O massacre de Katyn foi
o genocídio de oficiais poloneses cometido
pela União Soviética entre abril e maio de 1940, na Segunda Guerra Mundial. O massacre recebeu esse nome porque muitos dos
oficiais poloneses foram mortos na floresta de Katyn, perto da cidade
de Smolensk, que fica entre a Polônia e Belarus. É atribuída também a
esse processo a extradição dos familiares dos mortos para campos de
trabalho forçado no Cazaquistão.
O Massacre de Katyn está inserido no
contexto da invasão polonesa realizada por alemães e soviéticos durante a Segunda Guerra
Mundial. Poucos dias antes da invasão alemã, que aconteceu no dia 1º, Alemanha
e União Soviética assinaram um pacto de não agressão, também conhecido
como Pacto Molotov-Ribbentrop. A assinatura do pacto foi uma grande surpresa na
época, pois, esperava-se um confronto entre as duas nações em caso de guerra.
O pacto assinado estipulava que Alemanha e União
Soviética não se enfrentariam em caso de guerra na Europa e, em cláusulas
secretas, também garantia a expansão das duas nações a partir da invasão de
outros territórios. No caso da Polônia, o acordou determinou
a divisão da nação entre alemães e soviéticos.
A invasão soviética na Polônia iniciou-se no dia 17 de
setembro (a alemã começou no dia 1º) de 1939. Cerca de 500 mil soldados
soviéticos cruzaram a fronteira leste da Polônia e, segundo o historiador
Timothy Snyder, deram a seguinte justificativa para a invasão: “Os soviéticos afirmavam que sua intervenção era
necessária porque o Estado polonês cessara de existir. Já que a Polônia não
conseguia mais proteger os próprios cidadãos, sustentava o argumento, o
Exército Vermelho tinha que entrar no país em missão de manutenção de paz. As
importantes minorias ucraniana e bielorrussa, dizia a propaganda soviética,
encontravam-se particularmente necessitadas de socorro”.
Muitos soldados poloneses que haviam recuado para o
leste da Polônia por causa do avanço dos exércitos alemães foram obrigados a se
render aos soldados soviéticos. Iniciava aí um processo
de deportação de soldados poloneses para a União Soviética. Timothy
Snyder afirma que cerca de 100.000 soldados poloneses foram mandados para a
União Soviética e cerca de 15.000 eram oficiais do exército polonês.
Massacre de Katyn
Dos 100.000 enviados, somente não foram libertados os
15.000 oficiais. Muitos dos oficiais poloneses estavam na reserva do exército e
faziam parte da intelligentsia, ou seja, da elite intelectual
polonesa. Snyder fala em “milhares de médicos, advogados, cientistas,
professores e políticos” retirados da Polônia.
Todos os oficiais poloneses foram colocados em três
campos de prisioneiros: Starobilsk, na Ucrânia,
e Kozelsk e Ostashkov, ambos na Rússia. Além dos oficiais em
campos de prisioneiros, a União Soviética deportou milhares de cidadãos
poloneses para campos de trabalho forçado, as Gulags.
Em março de 1940, Lavrenti Beria, chefe da
NKVD (polícia secreta), propôs a Stalin, o ditador da União Soviética,
que todos os prisioneiros (os oficiais) deveriam morrer. Beria
sugeriu para Stalin que todos os oficiais representavam riscos para a União
Soviética com a teoria de que “organizações contrarrevolucionárias nos novos
territórios soviéticos eram comandadas por antigos oficiais”. A partir dessa
argumentação, Stalin aprovou o pedido de Beria e deu início ao massacre dos
prisioneiros poloneses.
Ao todo, 21.892 poloneses instalados nos
três campos de prisioneiros foram condenados à morte. Muitos prisioneiros
acreditavam que seriam libertados ou que seriam nomeados para trabalhar em nome
do Estado soviético. Em grupos limitados, os prisioneiros eram levados para
diferentes locais para serem assassinados. O relato a seguir aborda como os
poloneses instalados em Kozelsk morreram: “Em grupos de pouco mais de cem a cada vez, os
prisioneiros eram levados de trem, passando por Smolensk até a estação menor em
Gniazdovo. Lá, eles desembarcaram do trem em meio a um cordão de isolamento de
soldados da NKVD com as baionetas caladas. Cerca de trinta deles por vez
entraram num ônibus que os transportou até uma colina a que chamavam Monte das
Cabras, à margem da floresta de Katyn. Ali, numa instalação do NKVD, eles foram
revistados e despojados de seus objetos de valor. […] Os prisioneiros eram
levados para um prédio do complexo e em seguida fuzilados. Os corpos eram então
carregados, provavelmente de caminhão, trinta por vez, até uma vala comum que
havia sido cavada na floresta”.
Beria ordenou também a deportação das famílias dos
oficiais mortos para o Cazaquistão. A NKVD sabia o endereço das famílias de
cada prisioneiro e, assim, conseguiu deportar por volta
de 60.000 pessoas.
O massacre de Katyn só foi internacionalmente
conhecido após a invasão da União Soviética pela Alemanha. As valas comuns
utilizadas pelos soviéticos para enterrar os mortos foram encontradas pelos
exércitos alemães, que utilizaram do fato para fazer propaganda contra o regime
stalinista. O caso, apesar de ser considerado hoje um crime de
guerra, não foi julgado após o fim da Segunda Guerra Mundial e só foi
internacionalmente reconhecido pela Rússia em 2010.
Fonte: Brasil Escola
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