O brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, 48, preso em um
bunker na penitenciária de Tacumbu, em Assunção, é agora o chefe do tráfico de
drogas na região, segundo investigação da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas)
do Paraguai.
Sucessor de Fernandinho Beira-Mar, posto
ambicionado antes por uma dezena de outros traficantes, Pavão se tornou o maior
fornecedor de cocaína para o Brasil. A guerra da qual saiu vencedor momentâneo
visa o controle de um negócio que gera um lucro líquido mensal de pelo menos
US$ 3 milhões, de acordo com o serviço de inteligência da polícia paraguaia.
Condenado no Brasil a 17 anos de prisão por lavagem
de dinheiro, Pavão fugiu para o Paraguai, onde foi preso em 2009 com outro
brasileiro, Carlos Antonio Caballero, o Capilho, chefe de uma das unidades do
PCC na fronteira entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS). Na penitenciária
onde cumpre pena de oito anos por tráfico, Pavão estreitou os laços com a
facção.
A Senad aponta Pavão como suspeito de ordenar o
assassinato de Rafaat. Um dos veículos usados no atentado ao traficante foi
encontrado em uma propriedade de Pavão em Pedro Juan Caballero, fronteira com o
Brasil.
Para a secretaria paraguaia, Pavão teve ajuda do
PCC para eliminar o maior concorrente. Rafaat estava jurado de morte pela
facção, segundo mensagens encontradas em um celular apreendido pelo órgão.
Introduzido na fronteira por Beira-Mar há 20 anos, o PCC tem aumentado a sua
atuação na região.
Nos últimos cinco anos, Rafaat e o PCC travaram uma
acirrada disputa pelo controle do narcotráfico e comércio de armas. Rafaat –que
dizia ser paraguaio, mas era registrado no Brasil– tinha uma rede de
informantes e usava armamento pesado para impedir a expansão da facção no
Paraguai.
O PCC reagiu na mesma medida. Para assassinar
Rafaat, 70 homens usaram fuzis e até uma metralhadora antiaérea.
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No mês passado, Rafaat caiu numa emboscada no
centro de Pedro Juan Caballero, a poucas quadras de Ponta Porã. Enquanto seus
30 seguranças trocavam tiros com os pistoleiros, a blindagem do jipe Hummer que
ele dirigia foi transpassada pelos projéteis da metralhadora. 50 instalada em uma
Toyota Fortuner roubada na Argentina. Rafaat foi atingido 16 vezes.
A operação teria custado em torno de US$ 1 milhão,
considerando a logística, o número de pistoleiros e o valor do arsenal
apreendido, conforme estimativas do serviço de inteligência da Senad.
Embora fosse traficante conhecido na região,
condenado no Brasil a 47 anos de prisão por tráfico de drogas e formação de
quadrilha, Rafaat transitava no Paraguai como próspero comerciante, lavando
dinheiro em empresas de vários ramos, segundo a investigação.
Rafaat usava portos privados e pistas clandestinas
para escoar a cocaína da Colômbia e da Bolívia. Foi um dos mais bem-sucedidos
entre os narcotraficantes que ocuparam o vazio deixado por Beira-Mar após sua
prisão.
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Fonte: Folha.com