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quinta-feira, 30 de abril de 2020

O CASO DOS IRMÃOS NAVES: UM DOS MAIORES ERROS JUDICIÁRIOS DO BRASIL

A história que abrange o caso tem início em uma cidade do interior de Minas Gerais, chamada Araguari, próxima à Uberlândia. Tem-se como data do processo o ano de 1937, época em que o Brasil estava envolto em meio a ditadura Getulista.

A história, dentro desse contexto, origina-se com a acusação dos irmãos Sebastião Naves e Joaquim Naves, agricultores, pelo Tenente Francisco Vieira dos Santos, como responsáveis pela morte de seu primo, Benedito Pereira Caetano.

Benedito, a fim de investir em uma plantação de arroz, realizou muitos empréstimos. Quando da época da colheita e venda do acumulado, desaparecera, em uma festa de inauguração na cidade, levando consigo grande vulto em dinheiro procedente da safra.

Durante as investigações do sumiço de Benedito, nenhum vestígio do crime supostamente cometido pelos irmãos Naves foi encontrado. Não foi encontrado cadáver, nem mesmo o dinheiro carregado pela provável vítima.

Devido a isso, e a arrogância e insensatez pelo Tenente-Delegado Francisco Vieira dos Santos, inicia-se uma das mais tenebrosas e sombrias histórias que foram remetidas à tutela do Estado. O Tenente Francisco, para atestar sua convicção de que os irmãos eram os verdadeiros culpados pelo crime, forjou Provas contra eles. Além disso, os irmãos foram submetidos a intermináveis e brutais seções de tortura, violência e privação de liberdade a fim de que confessassem um crime que nunca existiu.

O advogado João Alamy Filho, a pedido da mãe dos Naves - que também sofreu com as arbitragens do Tenente -, ficou responsável pela defesa dos acusados, enfrentando o poder policial instituído pela Ditadura e juízes e amedrontados e coniventes com o Estado Novo.

Frente ao processo judicial, foi constatado que todas as decisões favoráveis aos réus tanto aquelas para que pudessem responder em liberdade, ou para serem soltos, quanto das absolvições, foram descumpridas pela polícia.

A prisão dos irmãos se deu até o cumprimento da pena (25 anos e seis meses de detenção). Os irmãos, após cumprir parte da pena foram postos em liberdade condicional (1946). Após a soltura, Joaquim Naves veio a falecer como indigente num asilo (1948) e Sebastião Naves acaba por reencontrar o “morto-vivo” Benedito em Nova Ponte-MG (1952).

O processo, devido aos fatos novos, é anulado e, pela primeira vez no Brasil, aos injustiçados é reconhecido o direito à uma indenização a ser paga pelo Estado (1960). Sendo essa, uma Decisão histórica.


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