam contaminadas por mofo e que, nos locais onde havia o fungo, existiam halos transparentes em torno deles, indicando que este poderia conter alguma substância bactericida.

Ao estudar as propriedades deste bolor, identificado como pertencente ao gênero Penicillium, Fleming percebeu que ele fornecia uma substância capaz de eliminar diversas bactérias, como as estafilococos: responsáveis pela manifestação de diversas doenças, tanto comuns quanto mais graves. A substância recebeu o nome de "penicilina".

Tal achado, comprovadamente inofensivo para as células animais, foi isolado, concentrado e purificado em laboratório alguns anos depois, por Howard Florey e Ernst Chain. Na época da Segunda Guerra Mundial, esta substância foi produzida em larga escala, por fermentação, salvando milhares de vidas.

A penicilina tornou-se disponível para a população civil na década de 40: mesma época em que os três pesquisadores ganharam o prêmio Nobel de Medicina por suas descobertas, estas capazes de impedir a morte e complicações de doenças como pneumonia, sífilis, difteria, meningite, bronquite, dentre outras.

Atualmente a penicilina é utilizada de forma menos frequente em razão de seu uso indiscriminado – causando a seleção das bactérias e consequentemente, ao longo do tempo, resistência a este antibiótico. Assim, hoje a Amoxicilina é o antibiótico mais amplamente utilizado no tratamento de doenças bacterianas.

Fonte: Bonde.com.br

quinta-feira, 23 de abril de 2020

TERIA SIDO O EX-PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHEK ASSASSINADO PELO REGIME MILITAR?

Muitas figuras públicas relevantes têm suas mortes mal explicadas, principalmente por terem morrido durante a Ditadura Militar. É o caso de Jango, de Lacerda, de Herzog, entre outros. Mas um dos casos que mais chocou o Brasil foi a morte do ex-presidente JK que, após anos de ostracismo político, foi levado por um acidente de carro na estrada.

Esse é um assunto que está em aberto e nunca foi realmente confirmado. Será mesmo que JK morreu num acidente de carro, como a versão da ditadura contou? Segundo testemunhas, existiram indícios de assassinato. Segredos como esse estão nos fundos do baú da ditadura militar. 

Em dezembro de 2013, a Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo publicou um relatório que afirma com todas as letras: o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi assassinado pela ditadura. Até então, a versão oficial era de que ele teria morrido em um acidente de carro na Via Dutra, aos 73 anos, em 22 de agosto de 1976. 

Entre os 90 indícios levantados pela comissão está o depoimento do perito Antônio Carlos de Minas, que garante ter visto um buraco de bala no crânio exumado do motorista do ex-presidente. Josias Nunes Oliveira, condutor do ônibus que teria fechado o automóvel, diz ter recusado a oferta de uma mala de dinheiro para assumir a culpa no desastre. 

Em 1996, com o país livre do regime militar havia anos, uma investigação tentou esclarecer as circunstâncias da morte de JK e, na ocasião, o mesmo perito teria tido acesso ao crânio do motorista e concordado com a versão da ditadura.

Em 2014, a própria Comissão Nacional da Verdade rejeitou a versão da CV de São Paulo e disse que a versão oficial da época da ditadura está correta e JK não foi assassinado.


Fonte: Revista Aventuras na História

quarta-feira, 22 de abril de 2020

FATOS CONTROVERSOS SOBRE O DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Ultimamente, diversos historiadores refutam a ideia de que o Brasil tenha sido descoberto em 1500 pela esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral. Essa revisão sobre o fato usualmente se sustenta no momento em que se destaca o grau de desenvolvimento tecnológico, o controle de informações realizado pelo governo português e a preocupação em se revisar os limites coloniais com a assinatura do Tratado de Tordesilhas.

Para compreendermos melhor essa questão, é necessário que observemos alguns episódios anteriores ao anúncio das terras brasileiras. No início de 1500, a Coroa Portuguesa enviou uma expedição que deveria buscar mais um precioso carregamento de especiarias vindo de Calicute, Índia. Essa nova empreitada marítima seria liderada pelo experimente navegador Pedro Álvares Cabral e contaria com a presença do cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira.

Mudança de rota
De acordo com alguns especialistas, Pacheco teria participado de uma expedição secreta que, em 1498, teria constatado a existência das terras brasileiras. Antes da partida, o rei Dom Manuel I organizou uma grande festividade para celebrar a ida dos bravos navegadores que se lançariam às águas do Oceano Atlântico. Depois de celebrar a partida, os navegadores se afastaram da costa africana, contrariando a tradicional rota de circum-navegação daquele continente.

A ação tomada nunca teve uma clara explicação, mas, se tratando de uma esquadra composta por experientes navegadores, seria, no mínimo, estranho se lançarem a um tipo de empreitada ausente de qualquer outra segurança. Além disso, devemos salientar que as rotas utilizadas para a navegação eram de extremo sigilo, pois garantiam a supremacia e os interesses comerciais de uma determinada nação. Dessa forma, a ideia do encontro acidental perde ainda mais força.

Encontro sem muitas surpresas
Os relatos dessa viagem de Cabral pelo Oceano Atlântico não fazem menção a nenhum tipo de grande dificuldade ou imprevisto. No dia 22 de março, os navegadores passaram pelo arquipélago de Cabo Verde e, logo depois, rumaram para o oeste ao encontro do “mar longo”, nome costumeiramente dado ao Oceano Atlântico. Após um mês de viagem e aproximadamente 3600 quilômetros percorridos, os tripulantes da expedição cabralina encontraram os primeiros sinais de terra.

No dia 22 de abril de 1500, no oitavo dia da páscoa cristã, os tripulantes tiveram um primeiro contato visual com um elevado que logo ganhou o nome de Monte Pascoal. Nos relatos de Pero Vaz de Caminha, um dos integrantes da viagem, esse nome é refutado quando o “biógrafo da viagem” afirma que a região ganhou o nome de Vera Cruz. Ao longo desse mesmo relato, não existe nenhuma menção sobre um possível encantamento com a “nova” descoberta.

Os navios decidiram primeiramente aportar nas margens do Rio Frade, de onde enviaram um tradutor judeu chamado Gaspar Gama para entrar em contato com os nativos. Depois de um primeiro contato com os índios, a esquadra decidiu aportar em uma região mais segura, onde hoje se localiza o município baiano de Santa Cruz Cabrália. Em terra firme, os colonizadores lusitanos organizaram uma missa pascoal dirigida pelo Frei Henrique de Coimbra.

A celebração, que oficializou a descoberta e novas terras, cingiu a conquista material da Coroa Portuguesa e abriu caminho para mais espaço de conversão religiosa para a Igreja. Em um primeiro momento, a terra ganhou o nome de Vera Cruz, mas logo foi substituído por Terra de Santa Cruz. Em uma última modificação do nome das novas terras, os colonizadores lusitanos decidiram nomeá-la como “Brasil” em face da grande disponibilidade de pau-brasil na região.

No dia 2 de maio de 1500, Pedro Álvares Cabral desmembrou a sua esquadra e partiu para as Índias. Gaspar de Lemos recebeu ordens para que retornasse para Portugal portando as notícias contidas no relato de Pero Vaz de Caminha. Nesse documento, havia informações gerais sobre a região explorada e algumas prospecções sobre o potencial econômico local. No entanto, somente três décadas mais tarde, os portugueses iniciaram as atividades regulares de colonização no Brasil.

Fonte: Brasil Escola

terça-feira, 21 de abril de 2020

TIRADENTES

Joaquim José da Silva Xavier, também conhecido pelo apelido de “Tiradentes”, consagrou-se por sua participação ativa na Inconfidência Mineira. Tragicamente, ele foi o único dos envolvidos no movimento a receber a pena de morte, uma vez que os outros envolvidos foram perdoados pela Coroa Portuguesa.

De uma família de origem humilde, Joaquim José nasceu na Capitania de Minas Gerais, em 12 de novembro de 1746. Com a morte prematura dos pais, Joaquim José precisou exercer inúmeros trabalhos ao longo de sua vida, como a de dentista amador, função que lhe deu o apelido de “Tiradentes”. Ele também havia trabalhado na mineração, porém, foi no posto de alferes nos quadros da cavalaria imperial que Tiradentes alcançou certa estabilidade. Apesar da pouca instrução, ele era um republicano convicto e adepto dos ideais do Iluminismo.

Causas da Inconfidência Mineira
O movimento dos inconfidentes, organizado em 1788, foi consequência do contato dos colonos brasileiros com os ideais iluministas divulgados na Europa, ideais que haviam, por sua vez, inspirado o movimento de independência dos Estados Unidos.

Os historiadores atribuem a divulgação do pensamento iluminista no Brasil ao contato de estudantes brasileiros com o Iluminismo ao serem enviados por suas famílias da elite econômica da colônia para estudarem na Universidade de Coimbra, em Portugal. Os ideais iluministas foram muito difundidos, principalmente, na Capitania das Minas Gerais, e isso se explica pelo fato de boa parte dos estudantes brasileiros em Coimbra ser originária de Minas Gerais.

Além da propagação dos ideais iluministas, a Inconfidência Mineira aconteceu em consequência da insatisfação das elites da Capitania de Minas Gerais com a pesada política de cobrança de impostos estabelecida pela Coroa Portuguesa sobre os colonos. O visconde de Barbacena havia sido nomeado pela Coroa Portuguesa como governador da capitania com o objetivo de promover a derrama, ou seja, a cobrança obrigatória dos impostos sobre a extração do ouro.

Essa derrama havia sido determinada por Portugal em razão das dívidas acumuladas dos impostos que não estavam sendo pagos. A intransigência portuguesa na arrecadação de impostos manteve as cobranças altas, mesmo com a queda na extração de ouro na região, o que acabou por gerar o acúmulo de dívidas.

Inconfidência Mineira
A insatisfação com uma possível derrama mobilizou as elites da capitania contra o domínio português. Os inconfidentes planejavam assassinar o governador da capitania e proclamar o republicanismo na Capitania de Minas Gerais. Tiradentes era um dos envolvidos na conspiração, pois, além de ser um defensor dos ideais iluministas, também havia sido prejudicado pela gestão do visconde de Barbacena ao ser destituído do comando da cavalaria, que fiscalizava uma importante estrada da região.

O movimento conspirado pelas elites mineradoras, entretanto, não chegou a acontecer. Todos os envolvidos foram denunciados por Joaquim Silvério dos Reis, que optou por denunciar o movimento para se livrar das dívidas pessoais que havia adquirido com a Coroa Portuguesa. Assim, em 1789, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e prendeu os envolvidos na conspiração – entre eles, Tiradentes.

Prisão e condenação de Tiradentes
A prisão de Tiradentes e outros inconfidentes ocorreu após a devassa (investigação). O processo de julgamento dos envolvidos na Inconfidência estendeu-se por três anos. Durante esse período, muitos dos presos negaram sua participação no movimento, com exceção de Tiradentes, que reconheceu abertamente seu envolvimento. Alguns historiadores também afirmam que, durante os interrogatórios, muitos dos envolvidos denunciaram o papel de Tiradentes na conspiração.

A sentença dos inconfidentes saiu em 1792 e determinava a pena de morte por enforcamento a dez pessoas. Entretanto, por intermédio da Rainha D. Maria I, nove dos envolvidos na Inconfidência foram perdoados e condenados ao degredo (expulsos do Brasil), enquanto a sentença de morte foi mantida para apenas um: Tiradentes.

Atribui-se esse fato a duas possibilidades: a primeira afirma que a sentença só foi mantida a Tiradentes por ele não pertencer à elite mineradora e, portanto, não possuir influência na Coroa. A segunda possibilidade levantada pelos historiadores é a de que, por falar abertamente do seu envolvimento na conspiração durante o interrogatório, Tiradentes foi considerado um elemento perigoso pela Coroa e, por isso, deveria ser eliminado.

Assim, Tiradentes foi usado como bode expiatório pela Coroa Portuguesa. Ele foi enforcado na manhã de 21 de abril de 1792, na cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, teve o corpo esquartejado em quatro partes e espalhado pela estrada de acesso a Ouro Preto. Sua cabeça foi exibida em uma estaca colocada na praça central da cidade. A condenação de Tiradentes foi utilizada como demonstração de força da Coroa para evitar que futuras rebeliões acontecessem.

Tiradentes como herói
A figura de Tiradentes permaneceu esquecida durante o resto do período do colonial e também no período imperial, principalmente pelo caráter republicano dos envolvidos na Inconfidência Mineira, como afirma o historiador Boris Fausto: o episódio [Inconfidência] incomodava, pois os conspiradores tinham pouca simpatia pela forma monárquica de governo. Além disso, os dois imperadores do Brasil eram descendentes em linha direta da Rainha dona Maria, responsável pela condenação dos revolucionários.

A imagem de Tiradentes como herói foi construída com a Proclamação da República. Os republicanos desejavam exaltar as figuras de republicanos brasileiros em contraposição aos tempos de monarquia e, por causa disso, Tiradentes foi escolhido pelo caráter da sua condenação. Republicano convicto, Tiradentes foi exaltado como um mártir do movimento republicano e, portanto, um herói nacional.

Em consequência disso, o dia de sua execução, 21 de abril, foi estabelecido como feriado, e sua imagem passou a ser retratada, muitas vezes, parecida com a de Cristo crucificado, uma forma de relacionar Tiradentes como mártir e herói.


Fonte: Brasil Escola

21 DE ABRIL - ANIVERSÁRIO DE BRASILIA

Capital da República Federativa do Brasil, Brasília é a sede de governo do Distrito Federal, sendo a quarta cidade brasileira mais populosa. No censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010, sua população é de 2 562 963 de habitantes. Brasília também possui o segundo maior PIB per capita do Brasil (40 696,00 reais) entre as capitais, superada apenas por Vitória (60 592,00 reais). Junto com Anápolis (139 km) e Goiânia (209 km), faz do eixo Goiânia-Anápolis-Brasília a região mais desenvolvida do Centro-Oeste brasileiro.
Inaugurada em 21 de abril de 1960, pelo então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, Brasília é a terceira capital do Brasil, após Salvador e Rio de Janeiro. A transferência dos principais órgãos da administração federal para a nova capital foi progressiva, com a mudança das sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário federais.

O plano urbanístico da capital, conhecido como "Plano Piloto", foi elaborado pelo urbanista Lúcio Costa, que, aproveitando o relevo da região, o adequou ao projeto do lago Paranoá, concebido em 1893 pela Missão Cruls. O lago armazena 600 milhões de metros cúbicos de água. Muitas das construções da Capital Federal foram projetadas pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer.

Gentílico

Brasiliense é o nome que se dá a quem nasceu em Brasília. Candango, que é às vezes utilizado para designar os brasilienses, foi originalmente usada para se referir aos trabalhadores que, em sua maioria proveniente do Nordeste, migravam à futura capital para sua construção. Uma das vertentes diz que o termo "candango" era usado pelos africanos para designar os portugueses.

Fonte: Portal escolar.net

segunda-feira, 20 de abril de 2020

A CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA

A Construção de Brasília ocorreu entre os anos de 1956 a 1960. A mudança da capital do Brasil, do Rio de Janeiro para o Planalto Central, requereu uma enorme quantidade de recursos financeiros, materiais e humanos. 

O presidente Juscelino Kubitschek, no entanto, usou-a como propaganda nacionalista e modernista, a fim de exaltar seu governo. Brasília, além de capital do Brasil, também é a sede do Distrito Federal. 

A ideia de transferir a capital do Brasil para o interior já estava prevista na Constituição de 1891. Em 1892, o belga Louis Cruls, assinalou um território no Planalto Central, entre nascentes de rios que seria ideal para a construção do novo centro político.

Também havia a profecia de são João Bosco, apontando para espaço compreendido entre os paralelos 15 e 20 como o lugar do nascimento de uma nova civilização.

O fato é que JK buscava um lugar afastado do Rio de Janeiro e no meio do deserto por motivos geopolíticos: a capital não estaria tão vulnerável em caso de guerra, a pressão popular sobre o governo seria menor, a nova capital iria contribuir para a ocupação do interior brasileiro.

Desta maneira, a construção de Brasília estava integrada no Plano de Metas proposto pelo presidente durante a campanha eleitoral.

Contexto Histórico 

A Europa e os Estados Unidos viviam um período de recuperação econômica após a Segunda Guerra Mundial. Os ventos do otimismo chegavam ao Brasil, com investimentos na indústria de transformação.
A década de 50 ainda traria o primeiro título em Copa do Mundo ao Brasil, em 58. Igualmente, a bossa nova passa a ser a música nacional e a trilha sonora desta época.

Construção 
Apesar das críticas, de políticos como Carlos Lacerda, a oposição aprovou o plano e deu carta branca a JK para fazê-lo. O projeto para a nova cidade foi escolhido através de concurso público. O plano vencedor foi o do arquiteto carioca Lúcio Costa, enquanto Oscar Niemeyer seria o responsável pelo projeto dos edifícios.

Assim começou a mobilização de materiais, trabalhadores e recursos para erguer a cidade no deserto. Todas essas ações eram comandadas pela empresa NOVACAP, presidida por Israel Pinheiro. A estrutura principal de Brasília, o chamado Plano Piloto, ficou pronta em apenas quatro anos.

Calcula-se que a cidade tenha atraído cerca de 60.000 operários vindos de todo o Brasil. Esses trabalhadores ficaram conhecidos como “candangos”. Para abrigá-los foram construídos barracões com estruturas mínimas de comodidade. Em 1957, o entorno de Brasília já contava com mais de 12.000 habitantes.

Ainda com muito por fazer, a nova capital foi inaugurada em 21 de abril de 1960 em meio a uma grande festa. Nos anos seguintes, ministérios, embaixadas e demais órgãos políticos deixariam o Rio de Janeiro e se instalariam definitivamente na nova capital brasileira.

Custo Material e Humano 
Seis meses antes do fim das obras, a verba destinada à construção de Brasília havia terminado. Sem conseguir empréstimos junto ao FMI, o presidente vendeu títulos da dívida pública e emitiu moeda. Esses dois fatos acarretaram o aumento da inflação e do custo de vida. Em 1969, calcula-se que Brasília teria custado mais de 45 bilhões de dólares.

Os trabalhadores também sofriam pressão de todos os tipos para apressar a construção. Desde a jornada de dois turnos até a retenção de pagamento e cortes de água. Não havia equipamentos de proteção específicos e estima-se que mais de três mil operários tenham morrido durante as obras.


Fonte: Toda Matéria

ARQUEÓLOGOS DESCOBREM IGREJA DO SÉCULO 13 EM CIDADE MEDIEVAL DA BULGÁRIA

A cidade medieval de Cherven, datada de 1422 d.C e localizada na Bulgária, era desconhecida até pouco tempo. Após a descoberta no século 20, diversos arqueólogos escavaram o local a fim de procurar objetos da época. Agora, especialistas encontraram uma igreja cristã decorada com murais antigos. 

"A exposição completa do edifício da igreja levou à descoberta de uma camada preservada de murais nas paredes do templo", disse o porta-voz do Museu Regional de História na cidade do Danúbio, em Ruse.

Além disso, ele acrescentou que os fragmentos de afrescos preservados são partes de uma cortina pintada, assim como a cena parcialmente preservada com figuras de santos guerreiros.

Devido ao valor simbólico, os murais encontrados foram encaminhados a um laboratório de conservação. Nos próximos meses, os especialistas serão responsáveis pela restauração dos objetos antigos que, posteriormente, serão expostos no Museu Regional.

Fonte: Revista Aventuras na História

domingo, 19 de abril de 2020

ÍNDIOS CHEGARAM HÁ 40 MIL ANOS

Quando a frota de Pedro Álvares Cabral chegou ao continente americano, em 1500, a região que hoje se chama Brasil era habitada por cerca de 5 milhões de índios. O número foi caindo de forma bastante dramática durante a colonização portuguesa e mesmo no século 20.

Hoje estima-se que os índios brasileiros não passem de 325 mil – menos de 0,2% da população brasileira. Os dados mostram que a redução da população indígena foi revertida.  Em 1985, os povos indígenas eram ainda menos numerosos – somavam 220 mil indivíduos, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio).


Origem 
A hipótese mais aceita para explicar a origem dos índios brasileiros é a de que eles são descendentes de povos asiáticos que atravessaram o estreito de Bering há 62 mil anos. Estudos arqueológicos recentes estabelecem a chegada dos primeiros habitantes do Brasil à Bahia e ao Piauí entre 20 mil e 40 mil anos atrás.

É impossível saber com certeza quantos índios habitavam o país quando Pedro Álvares Cabral Cabral aportou no sul da Bahia. As estimativas variam de 3,5 milhões a 8 milhões, mas o número mais aceito é 5 milhões.

Extermínio 
O extermínio da população indígena é atribuído a vários motivos, como a escravidão promovida pelos portugueses, epidemias, deslocamentos, confinamentos e, mais recentemente, conflitos com fazendeiros e garimpeiros e até suicídios. Em cinco séculos, 700 das 1.200 nações indígenas foram exterminadas.Segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, 55 povos desapareceram somente na primeira metade do século 20.


Calcula-se que ainda hoje existam cerca de 800 índios que optaram por viver em áreas de difícil acesso, sem contato com a civilização. As frentes de contato mantidas pela Funai confirmaram a existência de apenas 12 dos 53 grupos que se acredita que vivam isolados na região amazônica.


     Fonte: BBC Brasil


sexta-feira, 17 de abril de 2020

RIO MUNIM


O rio Munim é um curso de água que banha o estado do Maranhão, no Brasil. A bacia do rio Munim possui uma área de 15.918,04 km², correspondendo a 4,79% da área do Estado. 

O rio Munim nasce nos tabuleiros da Formação Barreiras, a nordeste de Caxias, na porção extremo-leste do estado do Maranhão. Tem como principais afluentes os rios Muquém, Iguará, Preto, Mocambo, Paulica, São Gonçalo, Raiz, Mocambo, Prata, Pirangi, Una, da Mata, Costa e Santana e deságua na baía de São José/Arraial, entre Axixá e Icatu, após um percurso de mais de 320 km. 

Banha as cidades de Aldeias Altas, Afonso Cunha, Coelho, Neto, Chapadinha, Vargem Grande, Nina Rodrigues, Presidente Vargas, Presidente Juscelino, Cachoeira Grande, Morros, Axixá e Icatu. A origem do nome do rio poderia ser do tupi monim ou má-ni: enrugado ou encrespado, o ondeado. 

Ocupa a região dos biomas Cerrado e Mata dos Cocais. O cerrado é constituído por árvores e arbustos com altura variando de três a quatro metros, com duas divisões: um arbóreo/arbustivo com árvores esparsas e retorcidas e outro herbáceo/gramíneo. As espécies mais comuns são: Araticum, Sucupira Preta, Murici, Bacuri, Pequi, Faveira, Ipê e Ipê Amarelo. As Palmáceas presentes são: a Carnaúba, o Buriti e o Babaçu

Na região de Chapadinha, foram encontradas 224 espécies de peixes, em estudos. As famílias com maior diversidade de espécies foram Characidae,Callichthyidae, Ariidae, Cichlidae, Carangidae, Sciaenidae, Carcharhinidae, todas com sete ou mais espécies. Alguns peixes do Munim são: mandi, piaba, piau, piranha, traíra, curimatá. Também foram registradas no município 30 espécies da herpetofauna, sendo 14 de anfíbios, 10 de lagartos, 6 de serpentes e 1 de jacaré. As espécies mais abundantes foram tijubina (Cnemidophorus ocellifer) e o calango (Tropidurus hispidus). 

Entre os mamíferos, foram vistos o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus), a lontra (Lontra longicaudis) e do gato-palheiro (Leopardus colocolo). Entre as aves estão os gaviões, inhambus, macuco e azulona; os cracídeos como aracuãs, mutuns, jacus e jacutinga; e os grandes frugívoros, como papagaios e tucanos, que vivem nas copas das árvores. 

Em 2008, foi criada a APA dos Morros Garapenses, com o objetivo de preservar o ecossistema do Cerrado maranhense e da Mata dos Cocais do Alto Munim e Baixo Parnaíba, bem como a Reserva Extrativista de Chapada Limpa, em 2007, no município de Chapadinha

A Área de Proteção Ambiental de Upaon-Açu - Miritiba - Alto Preguiças, criada em 1992, é uma extensa unidade de conservação abrange diversos ecossistemas, ocupando parte da ilha de Upaon-açu (mangues), a região de Bacabeira (Campo de Perizes), do baixo Munim e de Barreirinhas

Bastante assoreado, sofre as consequências dos desmatamentos e do uso indiscriminado do solo, extração de areia, queimadas, poluição, que tornam suas águas escassas e turvas, só adquirindo maior volume no baixo curso, já próximo à costa.


Fonte: Wikipédia