A prefeitura de Afonso Cunha, sob a gestão de Arquimedes Bacelar, do PDT, é mais uma das que estão envolvidas na fraude de serviços de saúde para recebimento
de recursos do “orçamento secreto” conforme reportagem desta semana publicada pela revista piauí sob o título Farra ilimitada.
De acordo com a reportagem de autoria do jornalista Breno Pires, o prefeito da cidade de 6,6 mil habitantes se incomoda bastante com a presença de repórteres em “seu”
município.
Assim que soube que a piauí estava na cidade para avaliar as ações na área da saúde, Arquimedes Bacelar disse pelo telefone celular que não queria falar nada e perguntou qual “adversário
político” estava por trás da visita.
Mas sua irmã, Analídia Bacelar, titular da Secretaria de Saúde, fez questão de contar como o município conseguiu 4,7 milhões de reais em 2021. “É garimpar, como a gente chama. É garimpar recursos. É buscar e ir pegar. É como se fosse buscar ouro. É fazer uma busca mesmo. Na hora certa, o orçamento abre”, disse. Quem faz esse trabalho, segundo ela, é o seu irmão. “Ele sabe o caminho das pedras.”
Afonso Cunha informou ao SUS que fez 221,4 mil consultas com especialistas em 2020 – 33 por habitante. É uma centena de vezes mais do que o registrado no ano anterior. (Em 2021,
subiu ainda mais: 356 mil consultas, chegando a uma média espetacular de 54 por habitante.) Também informou que fez exatamente 11.391 ultrassonografias transvaginais, um exame preventivo que costuma ser feito
anualmente. Dá seis exames transvaginais por ano para cada mulher com 15 anos ou mais.
E informou ter feito exatamente 11.391 ultrassonografias de próstata via abdominal no ano – média de dezessete para cada homem com 40 anos ou mais. Em 2021, a prefeitura
deu um número ainda maior e – mais uma vez – idêntico para os dois procedimentos: 18 474 transvaginais e 18.474 exames de próstata.
Segundo a secretária de Saúde, o esforço de “garimpar” emendas ultrapassa os limites do Maranhão. Afonso Cunha, diz ela, recebeu recursos enviados até
por uma deputada do Pará. “Não lembro o nome dela, mas é do Pará.” Ela exibe a Unidade Básica de Saúde, que acabou de passar por uma reforma. A secretária está
acompanhada por um rapaz que se apresentou como secretário de Obras, encarregado de fotografar e filmar todos os movimentos da reportagem. Ela é expansiva e parece à vontade para falar. Mostra a sala de
trabalho onde a equipe da prefeitura preenche os dados de procedimentos e envia para o SUS. “Aqui é o coração”, anuncia.
A certa altura, não se inibe de revelar que as consultas médicas são prestadas por profissionais vinculados ao governo do estado – o que, naturalmente, não
deveria constar nos dados informados ao SUS como serviço oferecido pela prefeitura. É mais um indício de que os dados levados ao SUS não são regulares.
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Fonte: Blog do Domingos Costa
Imagem: Facebook