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domingo, 1 de outubro de 2017

COLUNA DO LÁZARO ALBUQUERQUE: ELE ESTÁ DE OLHO É NA BUTIQUE DELA

CRÔNICA DO DOMINGO
ELE ESTÁ DE OLHO É NA BUTIQUE DELA
Lázaro Albuquerque Matos

Hoje, tenho um ponto de vista a perder de vista. Quem não conhece Severina Xique-xique? Aquela que botou uma butique para a vida melhorar. Somos todos: eu, tu e ele uma grande Severina – maior do que a barriga de Genival Lacerda, seu criador. E a vida é uma grande butique de cosmético ilusório. Vende-se ilusão como vendem-se batom, calçado e roupa em uma butique, sem se falar em cueca e calcinha.
A butique da Severina de Genival Lacerda despertava o interesse do olhar de todos. Não pelo estoque de bugigangas à venda na butique, mas pela própria butique: o atributo patrimonial da dona. Logo ali, na esquina, apareceu Pedro Caroço – malicioso todo –, que ficava acenando para Severina, de olho na butique dela.
Como a vida é uma grande butique, butique não é um monopólio de Severina, pois. Eu também botei a minha. Mas ninguém ficou de olho nela, como na de Severina. Pensei logo: será porque butique é coisa de mulher, pincipalmente, se ela tem um grande atributo como patrimônio para o negócio. Será que isso atrai fregueses olhudos? Não sei. Será que butique é só mesmo coisa de mulher para mulher. Também não sei. Cheguemos à minha butique, um negócio de homem para homem!
Com o sucesso da música de Genival Lacerda, juntei capital e boi uma butique, para a vida melhorar. Mas, antes, fui aconselhado por um amigo para não fazer isso. O amigo: “ Lázaro, em vez de butique, bota uma lavanderia”. Lavanderia! Pensei com meus botões. Não, isso não. Uma lavanderia só serve para lavar roupa suja ou dinheiro. Isso não é comigo. Depois, isso pode virar um lava-jato. Ou cair na “Lava-jato”. Expliquei ao amigo. Fiquei mesmo com a butique. E montei o estoque na prateleira. E tome ilusão! Foi isso que pus à venda na minha butique, sem medo de quebrar. Mas quebrei feio: vender ilusão não dar lucro. Não se iluda!
Sem conseguir ser a Severina Xique-xique da butique da música de Genival Lacerda, tornei-me num Severino do poema de João Cabral de Melo Neto. Para não deixar dúvida, como deixaram os tantos Severinos com o nome da mãe, no poema de João Cabral, eu disse logo: sou o Severino da Zeferina de Duque Bacelar. Esse era o nome de minha mãe querida, conhecida como Princesa. Fui viver, então, a “Vida e Morte Severina” de um sertanejo retirante. Um retirante da grande butique do Brasil: a política. Todo mundo está de olho nela! 
Por que um retirante, de vida política Severina? Porque o estoque de minha butique política da ilusão foi a zero, em Duque Bacelar, e por não poder renová-lo mais, pois vendi tudo fiado, e não recebi. Com isso, eu não tive como não cerrar as portas e bater a poeira da prateleira. Vender ilusão, em butique política, tem limite e não é um bom negócio. 
O que eu vendia na minha butique política era uma mercadoria de palanque: ilusão. E o pior, eu só vendia o que os outros iam entrar; não eu. Assim, deixei de ser o cavaleiro da ilusão política, ou o vendedor dela. Se na política de Duque Bacelar, não sei. Mas sei que é na política.
Agora, só me dou ao trabalho de ouvir Genival Lacerda, com seu barrigão, cheio de mungangos, cantar para a política Severina: ELE ESTÁ DE OLHO É NA BUTIQUE DELA.

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