Ultimamente, diversos historiadores refutam a
ideia de que o Brasil tenha sido descoberto em 1500 pela esquadra liderada
por Pedro Álvares Cabral. Essa revisão sobre o fato usualmente se sustenta
no momento em que se destaca o grau de desenvolvimento tecnológico, o controle
de informações realizado pelo governo português e a preocupação em se revisar
os limites coloniais com a assinatura do Tratado
de Tordesilhas.
Para compreendermos melhor essa questão, é necessário
que observemos alguns episódios anteriores ao anúncio das terras brasileiras.
No início de 1500, a Coroa Portuguesa enviou uma expedição que deveria buscar
mais um precioso carregamento de especiarias vindo de Calicute, Índia. Essa
nova empreitada marítima seria liderada pelo experimente navegador Pedro
Álvares Cabral e contaria com a presença do cosmógrafo Duarte Pacheco Pereira.
Mudança de rota
De acordo com alguns especialistas, Pacheco teria
participado de uma expedição secreta que, em 1498, teria constatado a
existência das terras brasileiras. Antes da partida, o rei Dom Manuel I organizou
uma grande festividade para celebrar a ida dos bravos navegadores que se
lançariam às águas do Oceano Atlântico. Depois de celebrar a partida, os
navegadores se afastaram da costa africana, contrariando a tradicional
rota de circum-navegação daquele continente.
A ação tomada nunca teve uma clara explicação, mas, se
tratando de uma esquadra composta por experientes navegadores, seria, no
mínimo, estranho se lançarem a um tipo de empreitada ausente de qualquer outra
segurança. Além disso, devemos salientar que as rotas utilizadas para a
navegação eram de extremo sigilo, pois garantiam a supremacia e os
interesses comerciais de uma determinada nação. Dessa forma, a ideia do
encontro acidental perde ainda mais força.
Encontro sem muitas surpresas
Os relatos dessa viagem de Cabral pelo Oceano
Atlântico não fazem menção a nenhum tipo de grande dificuldade ou imprevisto.
No dia 22 de março, os navegadores passaram pelo arquipélago de Cabo Verde
e, logo depois, rumaram para o oeste ao encontro do “mar longo”, nome
costumeiramente dado ao Oceano Atlântico. Após um mês de viagem e
aproximadamente 3600 quilômetros percorridos, os tripulantes da expedição
cabralina encontraram os primeiros sinais de terra.
No dia 22 de abril de 1500, no oitavo dia da
páscoa cristã, os tripulantes tiveram um primeiro contato visual com um elevado
que logo ganhou o nome de Monte Pascoal. Nos relatos de Pero Vaz de
Caminha, um dos integrantes da viagem, esse nome é refutado quando o “biógrafo
da viagem” afirma que a região ganhou o nome de Vera Cruz. Ao longo desse mesmo
relato, não existe nenhuma menção sobre um possível encantamento com a “nova”
descoberta.
Os navios decidiram primeiramente aportar
nas margens do Rio Frade, de onde enviaram um tradutor judeu chamado Gaspar
Gama para entrar em contato com os nativos. Depois de um primeiro contato com
os índios, a esquadra decidiu aportar em uma região mais segura, onde hoje se
localiza o município baiano de Santa Cruz Cabrália. Em terra firme, os
colonizadores lusitanos organizaram uma missa pascoal dirigida pelo Frei
Henrique de Coimbra.
A celebração, que oficializou a descoberta e novas
terras, cingiu a conquista material da Coroa Portuguesa e abriu
caminho para mais espaço de conversão religiosa para a Igreja.
Em um primeiro momento, a terra ganhou o nome de Vera Cruz, mas logo foi substituído
por Terra de Santa Cruz. Em uma última modificação do nome das novas
terras, os colonizadores lusitanos decidiram nomeá-la como “Brasil” em face da
grande disponibilidade de pau-brasil na região.
No dia 2 de maio de 1500, Pedro Álvares Cabral desmembrou
a sua esquadra e partiu para as Índias. Gaspar de Lemos recebeu ordens para que
retornasse para Portugal portando as notícias contidas no relato de Pero Vaz de
Caminha. Nesse documento, havia informações gerais sobre a região explorada e
algumas prospecções sobre o potencial econômico local. No entanto, somente três
décadas mais tarde, os portugueses iniciaram as atividades regulares de colonização
no Brasil.
Fonte: Brasil Escola
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