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quinta-feira, 7 de julho de 2016

GUERRA NA FRONTEIRA DO BRASIL COM O PARAGUAI MUDA CONTROLE DA DROGA

assassinato do rival Jorge Rafaat Toumani com armas de guerra, no mês passado, marcou o início de um novo domínio na fronteira do Brasil com o Paraguai.

O brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, 48, preso em um bunker na penitenciária de Tacumbu, em Assunção, é agora o chefe do tráfico de drogas na região, segundo investigação da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai.

Sucessor de Fernandinho Beira-Mar, posto ambicionado antes por uma dezena de outros traficantes, Pavão se tornou o maior fornecedor de cocaína para o Brasil. A guerra da qual saiu vencedor momentâneo visa o controle de um negócio que gera um lucro líquido mensal de pelo menos US$ 3 milhões, de acordo com o serviço de inteligência da polícia paraguaia.

Condenado no Brasil a 17 anos de prisão por lavagem de dinheiro, Pavão fugiu para o Paraguai, onde foi preso em 2009 com outro brasileiro, Carlos Antonio Caballero, o Capilho, chefe de uma das unidades do PCC na fronteira entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS). Na penitenciária onde cumpre pena de oito anos por tráfico, Pavão estreitou os laços com a facção.

A Senad aponta Pavão como suspeito de ordenar o assassinato de Rafaat. Um dos veículos usados no atentado ao traficante foi encontrado em uma propriedade de Pavão em Pedro Juan Caballero, fronteira com o Brasil.

Para a secretaria paraguaia, Pavão teve ajuda do PCC para eliminar o maior concorrente. Rafaat estava jurado de morte pela facção, segundo mensagens encontradas em um celular apreendido pelo órgão. Introduzido na fronteira por Beira-Mar há 20 anos, o PCC tem aumentado a sua atuação na região.

Nos últimos cinco anos, Rafaat e o PCC travaram uma acirrada disputa pelo controle do narcotráfico e comércio de armas. Rafaat –que dizia ser paraguaio, mas era registrado no Brasil– tinha uma rede de informantes e usava armamento pesado para impedir a expansão da facção no Paraguai.

O PCC reagiu na mesma medida. Para assassinar Rafaat, 70 homens usaram fuzis e até uma metralhadora antiaérea.
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No mês passado, Rafaat caiu numa emboscada no centro de Pedro Juan Caballero, a poucas quadras de Ponta Porã. Enquanto seus 30 seguranças trocavam tiros com os pistoleiros, a blindagem do jipe Hummer que ele dirigia foi transpassada pelos projéteis da metralhadora. 50 instalada em uma Toyota Fortuner roubada na Argentina. Rafaat foi atingido 16 vezes.

A operação teria custado em torno de US$ 1 milhão, considerando a logística, o número de pistoleiros e o valor do arsenal apreendido, conforme estimativas do serviço de inteligência da Senad.

Embora fosse traficante conhecido na região, condenado no Brasil a 47 anos de prisão por tráfico de drogas e formação de quadrilha, Rafaat transitava no Paraguai como próspero comerciante, lavando dinheiro em empresas de vários ramos, segundo a investigação.

Rafaat usava portos privados e pistas clandestinas para escoar a cocaína da Colômbia e da Bolívia. Foi um dos mais bem-sucedidos entre os narcotraficantes que ocuparam o vazio deixado por Beira-Mar após sua prisão.

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Fonte: Folha.com

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