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quarta-feira, 7 de março de 2018

EVASÃO, INIMIGA DA EDUCAÇÃO

Reportagem publicada nesta semana, pela versão brasileira do jornal espanhol El País, a partir de dados Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), revelou que o Brasil, na lista de ranking mundial de investimento em educação, só fica à frente do México, numa lista de 36 países.

E, se há um ponto fulcral a ser enfrentando, constata a reportagem, essa passa necessariamente pela reforma do Ensino Médio, cujas matrículas na rede pública diminuem ano a ano, com assustadores 60% de evasão, já constatados. Este número se refere à finalização do ensino médio. Dito de outro modo: de dez alunos que iniciam esta etapa de formação, apenas 4 a finalizam.

A questão, no entanto, afirma alguns especialistas, começa na base de tudo: o ensino fundamental. Isto porque o aluno chega ao ensino médio com enormes déficits de conhecimento nas matérias básicas. Logo, o desempenho destes alunos no principal teste mundial, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), revela uma queda constante no ranking, ano a ano, nos itens avaliados: ciências, leitura e matemática. Em 2016, dos setenta países avaliados, o Brasil ficou em 63ª lugar, em ciências, 59ª, em leitura e na 66ª colocação, em matemática.

Nesta semana, o noticiário nacional destacou, com ênfase, algo eu diria assustador. Pesquisa do Banco Mundial, apresentada em relatório sobre educação, mostrou que os alunos brasileiros levarão – a não se fazer nada ou pouco, cosmeticamente como se tem feito até aqui – 75 anos para se igualarem em conhecimentos de matemática com os países desenvolvidos e inacreditáveis 260 anos para se igualar em leitura.

A evasão escolar no ensino médio, por diversas razões, inclusive a entrada no mercado de trabalho subqualificado, chegou a 12,7%, especialmente no primeiro ano. Esta é uma média nacional. As conhecidas diferenças regionais mostram estados em que este índice é bem maior. A pesquisa realizada ano passado, também indicou que houve discreto decréscimo na evasão, ainda que, nos anos subsequentes, essa prática continuou.

Outro reflexo, que instituições voltadas para a educação detectaram, é que apenas 17% dos egressos do ensino médio entram na faculdade. Os demais 83% vão para o mercado de trabalha de baixíssima remuneração.

Texto: Natalino Salgado Filho, ex-reitor da UFMA

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