Em 19 de novembro de 1937, uma coluna de fumaça preta
subiu aos céus de Salvador, intrigando os moradores locais. Não era incêndio,
apenas uma fogueira. O combustível? Livros, milhares deles.
Apenas nove dias antes, Getúlio Vargas havia
dado um golpe de Estado. Inaugurou a ditadura do
Estado Novo, um regime populista com características protofascistas.
Dos 1.827 livros queimados naquele dia, quase todos
eram de autoria de Jorge Amado. Comunista convicto,
o escritor costumava inserir elementos considerados subversivos em suas obras,
como a luta de classes, ao mesmo tempo que misturava com uma prosa leve e
fluida que exaltava, principalmente, o povo baiano.
Já Getúlio Vargas buscava eliminar a ameaça
vermelha de qualquer maneira. O famoso Plano Cohen, uma das mais famosas fake
news da história do Brasil, dizia que os comunistas estavam se preparando para
tomar o poder e, por isso, o sistema precisava ser recrudescido, sendo a
desculpa perfeita pro golpe que gerou o Estado Novo. Foi essa, também, a justificativa
dada pelo regime para a queima dos livros, alegando que eles propagavam o
comunismo.
A Intentona Comunista,
um levante militar organizado pelo Partido Comunista Brasileiro dois anos antes
no Rio de Janeiro, também dificultou a vida de diversos pensadores e
intelectuais opostos ao regime, não importando se eram ou não filiados ao
partido.
Jorge Amado foi processado, chegou a ser preso
mais de uma vez e exilado. Inclusive, estava preso no momento em que seus
livros, principalmente o recém-lançado Capitães da Areia, viravam cinzas.
Fonte: AH
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